Empresários chineses querem investir em infra-estrutura no Brasil, possibilitando o escoamento de produtos pelo Pacífico. Um estudo encomendado pela Bolsa de Mercadoria e Futuros (BM&F) mostra que são necessários US$ 9 bilhões para efetivar esta saída. Com o novo corredor, a expectativa é que o Brasil poderá dobrar a produção de grãos, que atualmente é de 120,1 milhões de toneladas. Outro mercado a ser explorado pelo Brasil é o de carnes, pois o consumo per capita naquele país é baixíssimo.
O estudo será apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que segue viagem para a China no próximo fim de semana, acompanhado de uma comitiva de empresários brasileiros. A proposta da BM&F, apresentada ontem no seminário “Oportunidades de Investimento Brasil-China, é criar um fundo de investimento privado, formado pelos países atendidos pelo corredor.
Segundo o secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Mário Mugnaini, a criação deste corredor, que poderia usar portos no Peru ou no Chile, diminuiria em 15 dias o tráfego para a Ásia. Mugnaini disse que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderá financiar parte dos investimentos para a saída pelo Pacífico. Está em estudo com o Peru o financiamento também por meio da Cooperação Andina de Fomento. Aquele país está avaliando o uso do modelo brasileiro de Parceria Público-Privado (PPP). O secretário-executivo acredita que, a partir de 2005, o governo brasileiro comece a investir nas obras do corredor.
De acordo com o presidente da BM&F, Manoel Félix Cintra Neto, há interesse de empreiteiras, inclusive chinesas, em investir na abertura pelo Pacífico. Estima-se que dos US$ 9 bilhões necessários, mais da metade viria de empresários chineses. “A saída pelo Pacífico tem de ser um projeto de governo”, disse Cintra Neto.
Segundo o presidente da BM&F, com essas obras haveria uma maior ocupação do Oeste brasileiro, aumento da produção de grãos e das relações comerciais com os países andinos, além da diminuição do problema de escoamento da safra.
O embaixador da China no Brasil, Jiang Yuande, afirmou que é um grande projeto estratégico investir em infra-estrutura no País. Ele disse que há interesse também de empresários chineses cultivarem soja e criarem gado no Brasil. Provavelmente, a região a ser escolhida é a de fronteira agrícola.
Maior valor agregado
Outro mercado a ser explorado pelo Brasil, segundo Mugnaini, é o de carnes, pois o consumo per capita naquele ainda é pequeno. O secretário-executivo da Camex disse ainda que o Brasil deve investir em agregar valor aos produtos do agronegócio exportados para a China e incentivar a formação de joint-ventures entre os dois países.
“Não vamos nos contentar em ser apenas fornecedores de grãos”, disse Mugnaini. Presente ao encontro, o vice-presidente do International Finance Corporation (IFC), Assaad Jabre, disse que a instituição está disposta a financiar e auxiliar empresários dos dois países a formarem parcerias de negócios.
O embaixador chinês garantiu que, apesar do menor crescimento econômico da China, registrado este ano – cerca de 7% – a expectativa é que o comércio bilateral continue em expansão. Este ano, as relações internacionais entre os dois países devem movimentar US$ 10 bilhões ante aos US$ 7 bilhões registrados em 2003. A maior parte deste volume foi na comercialização de soja, minério de ferro, tabaco e madeira.
O embaixador disse ainda que, até 2020, a China deverá manter seu ritmo de crescimento, aprofundando as relações com o Brasil, que hoje representa apenas 1% do comércio daquele país.
Fonte: Gazeta Mercantil (Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint