O ministro da Agricultura do Canadá, Lyle Vanclief, tem ameaçado adiar os planos de uma nova compensação, em torno de Cdn$ 100 milhões (US$ 76,23 milhões), aos produtores de carne bovina do país, que passam por dificuldades devido ao surgimento de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), a doença da “vaca louca”, no país, a 20 de maio.
Ele disse que a indústria e os donos de ações das províncias não podem estabelecer como o programa funcionará e reclamou que os frigoríficos têm explorado o programa e negado seus benefícios: “Se não há acordo sobre como o programa trabalhará, nós não o faremos. É óbvio que os frigoríficos têm tirado vantagem dos pagadores de impostos e do dinheiro federal e das províncias, e os produtores de carne não têm obtido benefícios”.
A província de Ottawa tenta montar um pacote de auxílio, no valor citado acima, para estimular os produtores de carne bovina a destruir ou reduzir seus rebanhos de bovinos velhos, que têm crescido desde a descoberta do caso de EEB. As províncias deverão auxiliar nos custos deste pacote de Ottawa.
Depois de o programa de compensação ter sido anunciado na semana passada, Vanclief disse que os frigoríficos reduziram os preços que pretendem pagar pela carne. Isso destrói os benefícios do programa federal de auxílio aos produtores, segundo o ministro. “Talvez não haja programa e, então, os frigoríficos pagarão o que devem pagar”.
Vanclief disse que os frigoríficos poderão esquivar-se das carnes oriundas de animais mais velhos com o corte de preços, porque poucos compradores querem carne desses animais.
O vice-presidente executivo da Associação Canadense de Produtores de Carne, Dennis Laycraft, disse que as reduções dos preços feitas pelos frigoríficos não poderiam ser apoiadas. De fato, os programas de compensação do governo lançados no verão tiveram o mesmo efeito: colocaram os produtores de carne em desvantagem em relação aos frigoríficos. Isso porque a compensação aos produtores foi ligada a um prazo final para abate, sem levar em consideração se havia mercado para essas carnes, o que levou à redução dos preços pelos frigoríficos.
Laycraft disse que é necessário um programa de “mercado neutro” que permita aos produtores escolher quando seus animais serão abatidos, o que evitaria uma grande quantidade de animais chegar ao mercado ao mesmo tempo.
O grande problema no programa de compensação começou quando o Senado dos EUA tentou bloquear a reabertura da fronteira às importações de bovinos vivos canadenses. No começo da semana passada, o Senado determinou uma resolução não-obrigatória solicitando que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) adiasse a permissão de entrada de bovinos vivos jovens do Canadá no país.
Em sua proposta, o democrata de Dakota do Norte. Byron Dorgan, disse que a redução da barreira representa um risco “potencialmente devastador” à indústria pecuária dos EUA. No começo da crise de EEB do Canadá, Dorgan acusou os oficiais canadenses de incompetentes, ou de tentarem acobertar a situação.
Na semana passada, os EUA anunciaram uma proposta para permitir a entrada de bovinos canadenses com menos de 30 meses de idade. A proposta está no período de comentários públicos de 60 dias. Os oficiais canadenses sugeriram que isso pode significar a reabertura da fronteira com os EUA até fevereiro de 2004.
Fonte: The Globe and Mail (por Steven Chase e Dawn Walton), adaptado por Equipe BeefPoint