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País tem o 5o maior curtume do mundo

É no interior de Goiás, mais precisamente no município de Itumbiara, a 130 quilômetros de Uberlândia (MG), que a partir de outubro serão produzidos os revestimentos de couro dos bancos da picape Ford Explorer, montada nos Estados Unidos. Inicialmente serão cortados e costurados 20 mil couros por mês, conta o diretor da unidade do Grupo Braspelco, em Itumbiara, Walter Luís Lene. O grupo é o quinto maior curtume do mundo e o maior exportador do setor no País.

Com faturamento de R$ 750 milhões previstos para este ano, sua capacidade de produção é de 4,8 milhões de peles por ano em dez unidades próprias e outras terceirizadas.

Animada com o desafio, a companhia investiu US$ 12 milhões nos dois últimos anos em máquinas de corte e equipamentos de testes na unidade de Itumbiara para atender às exigências da indústria automobilística e de móveis e estofados. “Estamos também em negociações com a montadora coreana Hyundai”, diz Lene.

Atualmente, a empresa fabrica o revestimento dos bancos de couro das unidades brasileiras da Fiat e da General Motors. No último caso, para os modelos Blazer, S10, Vectra e Astra. Atende também aos maiores fabricantes de móveis da Europa e dos Estados Unidos. Mas o diretor-superintendente, Arnaldo Frizzo Filho, mantém em sigilo os nomes desses clientes.

Inaugurada oficialmente em outubro do ano passado, a unidade de Itumbiara foi planejada para produzir couros semi-acabados, acabados, cortados e costurados para as indústrias automobilística e moveleira. Consumiu investimentos de US$ 70 milhões e a sua localização foi escolhida a dedo, próxima do pólo de matéria-prima, que são os frigoríficos do Centro-Sul do País, do principal mercado consumidor e com fácil acesso aos principais portos de exportação.

Quem percorre a unidade de Goiás logo nota um desequilíbrio entre as várias etapas do processamento do couro. Enquanto o ritmo de produção das peles semi-acabadas e acabadas é frenético, com funcionários trabalhando 24 horas por dia os sete dias da semana, há ociosidade nas etapas de corte e costura.

“Esse espaço está vazio porque os chineses e italianos levaram a nossa matéria-prima”, ironiza Lene. Com as vantagens competitivas dadas à matéria-prima brasileira exportada, que não paga ICMS, PIS/Cofins e ainda teve a alíquota do imposto de exportação reduzida, a unidade trabalha com ociosidade. Hoje produz mil couros cortados e costurados por dia, mas tem capacidade para fabricar o dobro.

Mesmo assim, Frizzo não se arrepende dos investimentos porque acredita na competitividade do setor. “O que é verdade um dia explode”. Ele calcula que, com a mudança das regras, em cinco anos o País poderá exportar US$ 10 bilhões, ante os US$ 3,3 bilhões atuais.

Fonte: O Estado de S.Paulo (por Márcia de Chiara), adaptado por Equipe BeefPoint

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