Produção de feno – conceitos básicos
7 de maio de 2002
Boas perspectivas para a indústria de carnes da Austrália para os próximos 20 anos
9 de maio de 2002

Países da América do Sul competem no mercado mundial com carne mais barata

Os exportadores de carne da América do Sul serão os competidores que irão oferecer carne mais barata no mercado mundial. Nos últimos anos, o Brasil já vinha causando preocupação em outros países, devido à oferta de soja a preços muito competitivos, mas agora, a carne parece ser o próximo produto da lista.

Algumas evidências deste fato puderam ser percebidas na semana passada, com a visita de veterinários argentinos aos Estados Unidos. O supervisor gerente de inspeções da Argentina, Eduardo Saint Jean, que esteve nos EUA para discutir como as agências de inspeção dos dois países poderiam trabalhar juntas, forneceu algumas informações sobre o status da indústria de carnes da Argentina.

Segundo informado por Saint Jean, quando se fala em carne, na Argentina, pode-se dizer que trata-se exclusivamente de carne bovina. Enquanto a população do país corresponde a apenas 12% da população dos EUA (33 milhões na Argentina e 270 milhão nos EUA), o país sul-americano tem metade do número de bovinos dos EUA (50 milhões de cabeças na Argentina e 100 milhões de cabeças nos EUA). O gado bovino argentino é, em sua maioria, de raças britânicas, altamente produtivo. No entanto, a forma como os animais são alimentados difere da forma como isso ocorre nos EUA. Na Argentina, a maioria dos animais é terminada a pasto, com cerca de 30 dias de consumo de grãos, no final. Nos EUA, os animais têm 120 dias ou mais de consumo de grãos.

Apesar disso, a Argentina produz uma grande quantidade de carne bovina barata. O consumo anual per capita deste produto no país é de cerca de 90,72 quilos, quase 3 vezes o nível dos EUA. Entretanto, os argentinos consomem pouca carne suína e de frango, de forma que o consumo total de carnes não difere muito entre as duas nações.

Preço

O preço da carne bovina nos EUA é um fator que preocupa os produtores. Já na Argentina, segundo Saint Jean, a carne pode ser encontrada nos supermercados a um preço de US$ 0,50/libra (US$ 1,10/quilo). Um jantar a base de carne em um bom restaurante argentino custa cerca de US$ 8. Carne moída e outros cortes de menor qualidade são ainda mais baratos.

Atualmente, os produtores de carne dos EUA estão parcialmente protegidos contra a carne bovina barata que está no mercado mundial, devido aos focos de aftosa registrados na Argentina, no ano passado. O país tem um histórico de vacinação contra esta doença, mas parou de vacinar em 1998. Por muitos anos, a Argentina ficou livre desta doença. Segundo Saint Jean, a decisão de parar de vacinar foi um erro, evidenciado pelo surgimento de focos no ano passado. Desde então, o país retomou a vacinação, e quase todos os animais no país são vacinados, exceto em algumas regiões, designadas como livres da doença.

Segundo Saint Jean, o problema da aftosa é que esta doença é endêmica em algumas regiões do norte do país. A fronteira do norte da Argentina, particularmente com o Paraguai, é a região de controle mais difícil, com muito tráfico entre famílias e animais. Nos últimos 100 anos, os focos de aftosa da Argentina estiveram quase sempre ligados ao comércio ilegal de animais na fronteira do norte.

Justamente devido aos focos de aftosa registrados na Argentina no ano passado, a carne bovina deste país não pode ser vendida aos EUA. Ela pode, entretanto, ser vendida para a Europa, que tem padrões de avaliação de riscos diferentes dos padrões norte-americanos. Muitos países da Ásia seguem os padrões norte-americanos e não estão aceitando a carne bovina argentina. Saint Jean disse que espera que, em um ano e meio, as regras se modifiquem e que a carne bovina argentina possa entrar no mercado dos EUA, bem como nos lucrativos mercados dos países asiáticos. Quando isso acontecer, a competição irá, de fato, aumentar.

Fonte: Agriculture Online (por Gene Johnston), adaptado por Equipe BeefPoint

Os comentários estão encerrados.