O referido artigo tem por objetivo apresentar dados que demonstrem o posicionamento do Brasil no comércio internacional de carne bovina, assim como o papel da indústria frigorifica no que diz respeito à sustentabilidade ambiental.
O referido artigo tem por objetivo apresentar dados que demonstrem o posicionamento do Brasil no comércio internacional de carne bovina, assim como o papel da indústria frigorifica no que diz respeito à sustentabilidade ambiental.
Em 2008, o Brasil produziu 9 milhões de Toneladas Equivalente Carcaça (CWE) de carne bovina – valor inferior somente ao registrado nos Estados Unidos, cujas carcaças são um pouco mais leves que o padrão Brasileiro, além dos bovinos serem abatidos mais precocemente. Nos últimos 10 anos (1998 a 2008), o crescimento médio anual foi de 4,4%.
Além disso, o Brasil lidera o ranking dos países que detém os maiores efetivos bovinos do mundo (em termos comerciais) – sendo que em 2008, o rebanho do país registrou 190 milhões de cabeças, o que equivaleu a 19% do rebanho mundial.
Do efetivo supracitado, foram abatidos 40 milhões de bovinos, dos quais 22 milhões em matadouros frigoríficos sob Serviço de Inspeção Federal (SIF). Ressalta-se que o parque industrial no Brasil conta com 1.500 estabelecimentos, dentre os quais matadouros frigoríficos, entrepostos e fábricas de conserva.
Também em 2008, o país exportou 2,2 milhões CWE, volume a partir do qual se obteve receita cambial de US$ 5,3 bilhões – valor 20% superior ao registrado em 2007.
Também vale reiterar que o Brasil exportou para mais de 150 mercados importadores de carne bovina e que tal capacidade em atender diferentes demandas decorre, além de outros fatores, da criação predominantemente a pasto de seu rebanho, não impedindo o confinamento dos animais quando assim exigido pelo importador.
Ademais, a condição geográfica e climática do país, a qualidade da carne comercializada (magra e macia), o bem estar animal e a proibição de hormônios na criação dos bovinos são vantagens competitivas que permitiram que o país se consolidasse no ranking dos maiores exportadores mundiais – líder em volume desde 2004 e em receita, desde 2007.
O rebanho bovino brasileiro está predominantemente distribuído na região Centro-Oeste, (45% do rebanho total). Acrescentando o estado de São Paulo e Minas Gerais, a concentração representa 52% do rebanho bovino do Brasil. Em termos de localização da indústria frigorífica, 72% dos matadouros frigoríficos dos associados da ABIEC estão alocados nesses estados (MT, MS, GO, SP e MG).
Em termos de produtividade, o Brasil possui uma media de 1,01 animais/ha (dados IBGE 2007) – valor inferior a dos grandes produtores/exportadores mundiais de carne bovina (Austrália, Argentina, Uruguai, Canadá, Nova Zelândia, Estados Unidos e Índia – que apresentaram crescimento estagnado com relação ao rebanho, exportação e produção, nos últimos 10 anos (USDA) e que por este e outros fatos (queda na oferta de alimento (grão ou pastagem) aos animais e fatores macro econômicos) focam suas exportações em determinados mercados importadores.
No contrafluxo dos demais exportadores (que tiveram uma queda no market share), o Brasil registrou um market share de 16% no comércio internacional de carne bovina em 2002, enquanto que em 2008, esse percentual foi equivalente a 30%.
Em relação à sustentabilidade ambiental, 41% do território Brasileiro possuem vegetação característica de Floresta Amazônica (ou seja, floresta densa ou floresta de transição), enquanto que a Amazônia Legal detém 61% de toda a extensão territorial do país, compreendendo os estados da região norte, parte do Mato Grosso e sudoeste do Maranhão. Além disso, enquanto a Floresta Amazônica diz respeito à característica morfovegetal do bioma localizado no AM, AC, RO, RR, AP e norte do PA, a Amazônia Legal foi um conceito instituído na Constituição de 1988, tendo em vista a necessidade de implantação de uma política voltada ao desenvolvimento de parte do país cuja condição social e econômica era similar e precária (dados SUDAM). Outro fato relevante que diz respeito à Amazônia Legal é que, embora 64% do rebanho bovino esteja localizado nos estados que a compõe, somente o centro-sul do Pará, Tocantins, Rondônia e Mato Grosso (parte norte do estado que perfaz a Amazônia Legal) possuem status de livre de aftosa com vacinação pela OIE (Organização Internacional de Epizootias) – e que portanto, apresentam condições de saúde animal necessária para a inserção no comercio internacional. Vale lembrar que ainda assim, mercados como o da União Européia, China, EUA, Canadá, Taiwan, México, Japão, Coréia do Sul (que perfazem mais de 61% do total de carne bovina comercializada no mundo) não importam carne bovina in natura desses estados. Em suma, a produção dessas áreas é predominantemente utilizada para o consumo das populações locais.
Também com base nos dados de 2008, 15% do volume das exportações brasileiras de carne bovina in natura e industrializada destinaram-se aos países que fazem parte da Lista Geral e que autorizam a compra de matéria-prima (boi) oriunda de estados reconhecidos pela OIE (4 dos quais – MT, TO, PA, RO – compreendendo a Amazônia Legal). Ou seja, 85% do volume exportado pela Brasil decorreram de animais distribuídos em áreas que não fazem parte da Amazônia Legal e sim, da região Centro-Sul do país. Complementando os dados acima, 63% dos frigoríficos associados à ABIEC estão localizados na região Centro-Oeste, em conjunto ao estado de São Paulo e Minas Gerais. Ressalta-se que pelo fato do setor produtivo ser constantemente auditado pelas autoridades competentes brasileiras e estrangeiras, há o interesse e o compromisso de se atender as legislações que regulamentam as questões não somente ambientais, mas também social, sanitaria e de saúde pública.
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Gostei muito dos dados informando sobre a atualidade das exportações de carne bovina no Brasil. Mas, como sempre acontece, nossa cara colega só transpôs o pessamento Sulista de querer colocar a culpa dos problemas do Brasil nos Estados da Região Norte. É importante citar que se o mundo tem interesse na carne do Brasil isso deve-se ao fato de querer carne de boi produzido a pasto, e o que se tem hoje é os animais da Amazônia Legal, além do que, assim como os grandes países exportadores, as Regiões do centro-Sul também não tem mais perspectiva de crescimento, pois não tem mais terra para aumentar sua produção. E se há exploração de nossas terras também deve-se a presença desses mesmos Sulistas que nos criticam que vem aqui só para explorar (historicamente comprovado), desmatar e acabar com o resto do País. Não adianta simplesmente criticar e empurrar com a barriga, deve-se criar meios sustentáveis e Técnico- responsável para se melhorar a visão dos paises exportadores para com nosso pais.