Este ano, os Irmãos Quagliato, de Ourinhos (SP), donos de usina de açúcar e álcool, estão comemorando 30 anos de Pará. Quando resolveram ampliar os investimentos na pecuária, Roque Quagliato conta que os irmãos visualizaram como melhor opção as novas fronteiras. “Vimos o sul do Pará como a região mais promissora”. Acertou em cheio, tanto que hoje possuem um rebanho de 150 mil animais, distribuídos em oito fazendas, no total de 85 mil hectares de pastagens de capim braquiarão, além de tanzânia e mombaça.
“Ninguém segura a pecuária no sul do Pará. Dentro de pouco tempo o Estado estará entre os primeiros produtores de carne bovina do País”, afirma Quagliato. Ele diz, também, que a região conta com uma ampla rede de frigoríficos. “Novos frigoríficos estão sendo instalados na região, pois os seus proprietários estão percebendo que aqui é um importante pólo produtor de carne”.
Quagliato conta que encontrou uma conjunção de fatores favoráveis no sul do Pará. “Faltava, porém, iniciar o melhoramento genético”. “Também enxergamos a exportação de gado no futuro, pelos portos do Estado, uma idéia concretizada depois de 30 anos, com a primeira remessa de gado via Porto de Barcarena”. O grupo faz cria, recria e engorda e utiliza programa de melhoramento genético, com produção de touros melhoradores e matrizes.
O rebanho dos Quagliato seguiu as tendências do mercado, passando pelo cruzamento, mas hoje é basicamente nelore-mocho e padrão. “Utilizamos toda tecnologia e temos um programa de inseminação artificial com 30 mil matrizes”, conta. “É o maior do País e alcança índice de prenhez de 91%”.
Anualmente, eles vendem mil touros nelores, mil vacas prenhes e 1.500 novilhas direto na fazenda e em leilões regionais e em outros no País.
Central
O pecuarista Marco Marcelino de Oliveira, do Grupo Campo de Boi, possui oito fazendas na região de Paragominas, em Ipixuma (PA), onde fica a central genética. No local, são mantidas 276 doadoras próprias de alta genética, e mais 75 de vários clientes. Cerca de 90% são da raça nelore, mas também há matrizes brahman, tabapuã e guzerá.
Para garantir a qualidade, o grupo tem convênio com a Universidade Federal do Pará, na área de pós-graduação, e também abre estágios para veterinários da Universidade de Marília (SP), na área de embriologia. O grupo vende 700 tourinhos controlados, 1.500 reprodutores cara-branca, 600 embriões e 60 animais filhos de transferência de embriões. Faz cinco leilões próprios e participa como convidado em remates.
Já o pecuarista paulista de Presidente Prudente, José Francisco Diamantino, faz quatro leilões anuais na região, sendo três de gado comercial e um de elite. Também participa de grandes leilões da Expozebu. Este ano, no Noite dos Campeões, ele conta que vendeu uma bezerra de 17 meses por R$ 280 mil. Também levou animais no Noite do Nelore Nacional, no Classe A e no Poty VR. Na Feicorte, em São Paulo, vendeu embriões no Nelore Fest.
Diamantino é dono da Fazenda Taboquinha, uma área de 12 mil hectares, dentro de Marabá. Na propriedade, possui 20 mil cabeças de gado nelore criadas de forma extensiva. Também tem mil animais de elite, sendo 850 a campo e 150 doadoras de embriões. Ele tira mil embriões por ano, vende quase metade da produção ao nascer, guarda outra parte para reposição e vende 50 como embriões.
Há, ainda, a Fazenda Boi Verde, em Altamira, onde ele faz cria, recria e engorda. “Faço todo o ciclo”, diz ele. Para formar o seu rebanho, Marcelino utilizou genética antiga, de criatórios famosos como o VR.
“Uso o sistema manejão, bastante comum na região”, explica, acrescentando que o sistema consiste em girar o rebanho de pasto em pasto, que tem tamanho diferente. “É de acordo com o olho do dono ou do gerente”. Ele diz, porém, que iniciou o sistema de pastejo rotacionado, com um módulo de 100 hectares, divididos em 12 piquetes, onde ficam de 300 a 400 animais girando a cada três dias.
O gado comercial de Diamantino é criado a pasto e os animais de elite têm um trato especial. São estabulados e recebem feno no cocho, além de silagem de milho feita na propriedade, a fazenda possui 200 hectares de milho, concentrado comercial e sal. Como o rebanho de Diamantino tem crescido 20% ao ano e sua capacidade de lotação está esgotada, ele aderiu ao sistema de parceria com proprietários de pastos que não possuem gado, uma prática bastante comum na região.
Fonte: O Estado de S.Paulo/Suplemento Agrícola (por Beth Melo), adaptado por Equipe BeefPoint