Nosso trabalho é focado em 3 pilares: conhecimento, relacionamento e inspiração. Tudo isso com foco em uma pecuária mais moderna, lucrativa e eficiente. Realizar um prêmio que seja uma festa e uma homenagem a essas pessoas especiais da pecuária de corte é a melhor maneira que encontramos para trazer inspiração a todos os envolvidos na cadeia da carne. Celebrar e destacar os bons exemplos é o caminho que encontramos e por isso sempre realizamos o Prêmio BeefPoint.
A premiação ocorreu durante nosso maior evento de 2013, o BeefSummit Brasil, que reuniu mais de 1.000 pessoas em Ribeirão Preto, SP, nos dias 10 e 11 de dezembro de 2013.
A cerimônia de entrega dos prêmios e divulgação dos ganhadores foi no final do dia 10 de dezembro, após as palestras e antes do coquetel com Chopp Pinguim e degustação de carnes especiais.
Para conhecer melhor os finalistas de cada categoria, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas com cada um deles.
Confira abaixo a entrevista com Francielly R. Fan, uma das finalistas do Prêmio BeefPoint Brasil na categoria – Produtora – Mulher de destaque na pecuária brasileira.
Francielly Ribeiro Fan é médica veterinária, realizando pós-graduação em reprodução de bovinos, proprietária da Estância Vista Alegre (Uruguaiana/RS) e herdou do pai o amor pela pecuária de corte.
Com apenas 20 anos, após o falecimento do patriarca da família que administrava com mãos de ferro duas fazendas, se viu à frente do maior desafio da sua vida: sendo jovem e mulher levar adiante o sonho do seu pai Edisnei Fan.
Após cinco anos sobre sua administração o empreendimento rural da família realiza o ciclo completo, IA e IATF, produz feno para o inverno rigoroso do sul do país e preconiza a qualidade do produto final.
Beefpoint: Qual o maior desafio da pecuária de corte do Brasil hoje?
Francielly Fan: Acredito que pecuária é sinônimo de desafio.
Quem é produtor sabe que para obter lucro a pecuária deve ser tratada como um grande projeto, no qual cada item é realizado com o mesmo empenho que outro. Atualmente os grandes desafios que podem se tornar ceifadores de projetos de sucesso são os custos de produção e a mão de obra no campo. No caso dos custos, vejo que se o pecuarista tivesse mais representatividade, assim como o agricultor, isso poderia ser trabalhado de forma mais efetiva junto ao governo através de incentivos.
Por outro lado, a mão de obra na pecuária me preocupa ainda mais: o campeiro será sempre necessário para tratar o gado, e está difícil encontrar este profissional. Enquanto na lavoura as máquinas se modernizam e se necessitam de menos pessoas para colher cada vez mais, mas com o animal é diferente. Para se obter o produto de qualidade exigido pelo mercado é necessário vocação de campo e conhecimentos muito mais específicos.
Beefpoint: O que o setor poderia fazer para aumentar sua competitividade no Brasil?
Francielly Fan: Vejo que a pecuária tem perdido espaço para a agricultura, pois esta em um primeiro momento seduz por ser uma atividade mais lucrativa a curto prazo. Acredito que as duas atividades podem e devem andar juntas, mas parece que no Brasil, o governo incentiva muito mais a agricultura que a pecuária. Acredito que a classe deveria ter mais representatividade junto às esferas governamentais. Outro ponto importante seria investir mais em pesquisa, incentivar novas idéias, e não apenas copiar o que vem de fora.
Beefpoint: Você poderia nos contar sobre os acertos? O que fez e deu certo em sua carreira? Qual a sua maior realização?
Francielly Fan: Acertei em não me deixar abater com os preconceitos e barreiras que rodeiam o meio do agronegócio. Como eu sempre digo, para estar no campo tem que ter vocação, tem que gostar.
Quando meu pai teve que se afastar dos negócios por motivos de saúde eu ainda estava cursando veterinária, ia de uma fazenda à outra e ainda tinha que estudar para a faculdade. Mas ainda existia a presença dele como grande líder, eu era apenas “a filha do chefe” para a peonada.
Após o seu falecimento eu praticamente não tive tempo de adaptação, fui elevada à “chefe” imediatamente e com isso iniciaram os desafios, as dúvidas, mas também os acertos.
Como médica veterinária vivenciei esta realidade de maneira bem peculiar, pois tinha que pensar como profissional e produtora, e aprender na marra que uma não exclui a outra.
Considero a coragem de mudar certos preceitos tradicionais logo no início da minha administração como um grande acerto. Um grande exemplo disso foi trocar a quantidade pela qualidade, nem sempre campo cheio é sinônimo de lucro. Essa “limpa” no campo, visando deixar na estância as vacas mais férteis, mais adaptadas e mais dóceis foi crucial para todo o restante do trabalho.
Beefpoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?
Francielly Fan: Errar na pecuária é inevitável, temos que aprender a minimizar os erros. Muitas vezes na ansiedade de acertar esqueci que estava trabalhando com seres vivos, com a natureza, com animais. Com o amadurecimento aprendi que por mais que eu tenha um cronograma para o meu rebanho, para a colheita do feno, para o meu pessoal, nem sempre vou conseguir segui-lo, e não adianta querer dominar a natureza. Houve uma época que se tivesse que adiar o início do protocolo de um lote de IATF por algum problema, nem que fosse por um dia, parecia que tudo estava errado. Adaptação é a palavra chave, e ela só vem com os anos, no início você tem pressa de tudo e acaba errando.
Beefpoint: O que você fez em 2013 que trouxe mais resultado?
Francielly Fan: Uma reestruturação na equipe, desde colaboradores até mesmo em cargos que ao meu ver se tornaram absoletos dentro da porteira. Cada propriedade é única e sendo assim cada uma tem uma forma certa de andar melhor. Como a mão de obra na pecuária é de suma importância, pois são os campeiros que lidam com o nosso maior patrimônio, considero qualquer decisão que envolva equipe tão importante quanto qualquer outra. Como médica veterinária creio que enquanto o produtor deixar em segundo plano esse tipo de observação, não vai perceber o quanto isso afeta sua lucratividade.
Beefpoint: O que você pretende fazer em 2014? Quais são seus planos?
Francielly Fan: Neste ano, quero melhorar ainda mais a idade que nossas novilhas entram em produção. Estou trabalhando em um projeto para estabelecer uma precocidade maior na Vista Alegre. Nesta última estação de monta nossas novilhas que completaram todos os requisitos para serem inseminadas variaram entre 18 e 20 meses, em 2014 quero baixar para no mínimo 14 meses. Este é um programa complexo que exige muito do veterinário (pois exige protocolos, avaliação por ultrassonografia) e também da equipe (nutrição e sanidade).
Beefpoint: Por que você acha que foi finalista do Prêmio BeefPoint Brasil?
Francielly Fan: Acredito que este reconhecimento seja devido à dedicação e a força que a história da Vista Alegre conta. Minha carreira é dedicada totalmente a agregar valores cada vez mais elevados ao nosso produto, e para isso fica evidente a força de vontade que permeia todo nosso passado. Ser jovem, ser mulher, ser veterinária, ser produtora, tudo isso culmina na profissional que sou hoje.
Confira abaixo algumas fotos de terneiros durante o shang de um lote de IATF da fazenda Vista Alegre:
2 Comments
Top… Parabéns….
Parabéns. Gostei da força de vontade e acho que foi uma das melhores entrevistas que li.