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Presidente da SBMV: “não é possível ficar dois anos com um diagnóstico inconcluso”

O caso de vaca louca confirmado pelo governo brasileiro à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) foi um fato “isolado”, na avaliação de Josélio Moura, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária (SBMV).

O especialista explica que, em casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) “o intervalo entre a mutação e o aparecimento dos sintomas pode demorar de seis meses a dois anos”. No caso da vaca no Paraná, a morte aconteceu em menos de 24 horas após a manifestação dos sinais da doença.

“A preocupação maior seria se esse animal estivesse entrado na cadeia produtiva da carne, o que não aconteceu”, disse Moura.

O presidente da SBMV diz que uma das possibilidades que não pode ser “totalmente descartada” é de o animal ter se alimentado de algum resto de carne de frango ou de apara de matadouro ou frigorífico com alguma proteína infectada. “Mas a investigação não detectou isso.” “A hipótese mais provável que se levanta é a modificação da proteína, que é extremamente raro de acontecer”, completou.

Para Cesário Ramalho, presidente da Sociedade Rural Brasileira, a possibilidade de outros casos de vaca louca no País está descartada. “O Brasil está muito seguro da ação que fez”, disse. “Esse é um fato completamente isolado e temos segurança absoluta no fornecimento de carne brasileira.”

Ramalho, entretanto, destaca que o Brasil precisa investir pesado na ampliação do sistema laboratorial. “Como grande país exportador de carne bovina, precisamos crescer nisso.”

O presidente da SBMV, por sua vez, cobra do governo a criação de uma central laboratorial com controle sistemático dos laboratórios estaduais, nos moldes do extinto Lanara (Laboratorio Nacional de Refgerencia Animal).

“Não é possível ficar dois anos com um diagnóstico inconcluso”, afirmou. “É necessária uma sistematização, com um controle sobre os laboratórios regionais para agilizar os diagnósticos.”

No caso da vaca do Paraná, morta em 2010, a demora do diagnóstico se deu por conta de problemas estruturais no laboratório do Estado. A análise acabou sendo feita em Minas Gerais e, após a confirmação da EBB, o governo enviou a amostra para o Reino Unido, para uma contraprova. Somente após o resultado é que a divulgação sobre o caso foi feita.

Cesário Ramalho, da SRB, alerta que o caso será usado em uma espécie de “guerra comercial” no mercado de carnes. Ele diz que o anúncio da suspensão de importação por parte de Japão, África do Sul e China é “para baixar preço”. “É o nosso concorrente querendo nos destruir. Estamos em uma guerra comercial violentíssima.”

Fonte: iG São Paulo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

2 Comments

  1. Pedro E. de Felício disse:

    Desculpe-me o ilustre presidente da SRB, Sr. Cesário Ramalho, mas esses países mencionados, e agora a Coréia do Sul e Arábia Saudita, não são de jogar esse jogo de “guerra comercial”, fazem o que fazem como medida sanitária preventiva enquanto existirem dúvidas, ou seja, não estiverem satisfeitos com as explicações dadas pelo governo do país supostamente atingido por moléstias transmissíveis. Isto é feito para que a população e proprietários de animais sintam-se protegidos pelas autoridades sanitárias de seus respectivos países.
    Aproveito o ensejo para sugerir ao Beefpoint que sempre destaque a formação profissional de quem dá declarações ou envia comentários. Eu sou médico veterinário.

  2. Ronaldo Carvalho Santos disse:

    Grave o episódio, que precisa ser discutido á exaustão já que se apresenta sobre aspecto
    plural de Incompetência Gerencial e perigo iminente à Saúde Pública.
    A Segurança Nacional periclita, pelo fato de não possuir o Brasil Laboratório Nacional de Referencia capaz de rápido identificar doenças que tenham por veiculação ,produtos con
    taminados . A Guerra Comercial, ou guerra não declarada (Biológica), se trava hoje depois
    da Guerra Fria , nas Importações e gôndolas dos Supermercados.
    De tal forma parece , ou com certeza, que não estamos preparados para não sermos colonizados ou morrermos pela boca.
    O que assistimos é politização das tomadas de decisão técnicas,de efeito na Segurança
    Alimentar e, Segurança Nacional Alimentar., máxime quando repassamos a Estados e Mu
    nicipios o dever idelegavel Costitucional,e mais ainda da Defesa de Soberania, quando se remete à Potencias Extrangeiras produtos a serem examinados..
    Com a palavra os Brasileiros do Executivo ,Legislativo e Judiciário, ênfase para MPF.

    Ronaldo Carvalho Santos é Brasileiro ,Médico Veterinário (CRMVPR-0395), FFA
    aqposentado do MAPA