Por negligência de autoridades sanitárias de Mato Grosso do Sul, a febre aftosa ameaça o rebanho paraguaio, disse ontem o presidente do Senacsa (Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal) do Paraguai, Hugo Corrales Irrazàbal. Segundo ele, o Paraguai ainda não tem foco da doença.
A declaração de Irrazàbal inverte a suspeita levantada por autoridades de Mato Grosso do Sul de que a aftosa, confirmada no estado no dia 10 de outubro pelo Mapa, tenha surgido no Paraguai e depois contaminado o principal rebanho bovino brasileiro, com cerca de 25 milhões de cabeças de gado.
Irrazàbal disse que tratou do assunto ontem com o presidente interino Luis Alberto Castiglioni. Titular do cargo, Nicanor Duarte Frutos está no Japão.
“Em nível de governo do Paraguai, isso foi dito pelo senhor vice-presidente, não existe problema de relacionamento com o Brasil. O problema é o relacionamento com serviço veterinário de Mato Grosso do Sul e com algumas declarações de políticos [sobre a suposta origem paraguaia da aftosa]”, afirmou Irrazàbal, após a reunião com Castiglioni.
Ainda segundo o presidente do Senacsa, “a declaração oficial, dada através do [ministro da Agricultura] Roberto Rodrigues, é de que o Brasil não responsabiliza o Paraguai pelo foco de aftosa”.
Mas, segundo Irrazàbal, há tensão entre os dois países por causa do serviço sanitário de Mato Grosso do Sul. “Cinco municípios [de Mato Grosso do Sul] estão interditados, mas deixam o gado atravessar a estrada e encostar nas cercas das fazendas do Paraguai”, afirmou. “Pedimos ao menos generosidade [do governo de Mato Grosso do Sul] com um país vizinho”, acrescentou.
Como exemplo da tensão na fronteira, Irrazàbal citou a prisão do sargento paraguaio Cancio Solalinde Mare, no sábado. O DOF (Departamento de Operação da Fronteira) de Mato Grosso do Sul informou que Mare foi preso porque estava com um carro roubado em Mundo Novo (MS). No mesmo dia, dois fiscais brasileiros foram impedidos pelo Senacsa de entrar no Paraguai para fazer inspeção em uma fazenda.
“Acho natural quererem inverter [a suspeita de que a aftosa veio do Paraguai] porque eles podem perder o status de exportador [de carne]. Mas nem precisaria ter essa preocupação porque todo mundo sabe que eles têm foco. As medidas são muito mais comerciais do que sanitárias. Tanto que a Rússia compra de lá e não compra de nós”, afirmou o secretário estadual da Produção e Turismo, Dagoberto Nogueira Filho.
“Não quero polemizar com o Paraguai. Temos que ajudá-los. Lá não tem 30 focos. Tem muito mais. Só que quem trouxe os animais [doentes] foram produtores brasileiros [que têm fazenda no Paraguai]”, disse o secretário.
Fonte: Folha de S.Paulo (por Hudson Corrêa), adaptado por Equipe BeefPoint
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Os bandidos roubam no Brasil para vender no Paraguai e o governo não faz nada.
Parece até que as autoridades brasileiras são coniventes com a situação. Produto roubado pra lá e contrabando de gado e outras coisas de lá pra cá. E aí ninguém faz nada. Alguma autoridade deve estar de acordo com a situação.