Nos últimos artigos deste Radar foi demonstrada a importância da adubação, principalmente nitrogenada, no sistema de produção. Apesar disso, é notória a dificuldade em se determinar as quantidades de fertilizante a serem aplicadas. Em parte, isso se deve à falta (ou pouca divulgação) de parâmetros para interpretação de resultados de análises de solo e planta para espécies forrageiras. No caso do nitrogênio, a situação é ainda mais complicada, pois, além da carência de parâmetros, os indicadores atualmente utilizados apresentam diversas limitações.
De modo geral, a adubação nitrogenada em áreas de pastagem é determinada com base no teor de matéria orgânica do solo e na expectativa de produção do pasto. Para outras culturas, estes indicadores têm sido substituídos por outros que indicam o nível de N no solo, em plantas individuais e em comunidades de plantas. Argenta et al. (2002), por exemplo, verificaram a eficiência de alguns parâmetros de planta (teor e acúmulo de N; leitura correspondente ao teor de clorofila na folha, avaliada com clorofilômetro; massa seca; e área foliar) como indicadores do nível de nitrogênio na cultura do milho. Segundo os autores, um indicador ideal deve reproduzir a relação do nível de nitrogênio no sistema solo/planta, ser capaz de detectar a deficiência ou o excesso de nitrogênio e ser de rápido diagnóstico para permitir a correção da deficiência na mesma estação de crescimento.
A partir dos resultados obtidos em uma série de experimentos, Argenta et al. (2002) concluíram que a leitura do clorofilômetro foi o indicador mais eficiente do nível de nitrogênio em praticamente todos os estádios de desenvolvimento da planta de milho. Além da boa correlação com o rendimento de grãos (Figura 1), este indicador apresenta as seguintes vantagens: a leitura pode ser realizada em poucos minutos, possibilitando um rápido diagnóstico da situação da cultura; o aparelho tem baixo custo de manutenção; não há necessidade de envio de amostras para laboratório; e é um método não destrutivo.
Figura 1: Relação da leitura do clorofilômetro e do teor de nitrogênio na folha-índice com o rendimento de grãos de milho no estádio de espigamento, em cinco experimentos de milho. Eldorado do Sul, RS, 1998/1999.
Adaptado de Argenta et al. (2002).
A leitura do clorofilômetro, no entanto, não prediz com precisão a quantidade de nitrogênio a ser aplicada, devendo ser associada a indicares do nível de nitrogênio no solo (Argenta et al. 2002).
Comentário dos autores: os métodos de diagnóstico e de predição de necessidade de adubação têm evoluído bastante nos últimos anos. Algumas instituições de pesquisa têm trabalhado no sentido de desenvolver estes métodos para plantas forrageiras, porém a aplicação prática destas informações ainda é bastante restrita. Este trabalho envolve a escolha dos indicadores mais adequados e que apresentam melhor correlação com a produção, a determinação da parte da planta a ser analisada e o estabelecimento de parâmetros para a interpretação dos resultados para as principais gramíneas forrageiras utilizadas. Resultados obtidos no Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas da ESALQ/USP já permitem afirmar que as análises para diagnóstico de estado nutricional, em plantas forrageiras, devem ser feitas nas duas folhas mais novas expandidas. Considerando-se a importância da adubação em sistemas de produção animal e o impacto desta tecnologia no custo de produção, é essencial que estes métodos continuem sendo pesquisados e que sua aplicação prática seja amplamente difundida.