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Paraná explora pouco o mercado do couro

Principal subproduto da indústria da carne, o couro brasileiro vem aumentando sua participação no mercado internacional. As exportações nacionais do produto atingiram quase 20 milhões de unidades em 2002, o que indica crescimento de 12,3% com relação a 2001. A produção brasileira também cresceu, passando de 33 milhões de peles em 2001 para 34 milhões no ano passado.

O Paraná, porém, não acompanha o desempenho do País. Há alguns anos, de acordo com o Sindicato da Indústria de Curtimento de Couros e Peles do Estado do Paraná (Sicpar), a produção se mantém estável em 2,1 milhões de couros por ano. Segundo o presidente da entidade, Walter Hasenack, o estado já teve maior importância nessa indústria. ”Com a migração da fronteira pecuária para o norte do País, inúmeras novas empresas também migraram para aquela região”, disse. As exportações, que correspondem a 50% do total produzido, também não apresentam crescimento no Estado.

O couro mais exportado pelo Brasil é o wet blue. Visando aumentar o volume de exportação de couro acabado e semi-acabado, o governo federal taxou em 9% as vendas externas do wet blue.

A determinação está em vigor desde 2000 mas, segundo a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte em Campo Grande (MS), Mariana de Aragão Pereira, a estratégia não funcionou. ”O que mais tem crescido são as exportações de couro salgado, que recebe menos tratamento que o wet blue”, esclareceu. Segundo ela, os principais importadores não têm interesse em comprar produtos acabados. ”Eles compram a matéria-prima, transformam-na e depois nos vendem os artigos acabados por preços muito mais atrativos”, disse.

Hasenack também considera que o governo brasileiro escolheu o caminho errado ao instituir o imposto de exportação sobre produtos de menor valor agregado. Para ele, a incidência de impostos sobre a atividade é a principal dificuldade dos exportadores brasileiros. “Teoricamente, os produtos exportados não deveriam ter cargas tributárias”, disse, lembrando que existem leis federais que permitem a restituição de PIS/COFINS. ”O que poderia ser um processo rápido e simples, é extremamente lento e burocrático”, criticou.

O presidente do Sicpar comentou que o ICMS recolhido pode ser repassado para empresas que têm débitos com o fisco estadual, mas o benefício envolve deságio e demorados processos administrativos. ”Isto significa uma grande descapitalização das indústrias, pois tira-se delas a capacidade de crescimento e investimento”, opinou.

Fonte: Folha de Londrina/PR (por Carolina Avansini), adaptado por Equipe MilkPoint

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