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Parcelamento da adubação nitrogenada: 1. Estratégias de adubação nitrogenada dentro da estação de crescimento em pastagens

Miguel José Thomé Menezes1, Roberto Naves Souza Aguiar1, Marco Antonio Alvares Balsalobre2, Patricia Menezes Santos3

Dos nutrientes considerados como essenciais ao desenvolvimento das plantas, o nitrogênio é o que apresenta as melhores respostas em relação à produção de massa seca, variando de 5 e 89,2 kg MS/kg N (Balsalobre et al, 2002). Essa amplitude de variação é decorrente de fatores como: espécie forrageira; fonte do nutriente; tempo de rebrota; dosagem de adubo aplicado; condições climáticas; estádio de desenvolvimento; e fertilidade do solo. Desse modo, há grandes controvérsias com relação às recomendações de adubação, sem um consenso entre pesquisadores, técnicos e produtores que buscam definir as melhores estratégias aplicáveis num determinado momento, dependendo de cada sistema de produção, que garantam melhor rentabilidade.

Com relação à época de aplicação desse nutriente ao longo do ano, já existem diretrizes de recomendação bem definidas e consistentes, sendo a estação de crescimento (época “das chuvas”), onde as condições de luminosidade, temperatura e umidade atingem seu ponto ótimo para o desenvolvimento das pastagens, o melhor período para a utilização do fertilizante nitrogenado.

Em sistemas de produção com lotação animal elevada, como no caso da exploração de pastagens tropicais com adubação intensiva, as aplicações de N deverão ser parceladas para se obter a melhor eficiência de utilização desse nutriente pelas plantas forrageiras (Werner, 2001). No caso de doses mais baixas, o não parcelamento da adubação deve ser adotado, uma vez que os aumentos de produtividade decorrentes dessa prática poderão ser inviáveis se for levado em conta o custo de aplicação.

Torna-se importante, portanto, analisar a resposta a doses de N em cada aplicação, pois estas irão influenciar a eficiência de uso desse fertilizante. A Tabela 1 mostra o resultado de alguns experimentos em que foi testado o efeito de níveis de N por aplicação (kg/ha.aplicação) sobre a produção de matéria seca.

Tabela 1: Resposta de gramíneas forrageiras a doses de N (kg/ha) em uma mesma aplicação.


A partir destes resultados, pode-se concluir que as plantas forrageiras tropicais respondem a altas doses de N, que variam de 100 a 200 Kg N/ha.aplicação. Esta resposta é influenciada por fatores ambientais relacionados a produção, como luz, temperatura e água, além de outros fatores nutricionais.

Quanto à dose mínima a ser aplicada por parcelamento, o principal fator que irá ditar a sua recomendação será a viabilidade econômica, ou seja, a dose mínima seria aquela a partir da qual o acréscimo em produtividade gerado pagaria o custo de distribuição do fertilizante. Em linhas gerais, este valor normalmente se encontra em patamares acima de 30 kg N/ha.aplicação.

Comentário: Em sistemas intensivos de produção animal a pasto, a dose de N a ser aplicada por pastejo é um dos fatores mais importantes a ser determinado. Esta revisão mostra que as plantas forrageiras tropicais apresentam boas respostas a doses de 100 kgN/ha.aplicação em condições de sequeiro e podem responder a doses de até 200 kgN/ha.aplicação quando irrigadas. Resultados práticos obtidos pelos autores em propriedades comerciais têm indicado que as melhores respostas do ponto de vista econômico têm sido obtidas com doses entre 40 e 80 kgN/ha.aplicação, que resultam em adubações entre 200 e 400 kgN/ha ao longo da estação de crescimento.

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1Engenheiro Agrônomo, Mestrando do Curso de Ciência Animal e Pastagens da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Membros do Projeto CAPIM.
2Doutor em Ciência Animal e Pastagens, Diretor de produto Bellman, Sócio-Diretor da B&N Consultoria
3Engenheira Agrônoma, Doutor em Agronomia pela ESALQ/USP e pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste

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