O correto dimensionamento de cochos e bebedouros é fundamental para que o consumo de água e suplementos minerais/protéicos pelos animais seja adequado. O “Guia prático para correta suplementação pecuária”, preparado pela ASBRAM, aponta os seguintes problemas relacionados à instalação e manejo de cochos:
– número de cochos em quantidades insuficientes;
– localização inadequada; construção de cochos com dimensões inadequadas (altura, largura e profundidade);
– cochos descobertos que expõem o suplemento mineral ao tempo (sol e chuva);
– formação de atoleiros ao redor dos cochos; falta de reposição adequada do suplemento mineral.
De modo geral, esses mesmos problemas são encontrados com relação aos bebedouros.
Em sistemas de pastejo rotacionado, os cochos e bebedouros podem ser concentrados nas áreas de descanso ou colocados nos próprios piquetes. O importante é observar que estes sejam colocados em locais de fácil acesso para os animais.
O número e tamanho dos cochos e bebedouros dependem diretamente do número de animais existente no pasto. Além disso, deve-se considerar o tamanho dos pastos e a topografia das fazendas. Em pastos muito grandes ou em áreas acidentadas o número de cochos e bebedouros deve ser maior.
No caso de suplementos minerais, com consumo médio diário de 50 a 150 g/cabeça, deve-se ter 4 cm linear de cocho/UA Isso para um cocho de 30 cm de profundidade, 40 cm de largura no topo e 30 cm de largura no fundo, pois essas dimensões permitem acesso dos dois lados do cocho.
A altura do cocho depende da categoria animal que irá utilizá-lo. Em lotes de animais com a presença de bezerros, o cochos deve ficar a 50 cm de altura e deve-se colocar um anteparo na parte superior, evitando o trânsito de animais sobre o mesmo. Nos pastos de animais de recria (animais em crescimento) o cocho deve ter entre 60 e 70 cm de altura e nas áreas de engorda (animais adultos) cerca de 1 m.
Um dos principais problemas relacionados à mineralização, observados em fazendas comerciais, é com relação à reposição de sal nos cochos. Uma medida simples para amenizar esta falta é a colocação de “depósitos” de sal no pasto que permitam armazenar a quantidade de suplemento necessária para alguns dias de consumo. Esses “depósitos” podem ser sob a cobertura (ex: tábuas) ou próximos (ex: tonéis de 200 l) dos cochos (Figura 1).
Para o dimensionamento dos bebedouros, além de se garantir um mínimo de 4 cm linear/UA, é preciso considerar-se o volume armazenado no reservatório e a vazão da água. O consumo de água pelos animais ao longo do dia tem alta correlação com a temperatura ambiente, quanto maior a temperatura maior o consumo de água. Durante o dia ocorrem picos de consumo, em casos extremos os animais chegam a consumir cerca de 50% do volume diário de água em apenas duas horas. Sabendo-se o consumo de água pelos animais e a vazão de água que chega no bebedouro e considerando o pico de consumo em duas horas, é possível se calcular o tamanho do reservatório.
Considere um animal de 450 kg que irá consumir 40 L de água por dia, o lote é de 500 animais, o que indica um consumo de 20.000 L. No pico de consumo esses animais irão consumir 10.000 L (50% em duas horas), isso significa que a soma da vazão de duas horas mais o reservatório deve ser de 10.000 L (equação 1).
(Equação 1) Consumo diário/2 (L) = reservatório (L) + vazão (L/h) x 2
Desse modo, diante da equação 1 é possível se calcular o tamanho do reservatório ou de forma inversa, tendo o reservatório, qual deveria ser a vazão. A tabela 1 trás, para diferentes vazões, qual deve ser o tamanho do reservatório.
Tabela 1- Tamanho do reservatório para diferentes vazões para lote de 500 animais consumindo 20.000 L de água/dia (40 L/cabeça/dia).