O aumento do consumo de produtos à base de plantas se deve, em parte, ao fato de as pessoas pensarem que esses produtos são mais saudáveis do que a carne. Além disso, as pessoas pensam que os principais patógenos encontrados na carne, como E.coli ou Salmonella, não podem estar presentes nos produtos vegetais. Porém, isso não poderia ser mais equivocado, segundo o Serviço de Pesquisa Agrícola (ARS) do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Os patógenos em produtos à base de plantas podem estar presentes e são os mesmos da carne.
“Muitos consumidores acreditam que os alimentos à base de plantas são minimamente processados, mais saudáveis e nutricionalmente superiores aos similares de origem animal”, disse John Luchansky, do ARS. “Na realidade, as carnes à base de plantas são ultraprocessadas e contêm vários produtos químicos de qualidade alimentar como ingredientes”.
Os consumidores vem buscando cada vez mais alimentos com baixo teor de gordura e alto teor de proteína nos últimos 30 anos. Luchansky disse que o surgimento de alternativas à carne à base de plantas é um desdobramento dessa tendência. Apesar de as indústrias terem feito melhorias na qualidade desses produtos vegetais, ainda faltam dados sobre sua segurança. E isso inclui a questão da presença de patógenos microbianos.
“Poucas informações, se houver, estão disponíveis sobre as combinações de tempo e temperatura necessárias para evitar o crescimento de E. coli produtoras de toxina Shiga (STEC), Salmonella e Listeria durante o prazo de validade, ou como reduzir esses patógenos durante o cozimento,” Luchansky disse.
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Os consumidores percebem os hambúrgueres de carne como um produto cru que precisa ser cozido antes do consumo, o que é verdade. No entanto, muitos não consideram os hambúrgueres à base de plantas como crus porque são feitos de vegetais que, muitas vezes, podem ser consumidos crus.
“Na realidade, as plantas geralmente abrigam altos níveis de patógenos transmitidos por alimentos e, como tal, hambúrgueres à base de plantas devem ser considerados e manuseados como, por exemplo, carne moída crua”, disse Anna Porto-Fett, microbiologista do ARS Eastern Regional Research Center’s (ERRC).
Até o momento, não houve recalls ou doenças atribuíveis a produtos de proteína à base de plantas contaminados com STEC ou Listeria. No entanto, produtos à base de plantas podem conter esses patógenos se forem processados com matérias-primas contaminadas ou em um ambiente de processamento de baixa qualidade, apontou Luchansky.
“Precisamos de mais pesquisas sobre como inibir e/ou destruir bactérias patogênicas e proteger melhor os consumidores contra doenças transmitidas por alimentos”, acrescentou.
Os consumidores podem reduzir o risco de adoecer ao manusear produtos à base de plantas da mesma forma que manuseiam carne crua e cozida, disse Porto-Fett. Siga os ‘Quatro C’s de Segurança Alimentar’, que são Cozinhar (160º F), Limpar, não contaminar e Resfriar.
Fonte: Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.