Meus caros e fiéis leitores, inicio este meu humilde e inocente artigo – assim como o último pronunciamento de Sua Excelência o Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva -, o “Lulinha Paz e Amor”, com a mesma sensação psíquica e de revolta dos Parlamentares do PT que se esvaíram em lágrimas frente à realidade dos fatos que desmoronaram as principais doutrinas do Partido dos Trabalhadores, após o depoimento do “mestre Duda”.
Nunca imaginei poder dividir sensações igualitárias com membros de um Partido Político que sempre viveu em uma fantasia histórica de assumir o Poder do País com o intuito de preservá-lo “ad eternun” e sem nenhum programa de governo, com propostas irreais e inviáveis.
Vou, entretanto, por mais natural e instigante que seja discutir este assunto com maior profundidade, tentar aproveitar este precioso espaço que me é concedido para considerar apenas os reflexos naturais e aparentes que comprometem o agronegócio nacional devido à desordem econômica, política e social que o Governo brasileiro vivencia diante dos fatos a que somos bombardeados desde a posse do Presidente, que de “nada” sabe.
Desde o início do Governo “Lulinha Paz e Amor” eu venho apontando as intermináveis desigualdades e desvios cometidos na tomada de decisões que poderiam vir a produzir efeitos nefastos no setor mais competitivo e com maior potencial de crescimento deste País.
Um ponto é claro: o agronegócio nacional ergueu-se, sobretudo, no início da administração do Presidente Fernando Henrique Cardoso, na gestão do Ministro Francisco Turra, e consolidou-se como o mais moderno, sustentável, eficiente, arrecadador de divisas e impostos, distribuidor de renda e desenvolvimento sob o comando do Ministro Pratini de Moraes – gerando reflexos positivos imediatos para a economia e para a sociedade brasileira.
Em 2004, o Brasil exportou US$ 96,4 bilhões, o que corresponde a somente 1% do mercado mundial, que gira em torno de US$ 7 trilhões. Deste total exportado, o agronegócio nacional respondeu por cerca de 42% – crescimento de 30% ante o ano de 2003 – rendendo ao País um saldo na balança comercial de mais de US$ 32 bilhões. Trata-se tão somente do maior saldo comercial do agronegócio mundial (ICONE).
Um claro exemplo de que medidas do passado geraram resultados positivos – hoje comprometidos por diversas razões – é o fantástico crescimento das exportações do complexo carne que saltou de US$ 1.896 bilhão, em 2000, para US$ 6.143 bilhões, em 2004, das exportações do complexo soja de US$ 4.195 bilhões, em 2000, para US$ 10.047 bilhões, em 2004, além da expressiva contribuição que commodities como milho, açúcar, pescados e algodão desempenharam para a formação do quadro exportador agrícola brasileiro.
No caso específico das exportações brasileiras de carne bovina, devido a seriedade com que se tratou a questão sanitária no Governo anterior, o Brasil saiu de uma exportação de US$ 500 milhões, em 1998, para uma expectativa de US$ 3 bilhões ao final deste ano. Atualmente, o setor emprega aproximadamente sete milhões de pessoas direta e indiretamente.
Além disso, o setor contribui com o sucesso do agronegócio respondendo por 25% do total das exportações mundiais de carne bovina, em que pese mais de 60% do mercado mundial esteja fechado por medidas sanitárias descabidas e injustificadas, como forma de protecionismo aos produtores dos países, principalmente os desenvolvidos. Apesar disso, atualmente o Brasil exporta carne bovina para mais de 154 mercados ao redor do mundo.
No entanto, o reflexo de muitos erros e tropeços ao longo dos dois anos e meio de governo petista leva a agricultura brasileira a uma drástica queda de rentabilidade, quase que em todos os setores, principalmente o de grãos que, além do descuido do Governo, sofreu em alguns Estados da Federação enormes perdas devido à estiagem. Dessa forma, estou convicto de que os setores do agronegócio dependentes das cadeias de grãos sentirão mais fortemente a crise atual, no curto e médio prazo.
Após assistir a total alienação de Sua Excelência o Senhor Presidente da República, “Lulinha Paz e Amor”, acerca do que ocorre no seu Governo e até mesmo dentro do seu Gabinete Palaciano, interpreto que as trapalhadas do seu Governo não poderiam ser do seu conhecimento.
Um Presidente como o “Lulinha Paz e Amor” não permitiria que a agricultura do conhecimento enfrentasse o atual descaso em detrimento da agricultura familiar, das altas taxas de juros aplicadas aos agricultores que fizeram uso das linhas de crédito oficiais, da atual política cambial, das altas taxas de juros fixadas pelo Banco Central, da falta de recursos para a defesa agropecuária, do inchaço da máquina pública com petistas altamente desqualificados, entre outros.
Uma última consideração. A convicção de que a maioria das dificuldades criadas pelo atual Governo e que torna cada vez menos atrativa a prática da agricultura de precisão e conhecimento no Brasil, nestes dois anos e meio de pleno sofrimento, é perfeitamente explicável pela operação mental com que o Partido dos Trabalhadores assumiu o Poder: considerar irrelevante tudo aquilo que foi construído no passado – que não era do seu interesse – e manter tudo aquilo que preservasse uma feliz e longa vida no Poder do Planalto Central.
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Caro Otávio,
Infelizmente o nível do Lula está mais para sindicalista do que para estadista. Se o PT não consegue controlar as despesas e a corrupção dentro do próprio partido como pode querer governar o país?
Com juros neste patamar, com aumento dos preços dos insumos e a baixa remuneração dos produtos agropecuários não conseguiremos sequer pagar nossos custos.
O superávit do agronegócio que ocorre hoje é fruto de trabalho de anos dos produtores rurais e não deste governo.
O resultado desta atual política agrícola será vista daqui para frente em toda cadeia produtiva e seus reflexos na economia do país.
Quanto ao atual ministro da agricultura vale lembrar “pior que errar é ser omisso”. Aí irão dizer que é crise política e não incompetência.
Acho que deus deixou de ser brasileiro, pois hoje o país parece mais ser o inferno.
Rodolfo E. Neto
Pecuarista
Meu caro jovem Otávio Cançado,
Gostei muito de teu artigo.
É preciso que se diga em alto e bom som, que o Brasil, apesar de seus eventuais presidentes, está indo muito bem, obrigado, graças aos nossos patrícios que inovam, trabalham de sol a sol e crêem na iniciativa privada, e mais do que crêem, põem em prática essa verdadeira mola propulsora do progresso humano, e fazem esses números extraordinários, que acabas de expor, tornarem-se realidade.
Mas, da mesma forma é necessário que deixemos bem claro aqui, as razões que levam tantos patrícios nossos, uns inocentes úteis, por ignorantes, como é provavelmente o caos de nosso lastimável Presidente, e outros apenas iludidos com uma quimera do século XIX, o tal “socialismo”, ideologia que, como todas as outras, já nasceu, “velha” porque inspirada no passado, isto é, para combater as mazelas daquele incipiente capitalismo liberal que tudo permitia ao capitalista neófito, deslumbrado e ignorante como a maioria absoluta dos homens daquela época primitiva.
Marx então, elege o capital e sua fonte geradora, a propriedade privada, os demônios da espécie humana, mais ou menos como, se hoje, apontássemos as armas de fogo como as causas da violência humana, quando apenas são um instrumento que o homem pode usar de forma inadequada, cabendo à instituição governo, regular e coibir seu uso indevido na sociedade.
Obviamente, o principal objetivo evocado, pela teoria de Marx, “a justiça social”, é o grande objetivo de todos os seres humanos racionais, mas esse objetivo, apesar de ser nobre e belo, não é propriedade dessa ideologia equivocada.
A Rerum Novarum de Leão XII, e o capitalismo moderno defendem essa mesma justiça, como condição elementar para o progresso justo da sociedade humana.