As perspectivas para a pecuária de corte brasileira continuam muito promissoras. As estimativas de aumento das exportações feitas no final do ano passado, consideradas com cautela inicialmente devido ao provável retorno da Argentina e do Uruguai ao mercado internacional em 2002, estão se confirmando. Conforme notícia recente, as exportações de carne bovina “in natura” brasileira aumentaram mais de 30 % nos últimos doze meses. Embora a taxa de câmbio favorável tenha ajudado bastante, o mais promissor é que apesar da Argentina e do Uruguai terem de fato voltado ao mercado internacional, praticamente regularizando suas exportações, o Brasil não só conseguiu manter como aumentar suas exportações. Um outro ponto importante que esse aumento do mercado mundial de carne bovina sinaliza é que o trauma causado pela doença BSE (vaca louca) no consumo está se dissipando.
Um reconhecimento especial precisa ser creditado à atuação do Ministro da Agricultura e a alguns de seus auxiliares nessa nova fase de expansão do mercado internacional para produtos da agricultura brasileira, em especial para o caso da carne bovina. Isso vem acontecendo apesar de alguns desencontros, tanto por parte de alguns setores do Ministério relacionados à implantação da cerificação para fins de rastreabilidade, como por parte do setor de abate devido ao seu aparente descrédito inicial e à sua resistência em participar do custo dessa certificação.
Também não pode ficar livre de críticas o setor produtivo, que ao invés de se preocupar também com a identificação e cadastramento do rebanho, ficou mais preocupado em garantir o repasse de todo o custo ao setor de abate.
Embora sem acompanhar a desvalorização do real, o aumento do preço da arroba de boi gordo tem sido contínuo e alcançou níveis razoáveis. Além do aumento das exportações, tanto o momento político como a ocorrência de um período seco mais prolongado do que o normal, têm contribuído para esse aumento de preços. Para contrabalançar o aumento de valor da arroba, ocorreu um aumento substancial dos preços dos insumos, em especial de ingredientes de ração para confinamento e para semi-confinamento. Como seria de esperar, tem havido lamentações e reclamações de produtores com a atual situação. Entretanto, os produtores mais eficientes, provavelmente uma minoria, que normalmente têm desenvolvido e aplicado planejamento da alimentação em termos de manejo de pastagens, produção de volumosos e produção ou aquisição de alimentos concentrados nas épocas de melhores preços (safra), estão colhendo pelo menos parte dos frutos esperados.
Tendo em vista que mesmo diante de um quadro de quase ausência de planejamento e de gerenciamento da atividade de pecuária de corte como um todo, o Brasil já é um dos principais produtores e exportadores, imaginem o que poderá ser nossa pecuária em futuro próximo com a introdução de tecnologias adequadas de produção e de gerenciamento.