A área plantada de cana no Brasil ainda é pequena, 6 milhões de ha, frente aos mais de 200 milhões de ha de pastagens. Em municípios onde se instalam ou se ampliam usinas de cana, muitos pecuaristas se tornam fornecedores, ou arrendam/vendem suas terras para essa finalidade. Isso tem mexido com os ânimos de muitos, em regiões como o estado de SP. É preciso avaliar os fatos e procurar entender as consequências dessa nova realidade na agropecuária brasileira.
O Brasil é hoje o foco das atenções mundiais em matéria de bioenergia. Somos um dos maiores produtores de etanol do mundo. Temos o setor mais competitivo nessa área, com a mais avançada tecnologia de produção de álcool à base de cana-de-açúcar. A pecuária de corte brasileira se destaca pela competitividade dos preços e enorme aumento de participação no mercado mundial. Há dez anos éramos exportadores ocasionais de volumes pouco representativos. Hoje somos os maiores exportadores de carne bovina e todos os estudos prevêem aumento da participação brasileira nos próximos 10 anos.
O crescimento do álcool brasileiro e os bons preços pagos aos produtores de cana-de-açúcar (especialmente em 2006) são grandes estímulos ao aumento da produção de cana no Brasil. A área plantada de cana no Brasil ainda é pequena, 6 milhões de ha, frente aos mais de 200 milhões de ha de pastagens. Em municípios onde se instalam ou se ampliam usinas de cana, muitos pecuaristas se tornam fornecedores, ou arrendam/vendem suas terras para essa finalidade. Isso tem mexido com os ânimos de muitos, em regiões como o estado de SP.
É preciso avaliar os fatos e procurar entender as conseqüências dessa nova realidade na agropecuária brasileira: álcool combustível sendo utilizado cada vez mais, no mercado interno com seus carros flex-fuel (que funcionam com gasolina, álcool e suas misturas) ou no iniciante, mas promissor, mercado internacional de etanol.
Hoje, no Brasil, mais de 80% dos carros 0km vendidos são flex-fuel e a cada dia são lançados novos modelos com esse tipo de motor. No mercado internacional, a BM&F acaba de lançar um novo contrato futuro de etanol. Importantes lideranças do agronegócio brasileiro estão engajadas a desenvolver o mercado internacional da commodity etanol, criando padrões e regras de comercialização e costurando acordos internacionais.
A previsão atual é de que o Brasil aumente sua área de cana em mais 6 milhões de ha nos próximos 5 anos, computando-se as usinas já em construção, ampliação e projetos aprovados. O crescimento pode ser bem maior, já que o interesse pelo produto é crescente e o mercado de energia mundial é enorme. Hoje, na matriz energética mundial, menos de 1% é fornecido por combustíveis de origem agrícola. O mercado potencial é incrivelmente grande.
Há estudos prevendo um aumento de área de cana de 20, 30 e até incríveis 40 milhões de ha. Adivinhe de onde virão essas áreas agrícolas para produção de cana? A principal aposta são as pastagens para pecuária de corte. Além disso, com o aumento da produção de milho nos EUA para produção de etanol, os preços internacionais do milho e da soja aumentaram muito, estimulando o aumento da produção, inclusive no Brasil. Milho e soja vão aumentar no Brasil graças ao aumento de produtividade, mas também graças ao aumento de área, que também deve vir da pecuária. Ao mesmo tempo, em muitas regiões, crescem as áreas para produção de madeira e celulose.
Com uma migração de 20 milhões de ha ou mais, quais serão os impactos para a cadeia produtiva da carne? Muitas são as perguntas e fatores a serem avaliados. A produção vai diminuir? Os preços do gado vão aumentar? Os preços da carne também? Como ficará o mercado mundial, com o Brasil fornecendo quase 30% do que é comercializado entre países? O que pode ser feito, ou precisa ser feito para manter a perspectiva otimista de aumento da importância brasileira no mercado mundial da carne bovina?
Para analisar os impactos da bioenergia na produção pecuária é preciso entender quais os fatores levam um produtor a mudar para cana ou se manter na pecuária, quando essa possibilidade surge com a instalação de uma usina nas proximidades de sua fazenda. O principal fator é a rentabilidade esperada e riscos envolvidos. As decisões tendem a ser tomadas em direção das atividades que melhor remunerem. Quanto maior risco, com a mesma rentabilidade, menor sua atratividade. Muitos produtores, porém, têm um envolvimento com a pecuária além do financeiro. Para muita gente que trabalha com pecuária há um fator emocional nessa análise “o que vale mais a pena”? O prazer, satisfação e tradição também estão envolvidos. Pesam, e muito. Poderíamos resumir em: lucro, risco e emoção.
Por onde a cana chega, traz consigo uma promessa de altos lucros, principalmente devido aos ótimos preços recentes (2006). A emoção é um fator caso a caso e geralmente faz da pecuária a escolha final, se a diferença existir, mas não for significativa. Esse “colchão” da emoção e tradição não são capazes de segurar quando a diferença é muito grande. O risco da pecuária tem aumentado nos últimos anos, em especial o risco de preço, devido aos recentes casos de aftosa e intranquilidade referente a defesa sanitária brasileira e acesso a mercados. As recentes dificuldades com União Européia, Rússia e Chile, três dos quatro principais mercados brasileiros são bons exemplos.
Se a perspectiva de altos preços para a cana se mantiverem, juntamente com os atuais preços do boi gordo (BM&F a R$ 60-61 para outubro/07 e R$ 64 para outubro/08), é provável que a migração para produção de cana ocorra sempre que se construir uma nova usina. Mesmo com todos os riscos envolvidos em se entrar em uma nova atividade, pouco conhecida. Outro aspecto que ocorre ao se migrar para cana é a desestruturação de benfeitorias, pastos, cercas, bebedouros. Depois o pecuarista pode não conseguir voltar. Isso no entanto, não tem se mostrado um grande empecilho nas regiões onde recentemente a cana entrou.
Isso é negativo, ou há facetas positivas nesse cenário? Primeiro, com a entrada de cana, gerando mais renda, é provável que muitos produtores optem pela produção de cana em parte de suas propriedades, mas raramente isso irá ocorrer em 100% da fazenda. Uma diversificação da propriedade tem muitos pontos positivos, como menor risco, aumento da renda e melhor fluxo de caixa.
Essa maior renda permitiria maiores investimentos na parte pecuária. E o melhor fluxo de caixa permitiria uma melhor comercialização, uma vez que a venda (da produção) ou compra (dos insumos) poderá ser feita na melhor época. E não mais naquela em que há capital disponível.
A produção vai diminuir? O mais provável é que a produção mude de “endereço”, se deslocando para outras regiões, como já vem ocorrendo nos últimos anos. São Paulo, por exemplo, deve ser cada vez mais um estado “terminador” de bovinos, com participação decrescente na produção de bezerros. Esse ano, em plena safra, a arroba do boi gordo não teve recuos. Para essa entre-safra, com os maiores preços da ração animal e de reposição, é esperada uma oferta menor do que em 2006.
Nos últimos anos muitos reclamam de uma super-oferta de animais, que reduziu os preços do boi gordo e aumentou o poder de barganha dos frigoríficos. Um ajuste na produção de gado pronto para abate, juntamente com melhoria no fluxo de caixa do produtor pode melhorar consideravelmente as condições de negociações do lado do produtor.
O resultado financeiro de uma fazenda não será melhor se tivermos uma redução da produção, sem inclusão de alguma outra atividade. No passado recente, alguns sugeriram a simples redução da produção, esperando melhores preços futuros. A opção por direcionar parte da área para outras atividades é mais vantajosa, principalmente quando essas novas opções de atividades tem melhor rentabilidade. O grande impacto da bioenergia no mundo pecuário, hoje, é o aumento da atratividade para produção de milho, soja, e no Brasil, cana. Em outros países, o aumento do preço dos grãos impacta fortemente os custos de produção. No Brasil até o momento impactou nos custos de frangos, suínos e dos confinadores.
Até pouco tempo atrás, alguns poderiam dizer que os frigoríficos não precisavam estimular a profissionalização dos pecuaristas. A pressão por maior rentabilidade iria fazer com que o manejo dos pastos, a nutrição mineral, o controle reprodutivo, enfim, tudo melhorasse, aumentando a eficiência de uma fazenda. Uma conseqüência natural e gratuita seria o aumento da qualidade dos animais produzidos. Hoje, os pecuaristas que tendem a se manter na atividade, como em qualquer setor da economia, são aqueles mais eficientes, que controlam custos. O “problema” é que esse perfil de pecuarista será o primeiro a avaliar as opções de outras culturas, mais lucrativas, que possam surgir em sua região.
O pecuarista é, cada dia que passa, um agricultor, que nesse caso cultiva capim (e também silagem, feno, etc), que avalia a cada safra suas melhores opções. Vide o crescimento da integração lavoura-pecuária em diversas regiões do Brasil, com agricultores virando pecuaristas e vice-versa. Difícil acreditar que o surgimento de novas e lucrativas opções de cultivo seja negativo para o pecuarista/agricultor.
Essas novas opções podem sim, ser negativas para outros elos do setor. Fornecedores de insumo especializados em pecuária estão cada vez mais fortalecendo a atuação nas regiões mais ao norte do país. Produtores de genética (em especial tourinhos) tendem a ser prejudicados, pois o frete é um item importante no custo do produto. Quem estiver mais perto do mercado consumidor, tende a ter melhor receita líquida. Nesse caso, fazendas produtoras de genética têm migrado de SP para outras regiões. Os frigoríficos também podem começar a ter problemas de fornecimento, em regiões onde a cana-de-açúcar (ou outras culturas) crescerem muito.
O avanço da bioenergia pode ser uma ameaça no curto prazo para alguns setores da cadeia da carne, mas ela pode servir como um alerta muito forte para necessidades de mudança dentro do próprio setor.
A partir do momento que a indústria sofrer concorrência por áreas de bois gordos, não por outros frigoríficos, mas por parte de usinas de cana (ou similares) não poderá ter seu negócio baseado no lucro da compra. Terá que buscar maneiras de aumentar o valor do produto vendido, para lucrar na venda, e poder pagar mais na compra. O etanol de cana-de-açúcar ganhou espaço pois conseguiu se tornar mais barato, por unidade de energia, que o petróleo.
Qual será a chave para a lucratividade da pecuária de corte? Como o Brasil, tendo os custos de produção mais competitivos do mundo, pode ter produtores desestimulados e em busca de novas opções? Um ponto chave, que o Brasil infelizmente parece que “aprendeu” a conviver e a suportar, é a aftosa. Graças a nossa incapacidade de erradicar a febre aftosa no Brasil, não conseguimos exportar para os principais mercados do mundo, em especial aqueles que mais pagam.
O que seria dos produtores e indústrias da Austrália, se não pudessem exportar carne in natura para Japão, EUA, Coréia do Sul, Canadá e México? Será que estariam numa situação pior ou melhor que os produtores brasileiros? Com certeza muito pior. Da mesma forma que os produtores e indústrias do setor sucro-alcooleiro não conseguirão ter lucro se não conseguirem vender seus produtos (açúcar e etanol), a cadeia da carne ficará fadada a margens inferiores ao seu potencial, se continuarmos a não encarar problemas como a aftosa e relações comerciais do passado, inadequadas para a realidade atual.
Talvez o avanço da bioenergia seja um grande catalisador da melhoria e profissionalização nas relações comerciais na cadeia da carne, hoje marcadas por desconfiança e foco no curto prazo. Um produto com as características da carne bovina, com diversas possibilidades de agregação de valor e ciclo de produção bastante longo, entre a escolha da genética e o prato do consumidor, tende a se beneficiar de relações comerciais de mais longo prazo.
O acesso aos principais mercados mundiais, a ser obtido com o controle efetivo da aftosa, poderá aumentar a rentabilidade da produção pecuária, uma vez que aumentará o faturamento total do setor, que venderá mais carne, com melhores preços. Isso é necessário, mas não suficiente. O relacionamento comercial também precisará mudar, para aumentar a rentabilidade do setor produtivo.
Dessa forma, há alguns possíveis cenários futuros. O primeiro é o de melhoria nas relações comerciais, com aumento dos preços pagos ao produtor, podendo estimular a manutenção e até expansão da produção. O segundo é manutenção das práticas de comercialização atuais, com produtores migrando para outras atividades, quando possível, graças a viabilidade de regiões para outras culturas, logística e domínio da tecnologia. Isso reduziria a produção pecuária, forçando a indústria a tomar novas iniciativas, caso visem continuar a expansão do setor.
A terceira opção é o setor industrial investir no setor primário, verticalizando a produção. Parece haver uma tendência na produção de citros no Brasil, onde a indústria tem optado por investir na produção agrícola própria, ao invés de melhorar o preço pago ao produtor. Com isso, em muitas regiões, o produtor de citros migra para cana. O mesmo ocorre em algumas regiões do Brasil, onde frigoríficos, com aporte de financiamentos, investem em confinamentos, arrendamento de fazendas e compra de bezerros.
0 Comments
Nos 500 anos de Brasil, já vimos ciclo do café, ciclo da borracha (seringa), ciclo do ouro, ciclo do boi, etc e etc; todos se foram uns voltaram, a pecuária está ai este tempo todo com alguns altos e baixos, mas conseguiu se manter até hoje.
Neste momento vivemos mais um ciclo – a cana de açúcar – etanol, que com certeza vai mudar a geografia da pecuária, pois é perto das indústrias de álcool (usinas) que é vantajoso plantar cana, então o estado de São Paulo – hoje um terminador de bovinos – vai perder área para cana de açúcar, novas fronteiras deverão ser abertas e o semi-árido do Nordeste desponta como um novo oásis pois as terras em determinadas áreas do Nordeste ainda são muito baratas.
É possível encontrar terras planas, férteis e que produzem sorgo com alto nível de produtividade e capim buffel com muita facilidade; aqui no baixio de Irecê por exemplo ainda encontra terra ao valor de R$ 100,00/hectare; nesta região é possível ganhos de peso de 900 g/dia a nível de pastagem e suplementação com volumoso a base de sorgo – o sorgo silageiro alcança 45-50 ton/ha e ainda um rebrote deste sorgo e aproveitamento para pastejo direto – é ver para crer.
Muito bom seu artigo, em termos gerais, infelizmente, mais uma vez, como muitos articulistas, passou por cima, só tocando de leve no assunto, do brutal processo de cartelização por que passou nosso setor, nos últimos anos.
Houve uma gigantesca transferência de renda, dos pecuaristas, para meia dúzia de industriais, competentíssimos, que transformaram-se em multinacionais em 5 ou 6 anos.
Toda a “revolução” tecnológica da nossa pecuária foi feita pelos pecuaristas, sem qualquer apoio da indústria, que se apropriou dos ganhos daí advindos, por práticas condenáveis de mercado e comercialização, sob o olho complacente e cúmplice do governo Lula, que muito se beneficiou dessa carne barata, e de quebra, ainda viu uma classe de produtores rurais, ideologicamente detestada pelo PT, enfraquecer-se financeiramente dia a dia.
Bem vindo o etanol, que está dando novo fôlego a nós produtores rurais.
Muito interessante. Tenho sempre me balizado nos artigos produzidos por vocês.
Obrigado, Miguel. Opinão deste tipo tem me ajudado muito na análise do setor.
Mas, a pecuária continua…
Boa matéria, é alento para nosso ego, que se encontra em baixa, o produtor de gado é um apaixonado pela criação, mas se vê obrigado a largar tudo, acabaram com cercas, coxo de sal, etc, e transformar em cana, também com 4 anos de baixo preço, ninguém aguenta.
Caros Amigos,
Sou economista, bacharel em direito e pecuarista há 40 anos. Tive a sorte de fazer pós graduação na FGV do Botafogo, 10o andar, com o mestre Mário Henrique Simonsen.
Muito se fala – e muito se fala porque muitos estão envolvidos no processo – e vejamos o frango hoje tem produção em toneladas quase iguais à do gado bovino, e temos mais a produção de suínos, ovinos, caprinos, peixes e me permitam a citação, até jacarés, nas churrascarias concorrem com a carne bovina.
Era de esperar, sob as leis da economia clássica, que a bovinocultura perdesse espaço e preço. E lembro a raça Nelore como a grande revolução, inseminações, pulverização dos valores genéticos obtidos, a produtividade dos rebanhos brasileiros foi aumentada de forma espetacular ao lado da sanidade.
Portanto, quem é pecuarista precisa se precaver, saber que tem fortes concorrentes. E, se não for eficiente, terá que sair fora da atividade.
Eu, aliás, desde 1999 mudei para ações e fundos de investimentos. E vejam, se não fosse o violento aumento – maior exportador mundial de carne bovina – a pecuária brasileira estaria em penúria bem maior.
Agradeçamos isto às ocorrências de “vaca louca”. Deixo o registro e opiniões para aqueles que ainda não refletiram, o etanol + cana podem invadir áreas de pecuária, mas não vai tornar a pecuária atividade rentável.
Reflexão a todos.
Antonio Carlos
A artigo lido, aumenta minha assiduidade no site. Sou geógrafa e estudo a pecuária paraense e suas relações com a organização do território, principalmente em regiões de frente pioneira como São Félix do Xingu, no Pará.
Aqui a questão da cana-de-açúcar não se impõe. Mas o biodiesel já chegou nas áreas mais longínquas de produção pecuária. A crise da pecuária que era derivada dentre outras coisas, pela questão da aftosa (já superada) levou muitos produtores a iniciarem o plantio de mamona. O biocombustível entra de maneira silenciosa nas regiões de pecuária na Amazônia, e não sabemos como isso vai impactar as estratégias dos pecuaristas no futuro. Mas sua análise sobre a cana-de-açúcar me ajudou a ter algumas iluminações.
Grata.
Maria do Carmo Américo – MPEG/GEOMA/MCT
O Miguel da Rocha Cavalcanti faz uma análise atual sobre os desdobramentos do avanço da agricultura bioenergética sobre a pecuária. Seu foco principal delineia o procdeimento que os pecuaristas terão que tomar: inovação tecnológica e de gestão.
Esta questão também terá desdobramentos na Amazônia, não apenas no sentido do deslocamento da fronteira da pecuária, mas da própria produção do etanol na região. A ESALQ prestou recentemente consultoria ao governo do Pará e delimitou só na banda oriental do Estado uma área com onze milhões de hectares aptas ao plantio da cana-de-açúcar, ou seja quase o dobro da área que é plantada com cana-de-açúcar atualmente no país. Considere-se que a posição geográfica do Pará é estratégica para a exportação dessa commodity para os países desenvolvidos.
Novos desafios sempre moveram a sociedade, ou segmentos desta, a mudar de comportamento, parece-me que este será o da pecuária avançar ainda mais como setor produtivo profissionalizado, desvinculando-se cada vez mais daquele aspecto que o articulista tão bem colocou, de base sentimental.
Saudações,
Fancisco Barbosa
Minha compreensão da análise de Cavalcanti se aproxima da leitura de Benedito Barbosa.
Mas quanto a questão dos desdobramentos, ainda temos um longo debate. O que eu afirmo, é que na região sudeste do Pará, até São Félix do Xingu, ocorre o avanço da plantação de mamona. Desconhecia o estudo da ESALQ. Quanto a questão da profissionalização, ela é um desafio para toda a da cadeia pecuária bovina, em específico, para elo da produção (pecuaristas). A questão “sentimental” ou cultural deriva dos mecanismos de expansão das frentes pioneiras e seu peso na organização da cadeia tende a reduzir, a medida, que os elos a montante da cadeia exigem novos comportamentos. Então, este é um debate muito interessante e necessário.
Maria do Carmo Américo
Caros colegas,
Acredito que de alguma forma a bovinocultura de corte Brasileira tem, e esta se tornando mais rentável. Até porque os produtos substitutos ou concorrentes a carne bovina, os principais, frango e suíno, também tendem a evoluir seus preços visto que seus custos de produção são extremamente dependentes do preço do grão. E, estes podem ter seus preços afetados diretamente pela produção de biodiesel (no caso de oleaginosas) ou indiretamente no caso dos grãos amiláceos, por competição por área, aumento da procura e redução de oferta.
Com melhoras na rentabilidade da atividade, aumento da disponibilidade de resíduos (Cana: Bagaço, Biodiesel: tortas desemgorduradas, farelos) e redução de áreas disponíveis a criação. O confinamento deverá crescer muito, e poderá ser a grande saída em termos de produtividade e produção de carne bovina, sem que o boi entre na floresta.
E, com aumentos na rentabilidade o descarte do gado leiteiro (Novilhas, Vacas e bezerros), entrará no confinamento, melhorando as taxas de desfrute dessas categorias animais, assim como os Estados Unidos que já consegue viabilizar o confinamento desses animais.