A pecuária bovina de corte e a soja, os principais produtos de exportação do Tocantins, foram eleitos pelos agentes de desenvolvimento local como os clusters, ou arranjos de cadeias produtivas horizontais, prioritários para serem implantados no Estado. A partir dessa decisão, explica o gerente executivo de Estudos Econômicos do Banco da Amazônia (Basa), Hélio Graça, será feita a reprogramação das aplicações do Fundo Constitucional de Investimentos do Norte (FNO), para o ano de 2003. Técnicos do Basa, parceiros da instituição e produtores encerram hoje em Palmas o planejamento das aplicações dos recursos do Fundo para o próximo exercício.
A estimativa é de que sejam destinados ao Tocantins cerca de R$ 100 milhões. O orçamento deste ano é de R$ 82,6 milhões e em 2001 foram aplicados R$ 129,5 milhões.
Embora a carne e a soja sejam os produtos que terão uma atenção especial, tanto por parte do fundo quanto dos órgãos parceiros, Graça assegurou que outras atividades vão continuar a receber financiamento do FNO. Dentro de duas a três semanas será promovida uma nova reunião para criar o comitê gestor que vai cuidar da implementação desse arranjo de cadeias produtivas. Ou seja, a partir daí começam as ações de campo, que envolvem atividades como pesquisa de mercado, busca e aplicação de tecnologia, dentre outras.
Ele diz que o diagnóstico elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), orienta, mas não é imutável, o que significa que, ao longo da implantação dos clusters, eles podem ser adaptados. As outras duas cadeias potenciais apontadas no estudo do Ipea são o arroz e o abacaxi.
Hélio Graça explicou que, além da metodologia do cluster estar apoiada no suporte financeiro do FNO, sua implantação toma como base também as linhas de ação dos governos federal e estadual. Os clusters abrangem um conjunto de empresas e entidades que trabalham para gerar competitividade. Abrangem, por exemplo, fornecedores de insumos especializados, de máquinas, serviços e infra-estrutura, além dos canais de comercialização, qualificação de mão-de-obra, desenvolvimento de pesquisa e aplicação de tecnologia, controle de qualidade e suporte técnico, dentre outros.
Experiência ampliada
Nos Estados Unidos já é desenvolvido há mais de 20 anos e no Brasil a experiência é vista no Nordeste, Minas Gerais, Pará e Amazonas. O Basa quer implantar essa metodologia nos nove estados da Amazônia onde atua.
O gerente lembra que durante os últimos 12 anos o banco aplicou na região Amazônica em torno de U$ 2 bilhões, a maior parte oriunda do FNO, que beneficiou sobretudo o setor primário, tendo a frente pecuária, agricultura e extrativismo. O crescimento da região levou à necessidade de se agregar mais valor a essas matérias-primas.
“A região quer deixar de ser mera supridora de produtos primários”, acrescenta. A partir daí a instituição contratou o Ipea para estudar os clusters potenciais de cada um dos nove Estados e agora quer inovar com a experiência de implantar essa metodologia para melhor otimizar a aplicação dos recursos.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Ivonete P. Motta), adaptado por Equipe BeefPoint