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25 de janeiro de 2010
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27 de janeiro de 2010

Pecuária inteligente: o desafio 2010

O início do ano é sempre um momento de reflexão, dos erros e acertos do ano que passou e do que podemos esperar pela frente e principalmente o que podemos fazer para tornar esse ano que se inicia melhor. Há uma grande lista de fatores fora do nosso alcance, mas há também bastante coisa que pode ser feita. Conseguir focar na esfera do nosso alcance traz resultados muito melhores. A cadeia da carne passa por uma série de desafios. Neste Editorial fiz uma reflexão dos temas mais relevantes. Convido-o a participar comigo dessa avaliação e também a dar sua opinião ao final do artigo, concordando, complementando ou discordando.

O início do ano é sempre um momento de reflexão, dos erros e acertos do ano que passou e do que podemos esperar pela frente e principalmente o que podemos fazer para tornar esse ano que se inicia melhor. Há uma grande lista de fatores fora do nosso alcance, mas há também bastante coisa que pode ser feita. Conseguir focar na esfera do nosso alcance traz resultados muito melhores.

A cadeia da carne passa por uma série de desafios. Os pecuaristas passam por outros desafios específicos além dos gerais do setor. Visando balizar o que podemos e devemos trazer de conteúdo no BeefPoint em 2010, fiz uma reflexão dos temas mais relevantes. Convido-o a participar comigo dessa avaliação e também a dar sua opinião ao final do artigo, concordando, complementando ou discordando.

Certificação, rastreabilidade e sustentabilidade

Esses três temas devem continuar muito importantes em 2010. A sustentabilidade estará cada vez mais presente na agenda do setor e irá pressionar por maior implementação de programas de certificação de origem, de qualidade e de processos.

A sustentabilidade vem se tornando cada vez mais relevante não apenas por uma pressão direta de entidades da sociedade civil, como ONGs. Isso também acontece por uma mudança de atitude de diversos elos da cadeia produtiva.

Quem iria esperar um acordo dos principais frigoríficos com o Greenpeace? Aconteceu em 2009. Quem iria esperar que bancos e varejo começassem a exigir provas auditáveis de que a pecuária respeita o meio-ambiente e tem responsabilidade social?

Está mudando rapidamente e fica claro que deve se fortalecer em 2010. Há importantes compradores internacionais de couro começando a exigir certificação para sustentabilidade. E por aí vai.

Por outro lado, há uma grande oportunidade nessa questão. A pecuária a pasto e o confinamento eficientes são as duas saídas para a pecuária produzir mais, em menos área e com menos emissões. Para isso será preciso investir em eficiência e boas práticas.

Eficiência e boas práticas de produção

A pecuária de corte é um dos setores produtivos com menor padronização no sistema produtivo. Há uma infinidade de tecnologias, opções. O aumento da eficiência do setor como um todo passa por adoção de técnicas mais produtivas, mais eficientes, com menor custo. É claro que teremos diferenças regionais e também diferenças de propriedade, em especial devido a escala.

Essa busca pela eficiência passará pela adoção de boas práticas. Segundo a Wikipedia, boas práticas é uma expressão derivada do inglês “best practices” que denomina técnicas identificadas como as melhores para realizar determinada tarefa.

Identificar e difundir as melhores formas de se realizar cada uma das tarefas que formam a produção pecuária é uma das chaves para a melhoria do setor. Acredito inclusive que esse foco na difusão de boas práticas poderia ser uma excelente forma de vender serviços e programas de certificação. Será também uma excelente forma de se vender produtos e serviços para pecuaristas.

A adoção de boas práticas não é uma proposta de se “travar” ou “engessar” a produção, mas em se dedicar a estudar cada etapa do processo, visando descobrir qual a melhor forma de se realizá-lo. Definida a melhor forma, ela deve ser usada sempre.

Num bom trabalho de boas práticas há também a preocupação com a inovação e melhoria, que testadas e uma vez aprovadas como objetivamente melhores, são adotadas como a prática corrente.

Diversos setores conseguiram grandes melhorias usando esse método, que é a base do sucesso de empresas como Toyota e Ambev. Boas práticas também implicam em ser possível auditar o sistema produtivo, dando mais segurança ao consumidor.

Na pecuária será preciso aprimorar a produção levando em conta eficiência econômica, produtividade e sustentabilidade. Já existem programas no Brasil atuando dessa forma e fazendas que adotam esse método com grande sucesso. Mas é preciso expandir muito mais.

Concentração de frigoríficos e associações de pecuaristas

A concentração dos frigoríficos é uma realidade que veio para ficar. Está cada vez mais claro para o pecuarista que a situação mudou. O poder de barganha do seu cliente aumentou muito. E também a distância entre o produtor e o tomador de decisão nos frigoríficos, o que ocorre geralmente com o crescimento de uma empresa. É preciso melhorar a negociação e o relacionamento.

A criação e fortalecimento de associações de pecuaristas é uma das melhores saídas para melhorar essa relação, na negociação e também no fornecimento de matéria prima de qualidade e padronizada. Há uma série de serviços e formas de geração de valor de uma associação para seus pecuaristas filiados e também para o setor.

Associações de pecuaristas podem atuar fortemente no desenvolvimento de ações ligadas a sustentabilidade, certificação e boas práticas, visando também a retenção de valor pelo pecuarista. Esse é um tema que queremos abordar muito mais em 2010, uma demanda do setor, que comentou intensamente o artigo “Associações de pecuaristas: oportunidade, necessidade ou apenas uma boa ideia?“.

As associações de pecuaristas podem dar uma grande contribuição para o item a seguir: foco no consumidor e marketing. Em muitos países, em especial nos EUA, os produtores atuam de forma muito pró-ativa na questão do marketing, com grande sucesso. Para isso, é pré-requisito a existência de associações fortes e bem estruturadas.

Foco no cliente e marketing da carne

A renda per capita no mundo vem crescendo e deve continuar a crescer muito nos próximos anos. Com isso, há cada vez mais consumidores com renda para consumir e também renda para consumir produtos de maior qualidade, mais caros. Essa é uma mudança sem precedentes no mundo e a carne bovina vem se beneficiando fortemente desse cenário. O grande aumento das exportações brasileiras para países emergentes se deve a esse fator. Os produtos de origem animal (carnes e lácteos) são os alimentos com maior perspectiva de aumento de consumo nos próximos 15 anos.

Por outro lado, o consumidor tem cada vez mais opções e se torna mais exigente, menos tolerante e se cansa mais rapidamente das novidades. O consumidor já considera a inovação, a novidade como um fato corriqueiro, uma necessidade, quase uma obrigação. A carne bovina inova e comunica pouco. No Brasil, os principais frigoríficos começam a desenvolver marcas e produtos diferenciados, até por influência de outras empresas e marcas compradas aqui e no exterior. Mas ainda é preciso fazer mais.

A carne bovina tem uma forte vantagem em muitos mercados que é ser muito apreciada. Há muitos amantes de carne bovina, amantes de churrasco. A carne é um produto especial, presente em ocasiões especiais.

Há uma grande oportunidade: vender para esses novos consumidores, que agora têm renda para consumir produtos de origem animal. Para isso será preciso investir mais em marketing: tanto em comunicação e relacionamento com o consumidor final, quanto com inovação e desenvolvimento de novos produtos.

Economia e política em 2010

Além de todos os fatores já citados, 2010 será um ano especial. Espera-se um crescimento da economia muito superior ao de 2009. Teremos Copa do Mundo que deve aquecer ainda mais o consumo de alimentos e bebidas. O cenário mundial também é favorável, com retomada do crescimento. Em relação as exportações, o problema é a cotação do dólar, com desvalorização na casa dos 20% entre janeiro de 2009 e 2010. O cenário da economia brasileira e mundial esse ano é muito mais favorável do que ano passado.

Outro fator importante é a eleição presidencial, que também pode ser um desafio para o setor. Com Marina Silva como possível (e provável) candidata, um dos temas importantes da agenda será sustentabilidade e meio-ambiente. Serra e Dilma que pouco (ou nada) falavam sobre isso, hoje se mostram muito mais engajados no tema.

Esse é um grande desafio para a pecuária e para o agronegócio em geral, pois a percepção atual entre agronegócio e sustentabilidade não é positiva. É preciso que o setor atue de forma mais pró-ativa nessa área, se posicionando, para não sofrer mais ataques, ameaças e retrocessos.

Porque pecuária inteligente?

São muitos os desafios para a cadeia da carne em 2010. Pode parecer impossível atender a tantas demandas e ainda lucrar. Acredito que a saída será entender todos esses fatores de forma entrelaçada, interdependente. O desafio é identificar um número reduzido de iniciativas que contribuam positivamente para vários desafios ao mesmo tempo.

Para pecuaristas e suas associações e entidades, a pergunta poderia ser algo como: quais boas práticas de produção podem ser adotadas para aumentar a produção, com sustentabilidade, gerando produtos mais atrativos ao consumidor e melhorando o relacionamento e poder de barganha com frigoríficos?

Pode parecer improvável responder a essa pergunta, mas há muitas coisas interligadas. Aumentar a produtividade e eficiência por meio de boas práticas produtivas também contribui para sustentabilidade. Produzir com mais eficiência em geral produz carne mais apreciada pelo consumidor – mais macia. Gado de qualidade é uma demanda constante de frigoríficos e uma oferta garantida, dentro de padrões auditáveis por ser uma excelente forma de conseguir melhores condições comerciais. Há muita coisa interligada, positivamente relacionada.

Outra frente é a atuação setorial mais forte e eficaz, que pode ser melhorada com associações de pecuaristas mais atuantes.

O sucesso da pecuária em 2010 vai depender de conseguirmos fazer mais com menos. Menos desperdício, menos erros, menos desencontros, menos desalinhamento. Uso inteligente de recursos.

Na sua opinião, quais serão os desafios que a pecuária de corte irá enfrentar em 2010? O que devemos fazer para garantir o desenvolvimento do setor? Envie seu comentário e suas opiniões através do box de carta do leitor.

18 Comments

  1. Louis Pascal de Geer disse:

    Olá Miguel,

    Parabens pelo texto e a mensagem nele contido que mostra onde e como devemos trabalhar, pensar e melhorar as nossas atividades de pecuaria em 2010 que pelo jeito vai ser um ano que promete!

    A questão chave para mim vai ser o que podemos fazer para agregar valor aos nossos produtos, melhorando e barateando o custo de produção onde possivel e atender as exigencias dos consumidores porque uma vez que estes são atendidos geralmente é possivel agregar valor.

    O marketing na cadeia presisa melhorar muito porque até hoje aparentemente tem empresas que nem sequer tem um orçamento para este atividade e quando tem é o primeiro corte quando o calo finançeiro começe a doer!

    Para mim o Beefpoint é o grande veiculo de comunicação entre os elos da cadeia mas tambem deve incluir e atrair os frigorificos, consumidores e o governo nos debates visando aumentar o conhecimento de todos para o bem de todos.

    Um abraço,
    Louis.

  2. marcos teodoro de souza disse:

    quero uma ajuda,pois na minha regiao os frig, nao respeitam o prod. ha muito tempo;a balanca rouba 1 arroba por boi e ninguem consegue tomar providencia, como por, exemplo acionar o IMETRO. pode nos ajudar atraves da CNA?

  3. Enaldo Oliveira Carvalho disse:

    Mais uma vez o Beefpoint cumpre seu papel, esclarendo seus leitores sobre os mais diversos temas que envolve a cadeia produtiva da carne e dessa forma estimulando o debate.
    O ano de 2010 gera muitas expectativas a todos nós, sendo considerado o início de um período pós-crise para diversas economias do mundo, muitos negócios serão retomados e novos mercados podem ser conquistados.
    No Brasil particularmente, temos a meu ver, um grande desafio, pois se trata de um ano eleitoral, que vejo com muita precaução.
    O Agronegócio, que tem sido o sustentáculo da economia nos últimos anos, no entanto, nunca foi reconhecido pela classe política com o seu devido valor, chegando as vezes ser colocado contra a sociedade e sendo chamado de vilão e poluidor.
    Cabe desde já a preocupação nossa com os futuros eleitos, tanto no poder Executivo quanto no Legislativo, em âmbito Federal ou Estadual, quais canditados estarão realmentes compromissados com o setor produtivo, e sem populismo ideológico.
    Sem envolvimento e apoio político de nada adiantará os esforços em sustentabilidade, rastreabilidade, certificação, marketing, etc. Ou seja, jamais haverá pecuária inteligente.
    Que superemos os desafios de 2010.
    Grato,
    Enaldo.

  4. Murilo Borges disse:

    Parabens pela iniciativa do BeefPoint de abordar essas questoes de ordem nacional referente ao nosso setor,mas eu quero deixar aqui algumas reflexoes 1 ponto falando sobre rastriabilidade nos temos que trabalhar para ser certificadas as propiedades ,porque cada estado tem seus orgaos responsaveis pela sanidade animal que todos os produtores declarao suas vacinacoes e estoque de era e sao emitidas as guias de transito animal (gta),as boas praticas nas propiedades todos produtores querem fazer faltam treinamento e escolas de tecnicos agropecuarios regionais,e todos os estados aonde a producao pecuaria e feita no cerrado que e a maioria as areas de pastagens estao totalmente degradadas na maioria das vezes qdo da para fazer integracao agricultura pecuaria viabiliza as coisas mais e areas que so tem vocacao para pecuaria so e possivel com recursos subisidiados se tiver esses recursos paralisa o desmatamento das florestas e para preservar e simples temos que fazer quem tem dinheiro pagar porisso como os paises ricos e os produtores sao preservadores e nao degradadores do meio ambiente que produtor que nao sabe que aa natureza e nosso maior aliado ,nos produtores temos que lutar para criar um mecanismo de proteçao ao produtor e o produto os gdes frigorificos tem que olhar para o produtor como um parceiro e vice verse porque o resultado final e um so p produto carne e para isso nos devemos pensar talvez em criar (uma agencia reguladora de mercado ) ou um conselho igual o consecana temos que debater esse assunto entre nos para podermos pleitear junto a industria e o varejo porque todos os produtores estao em busca cada vez mais de produzir o melhor , temos que criar alianças mercadologicas que cada uma vai atingir seus respecitivos nichos de mercado .
    temos que cada vez mas nos organizarmos para descutir os nossos direitos e deveres porque melhor que nos que somos do setor para saber das nossas necessidades.

  5. Leonardo Cestari de Souza disse:

    O marketing é um trabalho de gestão que busca um equilíbrio entre 03 pontos importantes, o potencial, a necessidade e a expectativa tanto de quem compra quanto de quem vende. Teremos uma pecuária inteligente e respeitada em qualquer parte do mundo a partir do momento em que aconteça este equilíbrio em toda cadeia produtiva.

  6. Paulo Cesar Bastos disse:

    Prezado Miguel Cavalcanti

    Precisamos avançar com pecuária inteligente.Oportuno o seu editorial que aborda pontos fundamentais para o desenvolvimento da cadeia produtiva.Valeu.

    A conjuntura internacional é favorável ao Brasil como produtor de alimentos e biocombustíveis , em paralelo, em consórcio e sem exclusão.A geografia, a diversidade dos climas e extensas terras é o fator que amplia a oportunidade do Brasil.O nosso desafio é aproveita-la.

    Entre os ditos sertanejos está aquele que diz :”quando o cavalo da oportunidade passa selado em nossa frente é preciso monta-lo antes que outro o faça”.

    O desenvolvimento contemporâneo é primordialmente pelo conhecimento.O Japão fez a sua reconstrução no pós-guerra com os célebres, depois internacionalizados, cinco sensos da qualidade os 5S.O nosso país poderá continuar avançando rumo ao progresso através do que eu costumo chamar de caracteres da competitividade ou do crescimento os 5C:Capacitação,Cooperação,Comunicação,Compromisso e Confiança.

    Os assuntos relacionados por você como desafios para um próspero Brasil 2010 estão coerentes com este nosso pensamento dos 5C.

    É isso aí, vamos continuar avançando ,preservando e produzindo.
    Saudações sertanejas

    Paulo Cesar Bastos
    Engenheiro civil e produtor rural

  7. Carlos Eduardo Costa Maria disse:

    Muito bom, o autor retrata fielmente o panorama atual da nossa pecuária nacional.Concordo com o teor das informações, acredito que vivemos uma fase especial e que o pecuarista que souber entender todo este processo estará dando um grande passo na agregação de valor nas suas atividades, pois temos a cada dia, em função do sucesso das políticas sócio – econômicas adotadas ultimamente,entrada de novos consumidores no mercado e com exigências variadas.Acredito que o grande desafio do produtor será entender estas exigências e implementar novas atitudes para que tenha um produto cada vez mais qualificado.Meus parabéns ao Sr. Miguel da Rocha Cavalcanti e toda sua equipe pela lucidez com que o tema foi apresentado.

  8. Marcos Francisco Simões de Almeida disse:

    Prezado Miguel,
    E os mercados? Como Ficam? Estarão dispostos a pagar o preço por todas as melhorias incorporadas na produção? E o dólar?
    Teremos compensações dos frigoríficos?
    Infelismente vivemos num país de políticas tupiniquins e fugir dessa realidade é querer viver em constante “roleta Russa”.
    No Brasil, quer ganhar dinheiro com carne? Só vendendo churrasquinho na porta dos botequins.
    Como produtor, estou cansado! O que aconteceu nos últimos dois anos foge de qualquer análise técnica fundamentalista.
    Só sobreviverá quem conseguir produzir carne a um custo bem baixo, caso contrário: Morrerá.
    Desculpem, mas estou cansado! Procurarei tentar tirar o mesmo valor, sem correções, que investi na atividade, nos últimos 10 anos, e agora descapitalizado, não sei o que vou fazer.
    Desculpe mais uma vez, mas seu ótimo artigo não conseguiu me motivar.
    Abraço,
    Marcos Simões

  9. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Miguel,

    Parabéns pela preocupação em apontar os desafios do setor para 2010.

    Acho que nossa pecuária tem avançado rapidamente desde ó iníco dos anos 70 / 80.

    A ocupação do Centro-Oeste e do Norte do país, a implantação de novas forrageiras, melhorias geneticas – em especial do Nelore, o controle da aftosa e avanços do protocolo sanitário padrão, aperfeiçoamentos na suplementação alimentar, desenvolvimento de equipamentos específicos, melhorias na industria frigorífica e conquista do mercado externo, a ampliação da terminação de animais confinados, ampliação do uso de inseminação artificial, domínio da transferência de embriões e o desenvolvimento de protocolos de inseminação a tempo fixo, uso de marcadores molecures, etc, etc permitiram construirmos / consolidarmos uma das pecuárias mais fortes do mundo.

    Mas sempre existem novos desafios a serem superados, como voc~e coloca bem, e alguns deles exigem uma ação conjunta dos produtores. Acho que rastreabilidade / certificação / sustentabilidade são temas que se enquadram nesta categoria. Uma ação de marketing mais agressiva e aspectos relacionados com a concentração da industria frigorífica também. E para um ação conjunta precisamos de associações, cooperativas, sindicatos e federações fortes e atuantes.

    Faço votos que em 2010 consigamos fortalecer estas entidades representativas com nossa participação mais efetiva e assim prosseguirmos avançando.

    Att,

  10. José Roberto Bruno Filho disse:

    Muito bem colocado o texto Miguel… Parabéns!
    Não só a pecuária, mas qualquer negócio INTELIGENTE, tem ou devem ter bases muito semelhantes, que seria a busca do lucro máximo, através de um trabalho ético e legal.
    A pecuária é uma atividade que passa por transformações extremas desde a estabilidade da moeda, o que a tornou nos ultimos 15 anos muito heterogênea, com sistemas de produção em vários níveis de desenvolvimento e produtividade, mas infelizmente a forma de remuneração da carne ainda é muito igual, fora projetos isolados de pagamento de valor agregado por determinado tipo de carne…
    A desorganização da classe produtora se contrapõe a fatores fora da porteira que interferem diretamente no resultado, como: Oscilação de cambio, oscilação dos preços de insumos, organização do setor frigorífico, sistema tributário, legislação trabalhista, além de questões políticas ligadas ao direito de propriedade, muito grave em algumas regiões… Fatores esses, que não “olham para o preço do boi gordo” para decidir se vão prejudicar mais ou menos a atividade naquele momento… São independentes! Esses fatores, dificilmente serão vencidos individualmente por cada produtor, mas a organização dos mesmos faz com que esses fatores fora da porteira tornem-se menos poderosos e passíveis de uma luta mais igual.
    Acima de tudo é necessário “dentro da porteira” um processo de profissionalização gerencial, uso de ferramentas, há tempos disponíveis, para tornar o sistema de produção mais eficiente e menos sensível. É muito alto o valor investido na atividade pecuária para se dar ao luxo de resistir a essas realidades tão faladas e debatidas… Índice de desmama, Idade e peso de abate, kg de carne por hectare, etc… Taxa de Lotação, Suplementação Estratégica, Manejo Racional, etc…enfim… Como ter uma pecuária inteligente, sem informações que demonstrem um diagnóstico claro da realidade? Sem um plano de trabalho de curto, médio e longo prazo? Que envolva: Orçamentação, capacitação de mão de obra, escolha e execução precisa das tecnologias comprovadamente viáveis e adequadas para a realidade de cada caso…etc, etc, etc, etc…
    Enfim:
    PECUÁRIA INTELIGENTE = ORGANIZAÇÃO DA CLASSE FORA DA PORTEIRA E GESTÃO PROFISSIONAL DENTRO DA PORTEIRA!
    ABRAÇO A TODOS!

  11. walterlan rodrigues disse:

    PECUÁRIA INTELIGENTE.
    Bem oportuno seu artigo e especialmente quando cita a TOYOTA como modelo de um trabalho inteligente.
    A indústria automobilistica fez um levantamento sobre a historia de sua atividade, iniciando com o processo artezanal, passando pela produção em massa para finalmente chegar na produção enxuta. (modelo a ser copiado)

    A avicultura e a suinocultura adotaram a produção enxuta em sua atividade, onde existe um integrador e este fornece aos integrados a materia prima para o acabamento do animal.

    O antigo invernista adotava o princípio da produção enxuta, quando comprava o boi magro
    e fazia a engorda, hoje substituido pelos confinadores. Era o que mais ganhava dinheiro. Não tinha vacas (capital imobilizado que come mais e usa mais terras), necessitava de menos empregados e por aí vai).

    Eu acho o tema palpitante e merece um estudo mais aprofundado, necessitando sobretudo de pecuaristas inteligentes que se disponham a discutí-lo.

  12. Mario Flavio Gondim Pontual Moreira disse:

    Caro colega Miguel, o seu artigo é claro .preciso e inteligente. Porém eles,isto é, ” o sistema”,a “politicagem” e os ” incompetentes” via Brasília permanecem e se perpetuam como metástase e se vangloriam como os donos da verdade, vide a questão do álcool no momento. É de mais, o que dizer da nossa pecuária nas mãos desta gente. Esse ano tem copa e eleição, vai juntar a fome com a vontade de comer e nós,como iremos ficar? ou não ficamos? Agricultores e pecuaristas ou nós damos um basta nesta “raça” ou eles acabam como tem acontecido durante anos conosco e de vez. Tá chegando a hora de irmos para a rua,tá demais e em todos os setores sociais. A agropecuária não merece esses tratamentos via Brasília, abram o olho agropecuaristas irmãos.

  13. Antônio Elias Silva disse:

    Caro Miguel,
    infelizmente tenho de concordar com o Sr. Marcos Francisco Simões, do RJ, não consigo vislumbrar nenhum futuro para a pecuária, especialmente pq a concentração dos frigoríficos, verdadeiros oligopsônios, que estão se transformando em monopsônios (a exemplo do Friboi), impede que o produtor venda o boi a um preço igual ou superior ao seu custo de produção (estimo o custo de produção da @ um pouco acima de R$ 100,00). Infelizmente, não conheço nenhuma instituição que calcula o custo da @ corretamente. A EMBRAPA gado de corte o faz, mas não considera adequadamente os custos de oportunidade da terra (o que o produtor auferiria em juros caso o capital empregado em terra estivesse aplicado em títulos do governo e rendendo sem risco juros de 8,75% a.a.). Mesmo assim, os custos da EMBRAPA Gado de Corte, da última vez que os consultei, eram superiores aos preços percebidos pelos produtores (à época, 2005, o custo estava em R$ 64,00/@, e o preço era de R$ 50,00/@).
    O Valor Econômico há três anos atrás publicou um artigo onde dizia que era impossível alguém enriquecer criando gado. Não é uma questão técnica, o produtor pode usar o estado da arte da tecnologia que não conseguirá produzir boi a R$ 70,00/@. Se for confinado, o custo gira em torno de R$ 120,00/@ (um boi tem de consumir 300 kg de ração para engordar uma arroba. Não há nenhum trato que custe menos de R$ 0,30/kg, e ainda há a mão-de-obra e gastos com máquinas, equipamento, gerência, juros sobre capital imobilizado,etc). Só para os frigoríficos compensa confinar, pois é um meio de regular o mercado e manter os preços fora do equilíbrio natural. Se a produção é via pastagem, com o alto preço da terra no país, em torno de R$ 4mil/ha, de acordo com a FNP, e com lotação máxima de dois bois/ha (o que é mto difícil na prática, pois o período de seca/frio no centro-sul é mto longo), têm-se de imobilizar mto capital em terra, o que torna o negócio tb inviável. Expandir para novas fronteiras no norte está proibido, então não vejo saída. Antevejo que a tendência dos últimos seis anos (quando houve queda da produção de 10 milhões de toneladas de carne bovina/ano para 8,5 milhões de toneladas/ano, deve persistir. Isso só pode ser revertido com uma estrutura em que o produtor dominasse todos os elos da cadeia, o que acho difícil, já que a tendência do mercado tem sido de concentrar as indústrias cada vez mais. Então, creio que a proteína de boi será paulatinamente substituída pela proteína de frango e de pescado de cultivo, cuja conversão alimentar é menor (de 2:1 para o frango, e de 1,2:1 para a tilápia, por exemplo, contra 10:1 para o boi- este tem de sconumir 10 kg de ração para engordar um). Além do mais, a perseguição do meio ambiente vai cada vez mais inviabilizar a pecuária de corte no país. Engordei bois por cinco anos, e desisti do negócio. Fiz tudo de forma tecnicamente correta e tive muito prejuízo. Acho que a pecuária de corte não tem futuro.

  14. Gabriel Augusto Marchió da Silva disse:

    Caro Miguel,parabéns pelas clareza das idéias.
    acho muito oportuno a questão da associação de produtores,isolados os pecuaristas não tem como negociar em pé de igualdade com os frigoríficos,se esta relação já era desigual,o produtor ficou ainda menor frente a concentração das indústrias.
    As cooperativas poderiam fazer um levantamento do rebanho de seus pecuariastas,cujos animais estariam aptos a serem abatidos e formar um ´´pool´´de venda aos frigoríficos da região onde a mesma estaria instalada,creio que os criadores teriam mais força entrando em uma negociação mais estruturada.
    Outra forma de associação seria entre membros de uma mesma família(primos,sobrinhos,filhos,cunhados)que se unissem e aumentariam seu volume de venda e consequentemente o poder de barganha perante as indústrias.
    Sabemos das dificuldades envolvidas para operacionalizar as propostas,mas é preciso deixar de lado o individualismo e encarar a força crescente das indústrias frigoríficas.

  15. Antônio Elias Silva disse:

    Prezados,

    Reclamei no comentário acima da falta de instituições que analisassem e divulguassem o custo de produção da @ de boi, coincidentemente a CNA divulgou um estudo na semana passada, disponível neste endereço: http://www.canaldoprodutor.com.br/noticias/novo-boletim-de-custos-de-produ%C3%A7%C3%A3o-da-cna-evidencia-diferen%C3%A7-de-remunera%C3%A7%C3%A3o-ao-produtor .

    Além dos custos do boi, também foram divulgados o da soja, milho, arroz e leite. O boi só é viável na região de Barra do Garças, Dourados e no RS. O norte do PR registrou custo de R$ 117,00/@, o mais alto, seguido por Uberaba-MG, R$ 107,00/@. A soja só não é viável no MT. O milho não é viável em nenhum lugar. O arroz o é em Itaqui, RS. O leite é viável na maioria dos locais (no entanto, o custo de produção da ordem de R$ 0,60/kg está abaixo do apurado pela Conab no ano passado, R$ 0,82/kg. Isso deve ocorrer em função da queda do preço da ração). Não foram analisados todos estados, e outros estudos serão lançados futurarmente.

    Acredito que esse é um passo fundamental. Veja que esse estudo revela que um produtor em Uberaba paga R$640,00 para produzir um boi de 16@s. Isso mostra que o aspecto econômico da atividade é o que deve ser prioritariamente atacado. Ainda não tive acesso à metodologia utilizada, mas esta deve incluir o custo de oportunidade da terra, que é um custo real e, portanto, deve ser levado em conta. Elaborei uma planilha há algum tempo e cheguei a resultados próximos, tudo dependendo do preço da terra e lotação/ha.

  16. Renata Erler disse:

    Olá Miguel!

    Sua Abordagem foi ótima, e concordo com tudo que foi dito, mas hoje o mercado é muito dinâmico, as coisas mudam muito rápido.

    É difícil para o produtor e também para o empresário rural tomar uma atitude correta quando por exemplo há um aumento absurdo no custo de insumos, o que ocorreu ano passado e ainda não foi estabilizado. Apesar dos preços terem baixado, ainda não chegaram aos patamares normais, e pelo que vejo não vão chegar, pois o mercado mostra alta de alguns produtos e especulam mais aumentos. A ajuda do técnico nessas ocasiões é esencial, vez que este saberá economizar sem comprometer o rebanho, assim como produção em geral.

    Enquanto ao Governo, que pena! Parece que ainda não sabem que a ALAVANCA do Brasil é o AGRONEGÓCIO.

    Com isso tudo, ainda há um grande desafio para todos, que é conseguir produzir trabalhando com as adversidades do clima. Enquando chove muito em algumas regiões, outras já sofrem com estiagem extrema.

    Estamos apenas no mês de fevereiro. O ano de 2010 está só começando.

    Renata Erler
    Zootecnista

  17. Júlio Otávio Jardim Barcellos disse:

    Caro Miguel, cumprimentos pela pertinência e lógica do texto aplicado à pecuária de corte. No sentido de colaborar com os pontos abordados por voce, acrescentaria como ações para o setor:
    1. Formação de recursos humanos especializados para operacionalizarem as tecnologias disponíveis à pecuária de corte. Temos piloto de carros de boi pilotando avião de caça.
    2. Os pecuaristas precisam apropriar rapidamente os novos conhecimentos gerados pela pesquisa e transformados já em tecnologias.
    3. Buscar respostas para problemas pontuais de tecnologia por meio de uma demanda específica para instituições de pesquisas no país.
    4. Criar uma frente de representatividade setorial unida, com conhecimento de causa, habilidade em negociações e que defenda uma pauta mínima para o setor para os próximos anos.
    5. Criar empresas de produção e fornecimento de bois com capital do BNDES no mesmo formato da indústria. A associação de pecuaristas que voce sugere pode ser o caminho para a criação de novos negócios, mas agora também com a moeda pública.
    6. Preparar interlocutores competentes para atuarem junto das organizações (OSCIP, ONG), de modo a compreender suas ações, negociar e não atuar somente na defensiva. Atualmente nossos interlocutores tem comprometimento ideológico e, por isso, não conseguem dialogar e negociar diante das movimentações desses grupos.
    7. Estabelecer mecanismos mínimos (cumprimento da lei da tipificação de carcaças) na comercialização do boi, como critério para a padronização do boi exigido pelo frigorífico. Assim, o padrão do boi é o mesmo como pauta de remuneração, ou seja, o pecuarista sabe o que é um determinado tipo de carcaça, pois é o mesmo em qualquer frigorífico. A tabela de remuneração é feita pelo frigorífico, mas os critérios de classificação do boi são os mesmos, portanto, existirá transparência no mercado.
    8. Criar um sistema de informações atualizado para a cadeia produtiva para que os elos do setor possam tomar decisões mais bem alicerçadas.

    O resto constitui as chamadas questões operacionais e de processos, que embora os pecuaristas, considerem cumpridas, entendo que há lacunas muito fortes e que ainda limitam o setor dentro da porteira.

  18. Ulisses Lucas Camargo disse:

    Resolver os problemas de comercialização, pois ainda representa um gargalo na atividade.

    Tornar-se mais eficiente na produção: precocidade e qualidade.

    Resover também problemas ambientais, pois parece que a mídia quer tornar o pecuarista o vilão do meio ambiente. precisamos mais do que nunca de representatividade, papel esse, exercido com muita eficiência pea Senadora Katia Abreu.

    Pesquisa e dinheiro paraq investir em correção de solo e adubaçào de pastagens.

    Ulisses