Este artigo é um resumo da palestra de Leonardo Leite de Barros, presidente da ABPO, apresentada durante o Workshop de Pecuária Sustentável. O objetivo é apresentar um breve histórico da ocupação do Pantanal, o motivo por que os pantaneiros vem preservando esse bioma, quais as ameaças a pecuária tradicional da região e falará ainda sobre a Associação Brasileira de Pecuária Orgânica e a Pecuária Orgânica Certificada como uma experiência de sucesso.
Este artigo é um resumo da palestra de Leonardo Leite de Barros, presidente da ABPO, apresentada durante o Workshop de Pecuária Sustentável. O objetivo é apresentar um breve histórico da ocupação do Pantanal, o motivo por que os pantaneiros vem preservando esse bioma, quais as ameaças a pecuária tradicional da região e falará ainda sobre a Associação Brasileira de Pecuária Orgânica e a Pecuária Orgânica Certificada como uma experiência de sucesso.
Uma premissa verdadeira é que a pecuária no Pantanal Sul-matogrossense é uma atividade econômica sustentável. Essa premissa está baseada em dois fatos. Um é que o Pantanal tem 90% de sua vegetação nativa intacta e o outro é que existe atividade pecuária instalada na região há dois séculos, podendo-se dizer que a atividade se mostrou sustentável no ponto de vista socioambiental.
O Pantanal foi colonizado por descendentes de bandeirantes do interior de São Paulo que estavam em busca de ouro. Na beira do Rio Paraguai encontraram uma Tribo Indígena das Antilhas escravizadas, que cuidavam do gado que era roubado dos espanhóis do Paraguai. Estas culturas então começaram a criar gado na região e se teve um século de isolamento. Esse isolamento criou uma cultura pastoril única que desenvolveu processos compatíveis com a sustentabilidade.
Os motivos pelos quais se preserva o Pantanal está baseado em: fatos históricos, em que a carne bovina é entregue gratuitamente para todos os colaboradores, não havendo caça de animais silvestres para o consumo de proteína animal; fatos geográficos, sendo que o Pantanal tem grandes extensões de savanas que originam pastos de boa qualidade sem que seja derrubado floresta; e sociológicos e culturais pois na região não existe densidade demográfica, ou seja, as propriedades são extensas possibilitando que cada cabeça de gado tenha disponível três hectares para pastejo.
Mesmo com essas vantagens, ocorre um desvio de mercado em que se paga pouco pelo boi produzido. Por isso, os pantaneiros preferem vender suas propriedades para pecuaristas de outras regiões. Por sua vez, eles saem de uma área menor para ir para uma maior e logo implantam seus processos produtivos que não respeitam a questão do meio ambiente do Pantanal, causando um grande desacerto ecológico pelo abandono das práticas tradicionais.
Vendo esses problemas ocorrentes a Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO) enxergou na pecuária orgânica certificada uma forma de agregar valor ao produto sem abandonar as práticas históricas que conservaram a região, porém implantando novas tecnologias.
Para que a questão orgânica possa ser viabilizada, alguns pontos devem ser levados em consideração:
– Associativismo comercial: Visando gestão do negócio
– Certificação: Para que através dela, os processo produtivos sejam auditáveis (não esquecendo da importância da qualidade, padronização e constância de fornecimento que visa colocar os produtos acima dos demais de mesma linha)
– Alianças comerciais e estratégicas: Através das alianças comerciais o associativismo age dando força ao produtor no momento de se inserir na cadeia produtiva da carne. As alianças estratégicas são importantes pela relação que exercem com os produtores fazendo com que eles procurem as ONGs ambientalistas para trabalharem juntos divulgando as mudanças ocorridas nos seus processos produtivos, buscando a prosperidade sustentável da cadeia.
O futuro sustentável depende de todos os elos da cadeia. Os consumidores precisam fazer escolhas responsáveis, os produtores devem cumprir uma série de requisitos, os frigoríficos e o varejo devem buscar mecanismos para influenciar o cliente nas compras, e por fim o governo, que não está apoiando as atividades sustentáveis existentes mesmo sendo o elo de maior papel nessa cadeia por ser o maior consumidor de produtos e serviços do país.
A ABPO trabalha com projetos sócioambientais dentro das propriedades orgânicas, sendo responsável pela implantação de uma escola nas proximidades dessas propriedades e pelo estudo de viabilidade da compra de um caminhão 4X4 para transformá-lo em ambulatório médico e odontológico para uso dos produtores e suas famílias. Foi criado ainda um protocolo interno da ABPO em que se assume compromissos com o meio ambiente muito maiores do que os estabelecidos atualmente. sendo uma ferramenta para que em breve se conquiste uma denominação de origem.
É nessa linha que a Associação atua com a visão futurista de ser reconhecida nacionalmente pela produção de carnes orgânicas produzidas na região do Pantanal, atendendo a um consumidor preocupado com a segurança alimentar, com a sustentabilidade ambiental e social, garantindo a manutenção da cultura pantaneira, a fixação do homem ao campo e melhorando o perfil de rentabilidade da atividade pecuária nesta região.
A ABPO é uma associação composta por pecuaristas empenhados com a preservação do Pantanal Sul-matogrossense, em sua maioria descendentes de famílias historicamente envolvidas no desenvolvimento dessa região. Trata-se de um grupo de produtores preocupados com a viabilidade econômica de seus empreendimentos e com a manutenção do equilíbrio ambiental e social da região. Uma associação que nasceu por iniciativa de pecuaristas do Pantanal, que identificaram na pecuária orgânica certificada grande identidade com processos produtivos historicamente usados no Pantanal.