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Pecuária perde espaço para agricultura no RS

A pecuária de corte gaúcha está entrando em uma das piores crises da sua história segundo uma radiografia da criação de gado na última década, encomendada pela Federação da Agricultura do RS (Farsul). O estudo diz que o alto custo da produção e o baixo preço ao produtor estão alterando a paisagem do pampa. Campos outrora povoados de gado cedem espaço a lavouras de arroz e soja.

O consultor da Safras & Cifras, Ciloter Iribarrem, assegurou que o custo de produção em dólar por hectare ao ano aumentou 31,23% nos últimos dez anos. No mesmo período, o preço médio ao produtor despencou 25%. O valor no Estado é o menor do Brasil e inferior aos do Uruguai e da Argentina. “Há dez anos o quilo do boi gordo estava cotado em US$ 0,55. Em 2003 beira US$ 0,43” revelou.

Segundo Iribarrem, o preço do boi está abaixo da cotação no restante do país desde a desvalorização do real, em 1998. Depois, o surgimento da febre aftosa abalou ainda mais as estruturas da cadeia produtiva, paralisando os abates. Apesar de o RS ter recuperado o status de zona livre da doença com vacinação, ainda não conseguiu reconquistar todo o mercado externo perdido com surto da doença.

O alto custo da atividade, aliado à baixa rentabilidade, está obrigando os produtores a migrarem para o cultivo de soja e arroz. Somente nos últimos dois anos, a soja invadiu 262,6 mil hectares antes destinados à pecuária.

O presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Farsul, Fernando Adauto Loureiro de Souza, explicou que a entidade solicitou a pesquisa para confirmar um panorama já conhecido. A Farsul precisava se municiar de dados para procurar soluções. A expansão do mercado, abrindo frente de comércio em Santa Catarina, por exemplo, é apontada como uma das alternativas para obtenção de melhores preços.

O rebanho gaúcho se manteve estável, em torno de 14 milhões de cabeças, no entanto, a previsão é de redução nos próximos anos.

O diretor do Sindicato das Indústrias de Carnes (Sicadergs) José Alfredo Knorr, culpou a desestruturação da cadeia produtiva, a falta de fiscalização fiscal e sanitária e as disparidades tributárias com os demais estados como os fatores responsáveis pela crise. De acordo com ele, o descontrole abre espaço para o mercado clandestino. “Em 2002 os frigoríficos com inspeção federal e estadual abateram juntos 1,1 milhão de cabeças. Os clandestinos 900 mil animais”.

Fonte: Zero Hora/RS, adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. jose luiz rodrigues alves junior disse:

    Gostaria de salientar que juntamente com os problemas citados,o RS conta somente com um frigorifico que possui grande volume de abate e exportação, o mesmo que dita os preços do mercado gaúcho.