A pecuária de corte brasileira perdeu renda entre janeiro e junho deste ano, indicou a pesquisa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), realizada em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). Nos seis primeiros meses deste ano, o setor enfrentou aumento de custos de produção de 7%, enquanto os preços médios pagos pela carne caíram 6,9% no período.
O estudo considerou dados coletados nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia e São Paulo, que concentram 52,49% do rebanho nacional e são as principais praças de negociação do setor, com forte influência na formação de preços.
Do início do ano até o final de junho, a maior parte dos insumos necessários para a atividade pecuária apresentou alta de preços. O sal mineral, que representa mais de 20% das despesas mensais, ficou 11,11% mais caro do início do ano até junho. Máquinas e implementos agrícolas tiveram alta de 19,55% no período, enquanto que as despesas com mão-de-obra subiram 20%, refletindo, entre outros pontos, o reajuste do salário mínimo. Os preços pagos pelo boi gordo ao produtor caíram em todos Estados incluídos na pesquisa.
Regionalmente, o pior resultado de perda de renda para a pecuária de corte foi registrado em Mato Grosso do Sul, detentor do maior rebanho brasileiro, onde houve alta dos insumos em 10,35% e queda do preço pago pelo boi gordo em 10,12%. A queda dos preços pagos pelo boi gordo, porém, não foi repassada ao consumidor. No varejo, o preço da carne acumula altas sucessivas desde janeiro, conforme apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na elaboração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em maio, por exemplo, o preço da carne no varejo subiu 3,79%.
O coordenador do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira, afirmou que o preço caiu por causa da maior oferta de animais. Estimativas da instituição indicam que, no período, dobraram os confinamentos de animais.
A CNA projeta para este ano uma produção, em equivalente carcaça, 5,6% superior ao ano passado, enquanto o consumo interno tende a aumentar apenas 1%. Parte deste crescimento será destinado à exportação.
Nogueira, avaliou, no entanto, que se for mantida a baixa remuneração ao setor, a produção será desestimulada, reduzindo a oferta a médio e longo prazo, com potencial impacto nos preços. O representante da CNA explicou que em junho houve uma redução dos custos da pecuária e leve recuperação dos preços pagos ao produtor, mas ainda em patamares insuficientes para reverter a perda de renda acumulada em todo o semestre.
Os pecuaristas temem ainda a elevação dos custos no segundo semestre por conta do aumento da Tarifa Externa Comum (TEC) para o vermífugo ivermectin. Uma empresa brasileira solicitou ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) a elevação da TEC de 2% para 14% do produto, que responde por 2,5% do custo de produção da pecuária.
Segundo Nogueira, esta variação vai representar um gasto adicional de US$ 6 milhões por ano ao setor, uma vez que o mercado absorve 350 milhões de doses do produto anualmente.
De acordo com ele, a empresa alegaria ter condições de produzir o princípio ativo, sem a necessidade de importação. “Isto vai contra o livre mercado”, argumentou Nogueira. Para o pesquisador do Cepea/USP, Sérgio de Zen, a mudança acarretará em perda da competitividade do setor, pois haverá aumento dos custos.
Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint
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No texto foi citado que as carnes aumentaram 3,79 %, no varejo, segundo dados do IBGE.
Porém os resultados dos índices do IBGE no período de janeiro à junho de 2003 foram os seguintes:
INPC: JAN 0,65; FEV -0,59; MARÇO 0,02; ABRIL -0,19; MAIO -0,65; JUNHO -0,88
IPCA: JAN 0,32; FEV -0,57; MARÇO -0,13; ABRIL –0,24; MAIO -0,54; JUNHO -0,95