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Pecuária profissional terá recompensas

A preocupação de produzir e ter uma melhor classificação e remuneração por seu produto está provocando mudanças na pecuária de corte do Brasil. Uma visita aos pavilhões do Parque Ney Braga, lotados de bovinos das mais diversas raças, faz verdadeira a afirmativa da Sociedade Rural do Paraná de que a exposição de Londrina é uma vitrine da pecuária brasileira não só pela diversidade, mas pela qualidade dos animais, elogiada por técnicos e pecuaristas de todo o País.

A pecuária de corte está se transformando diante da necessidade de eficiência empresarial e isso se reflete na feira de Londrina, afirmou o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, de Campo Grande (MS), Keppler Euclides Filho. Ele demonstrou na feira o sistema de rastreabilidade proposto pela Embrapa. O pesquisador acredita que a rastreabilidade possa ”puxar” também a classificação de carcaça que é regulamentada no País, mas efetivamente não acontece na hora em que o produtor entrega a carne na indústria.

De acordo com o pesquisador, os pecuaristas estão conscientes da necessidade de fazer investimentos que possam proporcionar retorno imediato. O rastreamento da produção, o investimento em genética, manejo sanitário e alimentação, no entanto, precisam ser reconhecidos através da melhor remuneração do produto.

A rastreabilidade poderá provar a eficiência e proporcionar a correção das falhas, acredita o pesquisador. ”Mesmo que a implantação do sistema esteja sendo motivada para atender ao mercado externo, os benefícios serão diretos para o mercado interno beneficiando produtor e consumidor. Até porque não se exporta 100% do que se produz. Mais de 80% são consumidos dentro do País”, diz.

A melhoria na qualidade da carne brasileira deverá ”forçar” um pagamento diferenciado pela indústria. ”Quando se produz um animal desejável os resultados deverão ser agregados para cada setor da cadeia produtiva. Produtor que entregar qualidade poderá cobrar melhor remuneração e a agregação deverá seguir por todos os passos da cadeia produtiva”, diz Euclides.

De acordo com Euclides, hoje se faz alguma classificação de carcaças nas indústrias apenas para atender o mercado externo. Os frigoríficos fazem essa classificação ou rastreabilidade de acordo com a exigência do comprador externo, mas é preciso estabelecer um sistema de classificação no País para beneficiar o produtor; para que todo pecuarista se sinta estimulado a produzir um animal de melhor aceitação de mercado.

Nos últimos meses alianças de produtores têm enxergado a possibilidade de aumentar a eficiência da cadeia produtiva utilizando o sistema de classificação e rastreabilidade. A própria Embrapa de Campo Grande tem um programa de carnes em parceria com pecuaristas, frigoríficos e casas de carnes. Outras iniciativas começam a surgir como a da Associação Brasileira de Criadores de Nelore. ”Ainda são iniciativas isoladas e tendem a ser ampliadas com a formação de novas alianças ou pools de produtores”.

O pesquisador acredita que o sistema de rastreabilidade vai impulsionar ainda mais a evolução da pecuária brasileira. Cada pecuarista, segundo ele, pode iniciar o rastreamento de sua produção de acordo com suas possibilidades: desde o uso de anotações em papel até o chip eletrônico.

Fonte: Folha de Londrina (por Cláudia Barberato), adaptado por Equipe BeefPoint

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