Pecuária vive a expectativa de volta de habilitações chinesas

O mercado brasileiro do boi gordo aguarda novidades da China nas próximas semanas. A expectativa é que a Administração Geral das Alfândegas da China (GACC) avalie a habilitação das exportações ao país de oito novos frigoríficos brasileiros – o Ministério da Agricultura enviou a solicitação em meados de dezembro.

Ainda que alguns integrantes do segmento demonstrem otimismo com a possibilidade de habilitação, há quem acredite que a decisão só sairá a após a visita do presidente Lula à China, em março. Uma fonte da indústria afirmou ao Valor que ainda não há nada certo para a liberação dessas plantas. “Há um pedido, e as partes estão trabalhando em cima dele. Mas eles [os chineses] mal voltaram do feriado de Ano Novo”, disse. As comemorações do Ano novo Chinês terminaram no último dia 22.

Das oito unidades da lista dedicadas à produção de carne bovina, duas são da JBS, localizadas em Campo Grande e Vilhena (RO). Atualmente, a JBS e a Marfrig, com sete plantas cada uma, são as que mais têm frigoríficos autorizados a exportar ao mercado chinês.

O governo também sugeriu às autoridades chinesas a habilitação das unidades da Frigon, em Jaru (RO), da Frisa, em Colatina (ES), do Frigorífico Silva, em Santa Maria (RS), do Frigoestrela, em Tupã (SP), da Avivar Alimentos, em São Sebastião do Oeste (MG), e do Frigorífico Astra, em Cruzeiro do Oeste (PR). Além das novas liberações, o Brasil ainda aguarda a reabilitação das plantas do Frigorífico Redentor, em Guarantã do Norte (MT), e da Masterboi, em São Geraldo do Araguaia (PA), que estão sob embargo desde o ano passado.

Preços em queda

Os pecuaristas do Centro-Norte do país, onde os preços do boi estão em baixa devido ao aumento da oferta de gado pronto para abate, também vivem a expectativa de volta das habilitações. Segundo a Safras & Mercado, há negócios entre R$ 240 e R$ 250 em Mato Grosso e a R$ 230 em Rondônia.

“Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, os preços estão derretendo. Os frigoríficos operam com escalas muito confortáveis, e o mercado doméstico que não reage, o que impede a indústria de pagar mais”, diz Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado.

Segundo Iglesias, as novas habilitações teriam efeito positivo sobre o mercado. “Isso permitia uma alta de preço dos animais mais jovens, que cumprem os requisitos para exportação à China. Seria muito interessante”, comentou. Hoje, 38 estabelecimentos têm autorização para exportar “produtos em natureza (bovídeos)” para a China, segundo o Ministério da Agricultura.

Para além do efeito prático, a ampliação de mercados tem um “efeito psicológico”. Em janeiro, quando a Indonésia habilitou 11 frigoríficos e a China reabilitou a planta da JBS de Mozarlândia (GO), a arroba parou de cair e subiu de maneira expressiva na B3, disse o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), em relatório.

Fonte: Valor Econômico.

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