Presidente da ABNP fala sobre produção de Novilho Precoce
23 de abril de 2004
Pecuária terá aumento de demanda
27 de abril de 2004

Pecuarista têm queda de rentabilidade em março

A pecuária de corte fecha o primeiro trimestre com custos em alta e preços em baixa, com a manutenção da perda de margem para o pecuarista. A situação não é mais grave para os de recria e engorda, porque o preço do bezerro caiu 1,09% na média geral, enquanto os demais insumos tiveram elevação generalizada em praticamente todas as regiões.

Os Custos Operacionais Efetivos (COE) têm apresentado comportamento próximo da estabilidade. Os medicamentos em geral e de controle parasitário, sal mineral e vacinas, que representam cerca de 22% dos custos, respondem de formas distintas entre as regiões: algumas em alta, como no caso dos medicamentos em Minas Gerais, reajustados em de mais de 4%; e outras em queda, como em São Paulo, com declínio de 1,12% também para os medicamento. Vale destacar que o comportamento dos preços desses produtos segue a lógica esperada: a alta de alguns compensa a perda de outros, mantendo os custos operacionais estáveis.

A análise de custos deve atentar para o aumento da mão-de-obra, definido em maio, pela lei do salário mínimo, cujo item representa 20% do Custo Operacional Total (COT) e 27% do COE. Embora em todas as regiões da pesquisa, o trabalhador ganhe entre R$ 350,00 e R$ 900,00 mensais, existe uma forte indexação entre os salários pagos na atividade e o salário mínimo, que em caso de alta acentuada elevará ainda mais os custos da atividade.

Os impactos da evolução dos preços dos insumos sobre o COT são diferentes e tiveram altas generalizadas, inflacionando os custos do segmento. Se não houver elevação de preços pagos ao produtor ou aumento de produtividade, o pecuarista perde margem, podendo até ser excluído da atividade a médio ou longo prazos. Aliás, produzir mais, com os mesmos insumos, maximizando sua utilidade, tem sido uma prática comum no setor nos últimos anos. A idade de abate caiu de 48 meses, na primeira metade da década passada, para 30, ganho que pode ser estendido a outros indicadores, como partos por fêmeas, taxa de ocupação de pastagens e rendimentos de carcaça.

Tal desempenho é fruto do uso mais intensivo de insumos por todos os agentes da pecuária. Entre 1994 e 2003, o segmento expandiu em 45% a sua participação no consumo de insumos não-agrícolas no País, segundo a pesquisa CNA/Cepea-USP (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil/Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo) sobre o PIB do agronegócio. A participação da produção pecuária vendida (dentro da porteira) cresceu apenas 2,6% no PIB agro de 94 a 2003.

A manutenção desse cenário depende da capacidade do setor de sustentar a taxa de investimento dos últimos anos, que poderá ser afetada pela alta dos custos bem acima dos patamares da arroba. O principal prejuízo para a pecuária será a perda da eficiência conquistada passo a passo.

Fonte: Indicadores Pecuários CNA, adaptado por Equipe BeefPoint

Os comentários estão encerrados.