O conhecimento e o saber
14 de setembro de 2001
Chile lança campanha para exportar carne bovina
18 de setembro de 2001

Pecuaristas argentinos têm prejuízos com aftosa

Os 50 milhões de bovinos da Argentina perderam quase um quarto de seu valor em poucos meses, devido ao reaparecimento da febre aftosa, à crise econômica e à queda dos mercados de exportação. Sendo assim, na semana passada os preços dos bovinos chegaram aos níveis mais baixos desde 1991. Porém, esta redução no campo não se traduziu nas gôndolas dos supermercados nem nos açougues argentinos, que apresentaram uma baixa nos preços de apenas 2 a 4%.

No Mercado de Liniers, o preço do quilo vivo do novilho ficou em US$ 0,65. Isso mostra que um animal com 450 quilos de peso não chega, atualmente, a valer nem US$ 300. Há um ano, o preço do novilho era de cerca de US$ 0,85 por quilo vivo, o que mostra que a queda foi de 23,5%. A queda nos preços começou a acentuar-se nos últimos meses, principalmente quando começou a pressionar, sobre o mercado interno, todo o volume de carne que a Argentina não pôde exportar desde março, devido ao reaparecimento da febre aftosa em seu território.

Até então, os frigoríficos exportavam 15% da carne produzida no país. Porém, a decisão da União Européia, dos Estados Unidos, do Canadá, do Chile, da Rússia e de Israel, de proibir a entrada de carnes frescas argentinas fez com que esta produção ficasse toda no mercado interno. Em agosto, a situação ficou bastante clara: havia 10% a mais de animais no Mercado de Liniers do que no ano passado. “Desde o fechamento dos mercados externos, o preço médio do novilho caiu em 20%, e não há perspectiva de uma recuperação dos valores, sem que haja a participação ativa da demanda exportadora. Esta situação é devastadora para todos os participantes da cadeia”, disseram entidades do setor.

No entanto, o setor argentino não pediu medidas oficiais especiais para compensar a queda de seu rendimento, mas sim, comprometeu-se a trabalhar intensamente, com o objetivo de reabrir a exportação, uma possibilidade que poderia ser a solução para esta situação. Porém, surgiu uma proposta para evitar um impacto maior: uma entidade rural pediu aos produtores que não mandem mais gado à Liniers na próxima semana, para evitar que os supermercados acumulem estoques.

Segundo Gustavo Freixas, titular do Centro de Consignatários Diretos de Fazenda, a má situação econômica nacional colaborou para produzir esta baixa nos preços dos animais. “A queda do crédito prejudica os produtores, que não têm outra solução além de enviar seus animais para o mercado, para conseguir dinheiro.”

Esta grande sobreoferta de carne no mercado interno, todavia, não repercutiu muito nos preços do produto no varejo. Segundo os últimos dados disponibilizados pelo INDEC (Instituto Nacional De Estadistica y Censos), entre julho passado e o mesmo mês de 2000, o preço ao consumidor dos cortes dianteiros caiu 3,9%, dos cortes traseiros, 4,5%, e dos miúdos, 2,2%. Além disso, outros dados mostram que, no primeiro semestre do ano, todas as redes de supermercados argentinas obtiveram um faturamento de US$ 786,1 milhões com suas vendas de carnes, 11,5% de seu faturamento total. Este valor é semelhante ao obtido no mesmo período de 2000.

Sendo assim, fica claro que o consumidor argentino não se beneficiou com a queda do preço do animal no campo, com exceção de algumas ofertas esporádicas, ou com a possibilidade de comprar a baixos preços cortes de alta qualidade, que antes estavam destinados à exportação.

Fonte: E-campo, adaptado por Equipe BeefPoint

Os comentários estão encerrados.