Os pastos degradados no Pontal do Triângulo Mineiro estão dando lugar a prósperas lavouras de soja. O desenvolvimento do plantio de grãos na região, antes conhecida por sua vocação pecuária, está consolidando o Pontal do Triângulo como uma das mais promissoras áreas para expansão da produção de soja. A colheita da safra 2002/2003 foi 92% maior que a registrada há uma década.
Juntos, os 186 agricultores da região, que reúne 15 municípios, produziram 343 mil toneladas, ou R$ 188 milhões em faturamento com a soja. O crescimento da lavoura de soja em uma região tipicamente de pecuária foi ajudado pela Bolsa de Arrendamento, projeto colocado em prática pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) em 2001.
Um estudo encomendado pela entidade mostrou que 70% das pastagens da região, 1,29 mil hectares, estavam degradados. Descapitalizados, os fazendeiros não tinham como investir na fertilização dos terrenos, provocando o declínio da produção pecuária.
Os técnicos da Fiemg tomaram como modelo a Bolsa de Arrendamento de Uberaba para desenvolver o projeto do Pontal. O primeiro passo foi cadastrar os donos de terra, arrendantes em potencial. O segundo, foi divulgar a bolsa nas feiras do setor. “Não demorou a aparecer interessados”, disse o coordenador da Bolsa, Manuel Jorge Beltrão de Castro. Segundo ele, esse modelo já está servindo de referência para o desenvolvimento de bolsas do Mato Grosso do Sul, Tocantins, Pará e São Paulo.
Os contratos de arrendamento são, geralmente, por um prazo de cinco anos, com participação na produção que varia de 0% a 20% para o dono da terra, ao longo do contrato. Dependendo das condições do solo, os contratos são negociados com 0% de participação nos dois primeiros anos. “Quanto pior estiver o solo, maior terá de ser o investimento do arrendatário na sua recuperação” afirmou Castro. Segundo ele, a fertilização da terra já é um grande ganho para o dono do terreno.
Para o maior arrendatário da região, Antônio Sérgio Francisco, a bolsa representa segurança para os donos de terra e para os arrendatários. O agricultor, que se mudou de São Paulo para a região, plantou soja em 1,26 mil hectares de terras no Pontal e colheu 60 mil sacas na última safra. “Tenho interesse em arrendar outras áreas”.
Animados com os resultados na região, os produtores criaram o Núcleo do Produtor de Grãos do Pontal.
Fonte: Valor On Line (por Ivana Moreira), adaptado por Equipe BeefPoint