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Pecuaristas cobram soluções para falhas no Sisbov

Os pecuaristas aproveitaram a reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília, para cobrar soluções para as falhas no Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov) apontadas em auditoria dos europeus.

Os pecuaristas aproveitaram a reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília, para cobrar soluções para as falhas no Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov) apontadas em auditoria dos europeus.

Entre as falhas está a falta de cumprimento das normas do Sisbov pelas certificadoras, uso de formulários inadequados aos produtores, além de falta de manuais de procedimentos operacionais.

O setor produtivo sugeriu que o governo intensifique as auditorias do Mapa e divulgue uma lista das empresas certificadoras aptas. Segundo reportagem do Estadão/Agronegócios, a CNA defendeu a necessidade de estipular um prazo de adaptação para as certificadoras. “O ministério tem que fiscalizar todos os elos para garantir o cumprimento do sistema e estamos no processo de transição para uma regra nova. É normal haver desvios de adaptação, mas não se pode conviver muito tempo com isso”, ressaltou o presidente do Fórum da CNA, Antenor Nogueira.

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  1. Gustavo Afra Borges disse:

    Trabalho nesta área, a de rastreamento e com certeza enquanto as mudanças não se concretizarem, teremos muitos problemas. Mas acho que não se pode cobrar apenas das certificadoras pois o mapa esta passando por muitos problemas. Essa semana mesmo fomos inserir animais e tivemos muitos problemas, estava muito lento e inserindo apenas de 10 em 10, tem que se ver isso.

  2. Breno Augusto de Oliveira disse:

    Espero que este relatório promova uma união histórica entre todos os elos da cadeia produtiva de carne bovina brasileira, pois se ficarmos procurando culpados e não resolver as inconformidades do Sisbov a nação perde.

  3. Paulo Westin Lemos disse:

    Acho que já passou dos limites a falta de seriedade, praticidade e objetividade com que estamos lidando com a rastreabilidade. Quando digo nós incluo toda a cadeia produtiva da carne. É inutil ficarmos discutindo se o processo começou certo ou errado. O fato é que é um processo irreversível e um importante pré requisito para conquistarmos os maiores e melhores mercados, logicamente se acompanhado dos outros “deveres de casa” igualmente importantes.

    Quem manda em qualquer mercado é o consumidor e ponto. Fica a impressão que o produtor, que é justamente quem paga a conta de tudo, está precisando de maior e melhor representação nas decisões sobre as normas, para que estas não deixem de ter o efeito prático a que se destinam por serem inviáveis. Não adianta decisões muito bonitas em Brasília se a maioria não consegue implantá-las.

    Apenas um exemplo: as parcerias de gado, tão comuns em qualquer parte, estão correndo risco de se inviabilizarem pela nova norma. A remessa dos animais para a propriedade deve ser acompanhada da transferência do Sisbov. Até aí, complica mas não inviabiliza. O problema é por ocasião por exemplo do abate dos animais, em que na maioria dos casos se faz uma nota de retorno dos animais à origem (só papel) e desta se emite a nota de venda ao frigorífico. Novamente o retorno deve ser acompanhado de nova transferência do Sisbov e então começa o problema. Com essa transferência de retorno à origem, como é exigido pelo fisco, para quem não abriu nova inscrição estadual, entra a quarentena para que se possa emitir a nota de venda ao frigorífico, sendo que na verdade não houve trânsito de animais e sim de documentação conforme exigido pelo fisco.

    Será que não seria o caso de simplesmente liberar a quarentena quando não houver trânsito dos animais e sim somente da documentação? A burocracia aumentou tremendamente, acompanhada logicamente de custos e erros que se propagam em cadeia a cada uma das etapas, por mais cuidado que se tenha.

    No dia a dia da propriedade, sabemos que leitura de brinco é um problema sério logo no inicio. Imagine em cada etapa de digitação, comunicação, anotação, transferências, etc qual seria a margem de erro final.

    A mobilização e participação dos produtores é fundamental para que não fiquemos sabendo apenas o que foi decidido e sim que sejamos chamados a participar enquanto as discussões estiverem acontecendo.

    Paulo W. Lemos

  4. José Luiz Martins Costa Kessler disse:

    Em abril de 2005, o MAPA informava que havia sido constituído um grupo para preparar a substituição do SISBOV pelo o Sistema Agropecuário de Produção Integrada da Carne Bovina (SAPI Carne Bovina).

    Em julho de 2006 surge o novo SISBOV através da IN 17, contendo alterações do sistema anterior para adequação as exigências dos mercados mais desenvolvidos. Tenho informação de que os produtores foram representados, mas não sei por quem nem em que proporção.

    O resultado deste novo trabalho, que não instituiu o SAPI Carne Bovina, está refletido nas falhas apuradas pelos técnicos da União Européia e por sua baixa aceitação entre os produtores, apesar da consciência de todos os elos da cadeia de que precisamos adotar um sistema de certificação.

    Entendo que não podemos aceitar o SISBOV como pronto. Precisamos aumentar as discussões, pois o que está proposto, não atende ninguém, nem produtores, nem certificadoras, nem os potenciais e exigentes compradores da UE. Propor alterações e ajustes de aperfeiçoamento fazem parte de qualquer projeto, principalmente, quando em fase de implantação e com tantas variáveis como as existentes no universo da produção bovina do Brasil.

  5. Sebastiao Augusto Antero de Moura disse:

    Louvo os comentários desse artigo, só que se os produtores não forem mais unidos sempre o que vamos ver é isso, ficar a espera de decisões do Mapa, pois mesmo sendo os pecuaristas que estão cobrando, vejo com grande tristeza que é uma classe muito desunida ainda. E sabemos que só a união faz a força.

  6. Mario Ribeiro Paes Leme disse:

    Fazendo parte principalmente desta etapa de emissão ou não de documentos zoosanitários, e considerando o produtor como o potencial de tudo isto, acho uma verdadeira odisséia tudo que acontece durante uma transação comercial entre os produtores. Se fazem uma documentação zoosanitária, incorrem em uma quarentena que às vezes impossibilita a comercialização dos animais dentro do prazo necessário à sua participação no lucro da rastreabilidade.

    A implantação teria que ter sido mais seria, desde o inicio, evitando toda esta infiltração de falsos brincos, que tanto transtorno traz, até mesmo para esta área de vigilância e defesa animal.

    Mario

  7. Rafael Botelho Silva disse:

    A verdade é a seguinte, quem está tomando decisões lá em cima não entende nada do assunto. Tem que ter alguém que participa tanto do prático quanto no teórico.

    Os diretores do Sisbov não tem nenhuma responsabilidade, pois, estamos há 4 meses sem ter como fazer rastreamento dos animais, e assim vamos como sempre ficar no prejuízo, pois não poderemos abater os animais.

    Nós vemos os técnicos das certificadoras ficarem loucos aqui junto com a gente, pois toda hora muda a regra. Antes teria uma migração automática dos animais do antigo Sisbov para o novo, agora eles informaram que o produtor que tem que ler brinco por brinco e passar para eles. Então todos estão sofrendo muito com essa falta de responsabilidade do Sisbov.

  8. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Há um momento de definição das regras e outro de implantação. Os produtores precisam de representação em ambos. Infelizmente a classe não tem uma mobilização organizada para defender seus interesses e fica a reboque dos interesses dos demais agentes da cadeia.

    Mas é preciso percepção da realidade. A rastreabilidade veio para ficar. É preciso se render a esta demanda do mercado. Discutir se há ágio ou deságio por animais rastreados é não querer enxergar que há um diferencial de preços significativo.

    Compensa atender as exigências? Cada um deve avaliar sua realidade. A adesão é voluntária. Mas é preciso seriedade: não é justo que os desvios de alguns comprometam a todos.A perda do mercado europeu será um desastre muito superior a todas as dificuldades apontadas para cumprir suas exigências.

    Há como simplificar o processo? Certamente. Esta é a real luta da classe. Mas a identificação individual de todos os animais das propriedades não é negociável.

    Há como ignorá-la? Absolutamente não. O governo têm deixado a desejar? Não só ele. É preciso pararmos de transferir responsabilidades. Somos o maior exportador mundial e temos que assumir a frente deste processo.

  9. Marco Antônio Guimarães Marcondes disse:

    Entendo que o momento de transição é muito importante para os atores da cadeia da carne, mas observo que tem sido muito desgastante para todos. Como a proposta iniciou em 2002, foram cinco anos desde o início do processo de rastreabilidade, desenvolvimento e evolução e precisamos realizar muitos “ajustes finos” ainda.

    O produtor continua desinteressado pelo sistema, visto que existem situações conflitantes de interesses, muitas dúvidas da IN17 e dificuldades de implantação, mão-de-obra desqualificada, falta de estrutura física, falta de recursos financeiros para investimentos iniciais na identificação de todo o rebanho,etc.

    Todos devem assumir os seus papéis, frigoríficos são responsáveis pela realização da triagem de 100% dos animais, independente de quem for o cliente. Aqueles que não exportam, mas que possuem SIF, precisam controlar os animais que são abatidos e participarem do processo.

    Os orgãos de defesa estaduais ainda não participam do processo, enfrentam várias dificuldades de ordem estrutural, por outro lado vejo produtores que não entederam que o sistema é voluntário, simplesmente participando para auferir as bonificações sem assumir a rastreabilidade como uma ferramenta de integração na cadeia e perceber que o processo inicia no sistema de cria e que é de grande importância para aos seus controles internos de produtividade.

    Da mesma forma o Sisbov com dificuldades de padronização perante a atuação das certificadoras, cada uma trabalhando com um check list diferente, o modelo do livro de registro, cada um de uma forma. A padronização de procedimentos é obrigatória. Acredito que para o sistema funcionar bem, chegou o momento de separar o que é área comercial da área técnica. Quem vende e ou implanta a rastreabilidade, não pode ser o mesmo que supervisiona e assina o check list, existe conflito de interesses, uma das não conformidades mais importantes para a certificação. Por outro lado vejo profissionais de campo despreparados para atuarem na área de certificação, a maioria deles não sabem o que é uma lista de verificação com pontos de controle.

    Uma não conformidade? O que é isto? A atividade pecuária necessita de responsabilidade técnica na propriedade, como co-responsáveis pela qualidade do alimento pois só a rastreabilidade não garante isto. Chegou a hora da valorização do técnico de campo. Ele auxilia nos controles e na elaboração dos registros para iniciar um trabalho que está fundamentado na tal famosa segurança alimentar que nós e os compradores exigimos.

    A “coisa “é muito mais complexa do que discutir se faz rastreabilidade ou não, ela é inerente ao processo de produção. Acho que estamos no caminho mas ainda falta um bom trajeto para evoluirmos. Vejo que o programa de Boas Práticas Agropecuárias ajudaria muito para o nivelamento mínimo daqueles produtores que almejam atender o mercado de exportações.

    Não adianta “querer fazer se não pode fazer”, essa atitude é cultural, necessita de mudança de comportamento, isso leva tempo.