Acuados pela crise provocada pelo achatamento dos preços da carne nos frigoríficos, representantes da classe produtora de Mato Grosso deverão entregar hoje, às Secretarias de Fazenda e Desenvolvimento Rural do governo, proposta que reduz a alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para a saída do boi em pé destinado a outras regiões do país.
A alíquota atual é de 17%, o que estaria inviabilizando a venda de animais para outras praças. Os produtores querem que esta alíquota seja reduzida para 3%. “Ou diminuímos o imposto para vendermos para outros frigoríficos que querem pagar mais ou seremos obrigados a reter o gado no pasto”, adverte o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Jorge Pires de Miranda.
Segundo ele, a redução do ICMS sobre o gado irá aumentar o fluxo de vendas para frigoríficos de estados como Goiás, Mato Grosso do Sul e São Paulo, que estão praticando os melhores preços nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. “Com isso, a nossa produção será mais competitiva e o produtor será melhor remunerado. Não podemos ficar atrelados apenas aos frigoríficos da região”, defendeu Miranda.
Ele conta que, ano a ano, tem aumentado a distância entre os preços regionais e os de outras praças. “Antes, a diferença era de 5%. Agora temos frigoríficos lá fora pagando até 15% a mais. Temos que encontrar uma fórmula para levarmos a nossa produção para lá. E a solução é reduzir o imposto sobre a saída dos animais”.
O presidente da Acrimat disse que o setor precisa de posições fortes para garantir sua sobrevivência. “Precisamos garantir renda para o setor agropecuário e buscar a harmonização de toda a cadeia produtiva do estado para fazermos frente a esta crise. E a nossa entidade vai trabalhar em defesa para evitar que a classe seja prejudicada”.
Ele informou que os pecuaristas estão pagando caro para manter o gado no pasto. “Hoje o custo é maior que o preço de venda. Desse jeito é preferível segurar o gado e só vendê-lo em caso de necessidade, para cumprir obrigações”, recomendou.
Os pecuaristas entendem que a realidade em Mato Grosso só não é pior porque o nível de desfrute e crescimento de rebanho, 10%, está acima da média nacional.
Fonte: Diário de Cuiabá/MT (por Marcondes Maciel), adaptado por Equipe BeefPoint