Diante da posição inflexível de pecuaristas, sobretudo os do Centro-Oeste, de não fornecer mais bois aos frigoríficos enquanto não forem pagos débitos atrasados, não está restando outra alternativa a essas indústrias a não ser a de criar alguma forma de priorizar o pagamento desses fornecedores dentro do plano de recuperação judicial.
Diante da posição inflexível de pecuaristas, sobretudo os do Centro-Oeste, de não fornecer mais bois aos frigoríficos enquanto não forem pagos débitos atrasados, não está restando outra alternativa a essas indústrias a não ser a de criar alguma forma de priorizar o pagamento desses fornecedores dentro do plano de recuperação judicial. Além de se negarem a fornecer animais para abate, os pecuaristas estão também partindo para o bloqueio de acesso de entrada de bois em alguns abatedouros, evitando assim que haja abate de animais fornecidos pelos que “furam” o movimento.
Os produtores do Centro-Oeste aguardam sinalização concreta de pagamento do frigorífico Independência para voltar a fornecer boi nas cinco plantas que a empresa mantém no estado. “Há um forte movimento de resistência aqui em Mato Grosso do Sul”, diz Pérsio de Souza e Silva, presidente do Sindicato Rural de Aparecida do Taboado/MS. O Independência tenta retomar atividades, inicialmente, em Nova Andradina/MS.
O Independência conseguiu há um mês retomar parte do abate na unidade de Janaúba (MG). Para os pecuaristas do município, a empresa deve R$ 17 milhões. José Aparecido Mendes Santos, vice-presidente do Sindicato Rural local, explica que os produtores só voltaram a vender bois à empresa, porque, realmente, não tinham outra opção, pois a indústria mais próxima fica a 900 quilômetros da cidade.
Na última sexta-feira, o Independência reuniu-se na Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com representantes dos pecuaristas para explicar sua situação financeira e as medidas que vêm tomando para reduzir custos. “Não houve nenhuma proposta. O presidente, Miguel Russo Neto, apenas disse que está tentando convencer outros credores, como os bancos, que detêm a maior parte dos crédito com a empresa, a aceitarem priorizar os pecuaristas no plano de pagamento”, relatou Eduardo Alves Ferreira Neto, diretor-tesoureiro da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).
Arantes
Ainda há informações desencontradas sobre a real situação de recuperação judicial do frigorífico Arantes. Levantamento feito pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) apontou que o Juízo da 2ª vara de Falências de São Paulo sequer apreciou o pedido da empresa. Além disso, segundo o levantamento, o magistrado responsável pelo processo, nem mesmo decidiu quanto à competência do foro, “o que faz entender que, formalmente, não há Recuperação Judicial no grupo Arantes”.
Depois de 15 dias com atividades suspensas por bloqueios na unidade de Nova Monte Verde (MT), o frigorífico do Grupo Arantes, que entrou com pedido de recuperação judicial em 9 de janeiro, confirmou que está tentando negociar o pagamento dos pecuaristas no município. Nas últimas rodadas, foi ofertada a quitação do débito de R$ 6 milhões em 12 parcelas, proposta que foi rejeitada pelos produtores.
“Eles têm dinheiro para pagar à vista. Não tem motivo para parcelar”, protestou Jeremias Prado dos Santos, produtor e um dos líderes do movimento em Nova Monte Verde. Segundo ele, algumas renegociações semelhantes já foram fechadas pelo frigorífico Quatro Marcos, em Vila Rica (MT) e pelo próprio Arantes, em Pontes e Lacerda (MT) e com pecuaristas de Imperatriz (MA), onde a previsão é retomar abates neste mês.
No município de São José dos Quatro Marcos a situação é a mesma. Desde o dia 5, mais de 100 pecuaristas de 13 municípios bloquearam a entrada de gado em pé no frigorífico Quatro Marcos. A dívida do frigorífico com os produtores é de R$ 6 milhões só nessa região e a promessa é de que a planta não voltará a abater, “enquanto não quitarem 100% da dívida”, afirma o presidente do Sindicato Rural de São José dos Quatro Marcos, Alessandro Casado. O frigorífico, segundo informações de Casado, “deu aviso prévio para todos os funcionários e alguns deles estão participando de nosso movimento”.
O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, disse que “a entidade tem conversado com os pecuaristas e orientado para que mantenham uma posição firme durante as negociações, pois existe claramente uma opção dos frigoríficos em usar seus recursos para comprar o boi à vista e agir como se não existisse uma dívida passada”. Vacari acrescenta, que os pecuaristas devem se unir para que suas posições se fortaleçam, “pois existe uma dívida de mais de R$ 120 milhões e o produtor está com sua vida financeira travada, por causa das recuperações judiciais”.
As informações são de Fabiana Batista, publicadas na Gazeta Mercantil, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.
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Parabenizamos todas as pessoas, pecuaristas ou não, que estão, de certa forma, atuando nestas campanhas de bloqueio Brasil afora, pois só assim, conseguiremos fazer-nos ouvir.
Não podemos de forma alguma, permitir que estas indústrias frigoríficas má geridas e má administradas, continuem com este calote oficializado pelos morosos pedidos de recuperação judicial.
Será que o Independência, por exemplo, não sabia do rombo em sua situação financeira quando comprou o gado, abateu-o, e desapareceu com o dinheiro, gerando uma dívida de R$ 172 milhões para com os pecuaristas?
E o tal Arantes, que anteriormente já tinha “quebrado” o Frigoalta?
Senhores Presidentes de Associações (ACRIMAT, ASAFAX e etc….); Srs. Presidentes de Sindicatos Rurais, enfim, senhores pecuaristas, é chegada a hora de mostrar a estes caloteiros, a nossa força, pois se temos o gado, e sabemos o quanto é difícil e oneroso mantê-lo, não podemos vendê-lo aos frigoríficos que não pagaram, e ainda utilizam-se do desconhecimento dos Magistrados da dura vida no campo, para deferir-lhes uma moratória, que não se sabe se chegará, um dia ao fim.
Ou pagam todo o atrasado para com os pecuaristas, ou não vendemos mais sequer uma cabeça de gado. Continuamos a manter a vigilância contra a “quebradera do faz de contas”.
Muito interessante a reportagem !! isso mostra que “a necessidade faz o sapo pular”, contraria aquela idéia que os pecuaristas não tem união. mas é sempre melhor e mais prudente evitar o problema que tentar remedia-lo depois.
Os frigorificos vez ou outra dão calotes nos pecuaristas (isso já é histórico) então é sempre sábio manter-se atento e seguir algumas “dicas” tais como:
1. Nas vendas a prazo procurar evitar vender todo o lote de uma vez, vender de forma parcelada, assim voce pode até “trincar” mas não vai “quebrar” se sofrer um calote
2. Procuar vender para frogorificos grandes, isso não dá garantia total mas pelo menos vai fazer um barulho enorme na praça o que da mais força ao credores. Frigorificos pequenos costumam pagar mais para atrair fornecederes, mas tem mais riscos de quebrar e voce ir junto.
3. Procurar vender a vista, (é preferivel perder 5% que perder 100%).
4. Se for descontar NPR, e importante o fazer dentro dos limites de crédido do frigorifico junto aos bancos. Descontos fora do limite de crédito são perigosos porque o pecuarista é avalista da operação. Fujam de frigorificos que não querem comprar vista (isso é indício de baixa liquidez) e dos que tem baixos limites de crédito (os bancos tem informações mais “quentes” que voce).
4. Cuidado com notícias “manipuladas”. Foi noticiado por ex. que o Independência estava paralizando as atividades em Campo Grande/MS porque estava havendo “baixa oferta de gado”, quando na verdade estava com problemas de liquidez, e muita gente continuou vendendo gado porque acreditou na notícia. Acredite no seu bom senso, ele vale mais que muitas notícias. Quem tem acesso a internet já sabia que diversos frigorificas estavam (e ainda estão) altamente individados (alguns com dívidas em dólar, o que é complicadíssimo). e evitaram vender a esses frigoríficos, pena que a grande maioria dos pecuaristas não tem acesso à internet ou se tem não sabem intepretar as notícias que muitas vêzes são contraditórias, manipuladas ou incompletas.
Nossa atividade é arriscada, nos propicia baixo lucro e os valores envolvidos são altos de forma que “todo cuidado é pouco”. Um prejuizo como esses sofridos pelos peciaristas nesses episódios são de recuparação demorada e podem comprometer a saúde finaceira e os investimentos na atividade.
De nada adianta investir em tecnolgia, manejo, consultorias e mais consultorias com previsões e conselhos mirabolantes e na hora de comercializar vem um prejuizo desses !!
Resumindo: CUIDADO NA COMERCIALIZAÇÃO !!! Boa sorte a todos os colegas !!.
Finalmente vemos sinais alentadores de união entre pecuaristas. Todos sabemos que os atingidos até o momento podem ser apenas um indicio de muitos outros que poderão ser prejudicados num futuro quem sabe próximo, tomara que não. Nossa fraqueza estava em nossa histórica desunião mas agora percebemos que todos correm o mesmo risco, e que unidos podemos fazer valer o respeito que merecemos. É preciso sepultar de vez a velha tradição de quebra de frigoríficos deixando pecuaristas como credores de segunda classe que nunca recebem. Até meados do ano passado viamos com certo orgulho, as crescentes exportações de carne bovina que nos orgulhavam, apesar de não recebermos nossa parcela de participação e também desconfiança pelo assustador crescimento dos frigoríficos, que nos levava a perguntar de onde vinha tanto dinheiro para isso. Parecia até que os tempos eram outros com possibilidades mesmo que distante, de construção de uma verdadeira parceria entre os elos da cadeia da carne. As recuperações em curso, sem dúvida nos leva a um enorme retrocesso e esta modernização das relações pecuarista-frigorífico terá que evoluir praticamente da estaca zero. Quanto é que vamos acordar para nos movimentar para modernizar nosso pre-histórico sistema de comercialização de gado, um sistema falido ha muito tempo. Meu bisavô vendia do mesmo jeito. A crise nos apresenta de bandeja uma oportunidade de discussão e evolução sob pena de nossos filhos e netos passarem pelas mesmas crises que nós.
Estou mto feliz de ver estes comentarios oportunos para este momento,pois estamos no mesmo barco a muitos anos e nunca nos organizamos.
Tudo isso aconteceu e acontecera se nao continuarmos ligados a federacoes,sindicatos como foi dito pelo colega pecuarista de Goias.
Tambem tenho antecedendes historicos,e desde crianca vejo a mesma coisa,tudo igual.Estou em Goias com investimento de muitos anos,e so tenho esperanca de melhora pela uniao da maioria atravez da Faeg e outras associacoes.Ja deveriamos ter apresentado iniciativa como os pecuaristas do MTeMS,que com certeza terao solucao para seus problemas imediatos.
Nao vou repetir que vi pelos exelentes comentarios feitos pelos colegas anteriormente,mas desta crise teria que sair solução definitiva para a relação frigorifico-pecuarista.O tempo esta passando e nossa uniao e muito lenta, falta tempo? coragem?decisao? obstinacao? nao sei.
Eles (frig) tem muitos meses,anos para nos pagar e nos nao temos nada para fazer? Nao temos um dia para conversarmos? Pense nisso para nao passarmos este problema para os filhos,netos; pois temos tradicao de geracoes isso que importa, e eles sao aventureiros, ambiciosos e mal preparados para gerir seus negocios
Tá na hora de fazermos o mesmo com o Frigoestrela, principalmente na unidade dele aqui em Goiás. Essa conversa fiada de que nao tem dinheiro. Nunca vi Politico (lembrem que Sr. Vadão -dep. federal- é o dono), não ter dinheiro.
Fico admirado quando em minha cidade vejo circular caminhao bau do Estrela , com o nome escrito em sua porta posterior VADAO GOMES , entregando produtos industrializados, provavelmente feito com carne bovina de pecuaristas credores,. Enquanto isso, minhas despesas continuam, uso emprestimo bancario para cobrir furo de calote, e o baile continua alegre , como se nada estivesse acontecendo no setor.E o governo so pensa na industria automobilistica, diminuindo impostos e o agronegocio que se dane. Talvez devessemos bloquear nao so a entrada de caminhóes de bois, mas tambem a saida dos produtos industrializados, até que os GRANDES EMPRTESARIOS DA INDUSTRIA De CARNE começem a pagar suas dividas, como eu faço com as minhas. Se nao podem pagar que fechem ou arrendem seus imoveis como eu vou fazer com minha propriedade.Parece que os deputados da Bancada dos frigorificos que é bem conhecida , continua com poder.Dees proteja o Brasil, senão …