Nos dois últimos casos efetivados e comprovados de aftosa no Brasil, a Rússia decretou embargo à carne brasileira, mesmo os focos sendo em regiões não exportadoras. Nesta suspeita atual, se comprovado o caso, a região é exportadora e um embargo pode ser inevitável. Porém, mesmo que não sejam registrados casos de aftosa na região, o incidente, gerado por uma denúncia anônima, deixou claro a fragilidade do sistema de vigilância sanitária na região e a falta de escrúpulos de alguns pecuaristas.
O próprio secretário de Agricultura do Mato Grosso do Sul, Dagoberto Nogueira Filho, confessou que o gado suspeito pode ter sido contrabandeado para dentro do país.
Segundo o presidente executivo da Abipecs e ex-presidente do Fundepec, Pedro Camargo Neto, é preciso aproveitar este novo susto para promover alteração de atitude diante da questão da defesa e vigilância sanitária. “Continuamos a correr sérios riscos. A probabilidade é pequena, mas os prejuízos seriam catastróficos”, explica.
Camargo, que já comandou um dos mais bem sucedidos processos de conscientização contra a febre aftosa durante sua gestão como presidente do Fundepec em São Paulo, explica que vigilância sanitária exige recursos e mobilização política. “É inaceitável esperarmos um eventual acidente para reverter o quadro. É preciso antecipar e reduzir os riscos ao mínimo”.
Para ele, o grande problema é a falta de recursos. “Faltam recursos a nível federal e estadual. Falta pessoal e remuneração para os que existem. Falta treinamento. Falta motivação”, diz.
Os futuros de boi na BM&F terminaram a sexta feira em queda, pressionados pela suspeita de aftosa na divida de Mato Grosso do Sul e Paraguai. Apesar do gado suspeito não apresentar sintomatologia e ter sido vacinado há pouco, os futuros já adiantam uma possível retaliação externa e liquidam posições.
Fonte: Estadão/Agronegócios (por Eduardo Magossi), adaptado por Equipe BeefPoint