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Pedro Eduardo de Felício comenta vendas diretas do JBS

Muito capital, principalmente incrementado pelo dinheiro público, mata a liberdade concorrencial. Para mim, esse é um ponto inegociável, não adianta dizer que quem é bom no que faz sobreviverá; contra o excesso de poder econômico as chances são pequenas. Tem dois outros aspectos que precisam ser avaliados, referem-se a quem pode vender carne nas ruas das cidades e a qual legislação estarão subordinadas as vans.

O leitor do BeefPoint Pedro Eduardo de Felício, professor da Unicamp, enviou um comentário ao artigo “Quem tem medo das vans do JBS?“. Abaixo leia a carta na íntegra.

“Caríssimo Miguel, seus argumentos a favor da venda de carnes ao varejo utilizando vans são muito consistentes, mas eu vou insistir num ponto que salientei mais de uma vez no BeefPoint e que você aborda, mas minimiza em seguida (“Meu objetivo aqui não é avaliar o mérito dos aportes do BNDES nesse artigo, mas a questão das vans”): muito capital, principalmente incrementado pelo dinheiro público, mata a liberdade concorrencial.

Para mim, esse é um ponto inegociável, não adianta dizer que quem é bom no que faz sobreviverá; contra o excesso de poder econômico as chances são pequenas.

Tem dois outros aspectos que não sei se já foram abordados pelos debatedores que escreveram para o BeefPoint porque não li todas as opiniões, mas referem-se a quem pode vender carne nas ruas das cidades e a qual legislação estarão subordinadas as vans.

O primeiro é importante porque se um atacadista pode sair vendendo carne ao varejo, então qualquer varejista também pode, ou não? Quais são as exigências? Na feira-livre também pode? Procurei mas não consegui encontrar a legislação que proíbe a venda de carnes vermelhas em feiras-livres na cidade ou no estado de São Paulo, não estou certo disso, mas sei que existe e é do tempo de Jânio da Silva Quadros em meados da década de 50 (governador), ou de 80 (prefeito) de São Paulo.

Bem, o segundo aspecto é justamente sobre legislação a que está submetido esse tipo de comércio. Por mais que procurasse, só encontrei leis e decretos que tratam de “estabelecimentos” de vendas ao varejo e “casas de carne”, nada que faça referência a açougues sobre rodas ou algo assim. Quem deve fiscalizar as condições higiênicas e de temperatura de armazenamento e exposição das carnes nesses veículos? Autoridades sanitárias municipais, estaduais ou federais? Sendo a venda no município a inspeção poderia ser municipal, ou seja, de abate municipal? Clandestino não, certo?

Para finalizar este comentário, a Justiça de Apucarana, PR, decidiu favoravelmente às vans e contra a Prefeitura Municipal, alegando que a atividade se enquadra na “lei do livre comércio”. Com todo o respeito, livre para quem Exmo. Sr. Magistrado?”

Clique aqui para ler mais opiniões sobre este assunto.

0 Comments

  1. Wilhelm Leidemmann Voss disse:

    Enquanto debatemos a temática se pode vender ou não pode, pensemos no seguinte: peruas vendem tomate, laranja, melancia, entre outros tantos ambulantes na rua e que na maior parte das vezes não recolhem tributos devidos ao erário e ninguém discute ou os fiscalizam.

    A carne que eles vendem ao menos tem procedencia garantida, o que não ocorre nas feiras e nem na maior parte dos açougues e não adianta dizer que isto é fora do estado de SP pq não é, há algum tempo atrás foi apreendida uma kombi lotada de carne clandestina, onde nem a kombi e muito menos a carne tinham condições próprias para uso e consumo e sabem onde foi isto, numa pequena cidade próxima a Lins, onde existe uma das filiais do maior frigorifico do mundo.

    Então, se para eles tiver que abrir uma empresa de pequeno porte, nem que seja uma para cada van, para poder vender na rua, eles o farão, tem “bala” na agulha para isto.

    O que impede que um açougue também monte sua van e saia vendendo seus produtos? O que impede que venda pela internet? São os tempos modernos, paremos de lamentar e vamos correr atrás da bola da vez. Lembram quando as mercearias tinham atendentes no balcão que você chegava com a lista de compras e eles é que pegavam os produtos nas prateleiras? Eu ia com meu pai fazer comprar e era assim. O dia que alguém resolveu tirar o balcão da frente e deixar o povo escolher o que queria, eu me lembro do dono da mercearia dizendo pro meu pai que eles eram loucos, pois as pessoas iriam roubar tudo o que estava atrás do balcão. Como são os mercados hoje? Ah, somente para lembrar, os filhos do falecido amigo do meu pai, são os proprietários do supermercado na cidade e em mais duas localidades.

    Paradigmas tem que ser quebrados, toda mudança incomoda, quem sai na frente faz mercado.

    O que impede o açougue de contratar um moto-boy e entregar a encomenda na casa da pessoa? A caixa que este moto-boy leva a carne também será motivo de tanto alarde no mercado?

    Mas voltando as vans, eu compro sim quando passa na porta pq tenho a certeza da procedencia da carne e ainda pago no boleto!

    Quero deixar a mensagem de que enquanto se discute se pode ou não, o abate clandestino anda de rédeas soltas no Brasil! Se acabar com ele, aí sim haverá muito mais espaços para todos.

    Quanto ao moderno, se não pode com ele, una-se a ele, agrege valor ao seu produto, atenda o cliente como ele precisa, avance para as tendencias de mercado.

    Se eles estão nas ruas é simplesmente porque enxergaram primeiro que havia um nicho de mercado inexplorado…

  2. ANTONIO BRAGA disse:

    Após ler alguns comentarios sobre o tema, continuo a procurar motivo de tanto alarde.
    Sejamos sensatos meus amigos!
    O que há de mal com este sistema de distribuição?

    Entendo que os comerciantes locais, podem ser ou sentir-se prejudicados com este num primeiro instante. Alguns empregos podem ser comprometidos mas, ainda que em outras cidades, outros se criam com a nova dinâmica e é essa visão global que temos que ter. Dizer que ter as vans na rua constitui prática abusiva ou desleal é um exagero.

    Não será o fim das pequenas casas de carne. Já não foi citado que a carne vendida nas vans são bem mais caras?
    Pois então, assim teremos diferentes nichos de Mercado. A carne está muito cara e nem todos podem se dar ao luxo de pagar mais pela marca, praticidade ou qualidade superior. As vans terão seu público e as casas de carne também terão a sua clientela.

    Já o consumidor… isso mesmo, o consumidor que todos esquecem…
    Este terá uma opção a mais. Ninguém vê vantagem aqui?
    Não procuremos obstáculos para protelar o desenvolvimento!

    Contudo, concordo sim em ser estudada e aplicada uma forma de registro e recolhimento de tributos; não me arrisco a expor pormenores devido ao meu pouco conhecimento na área. Mas isso é deveras importante.

    Assim, nao podemos condenar a iniciativa das vans. Muito pelo contrário, precisamos admitir tratar-se de uma estratégia ousada, inovadora e, no mínimo, interessante. E se não sabemos se funcionará como meio de vendas e distribuição de carnes, temos que dar o braço a torcer e parabenizar a JBS por ter tido grande êxito com esta enquanto meio de divulgação, pois nunca tiveram tanta visibilidade no cenário nacional; seja pelas vans na rua ou pelos nossos comentarios na rede.

  3. Rodrigo Belintani Swain disse:

    Com dinheiro se faz tudo, nao se preocupem com as vans, porque vem mais por ai, eles vao começar a negociar insumos tb,