A produção de cortes de qualidade envolve todos os elos da cadeia produtiva da carne bovina, sendo que, cada processo tem grande importância na qualidade do produto final. Antes mesmo da ocorrência da prenhez que originará o animal que produzirá os cortes, temos a escolha do grupo genético a ser utilizado, como fator determinante na qualidade da carcaça ao abate. A quantificação e classificação das contusões presentes nas carcaças dos animais abatidos é um importante indicativo de um manejo inadequado, fato que pode ter ocorrido em qualquer etapa do processo: na propriedade rural, transporte, desembarque no frigorífico e na condução dos animais para o abate.
A produção de cortes de qualidade envolve todos os elos da cadeia produtiva da carne bovina, sendo que, cada processo tem grande importância na qualidade do produto final. Antes mesmo da ocorrência da prenhez que originará o animal que produzirá os cortes, temos a escolha do grupo genético a ser utilizado, como fator determinante na qualidade da carcaça ao abate. Diferentes grupos genéticos apresentam características de carcaça distintas, bem como, temperamentos diversificados, interferindo junto com as instalações, na qualidade do manejo dos animais.
A quantificação e classificação das contusões presentes nas carcaças dos animais abatidos é um importante indicativo de um manejo inadequado, fato que pode ter ocorrido em qualquer etapa do processo: na propriedade rural, transporte, desembarque no frigorífico e na condução dos animais para o abate. As lesões podem ser classificados de acordo com o tamanho da área acometida, profundidade e tempo de ocorrência.
Em relação ao tamanho, podem ser consideradas leves, com aproximadamente 10 cm de diâmetro e, severas quando maiores, envolvendo toda uma extremidade. Além disso, também são classificadas de acordo com o tempo de aparecimento e o grau de lesão. As contusões novas ou recentes, com menos de um dia de lesão, apresentam-se hemorrágicas e com coloração vermelha escura, enquanto que, contusões velhas ou antigas, com mais de um dia ou até semanas, mostram-se com coloração amarelada (Tabela 1).
Tabela 1. Grau de profundidade das contusões e suas características macroscópicas.
Em estudo realizado por Renner (2005), verificou-se que, em 20.000 carcaças avaliadas, 49% apresentavam algum tipo de contusão, e que as regiões mais afetadas eram os locais considerados mais nobres: 52% das contusões localizavam-se no quarto traseiro, 19% no vazio, 13% nas costelas, 9% na paleta e 7% no lombo, comprometendo desta forma alguns dos cortes mais valorizados para venda “in natura”, como a picanha, coxão duro, alcatra e contra-filé.
Cerca de 50% das causas que contribuem para as contusões nos bovinos ocorrem antes dos animais chegarem às plantas de abate, durante o manejo de pesagem, embarque e transporte, como os outros 50% ocorrendo devido a problemas nos abatedouros (instalações, pessoal, equipamentos).
As seguintes observações deverão ser realizadas na ocorrência de contusões nas plantas de abate:
1) Ocorrência súbita de contusões nas carcaças:
• procurar por mudanças recentes no pessoal ou equipamentos quebrados;
2) Lesões nas costas do animal:
• podem ser causadas por portões, portas de caminhões mal dimensionadas e/ou manobradas, ou problemas de treinamento;
3) Contusões nos lados da carcaça:
• podem ser decorrentes de chifres (brigas), saliências pontiagudas e/ou cortantes nas carrocerias dos caminhões.
Um fator interessante a considerar é o efeito que a presença dos chifres tem sobre o poder de dominância de um indivíduo. Animais aspados tendem a ser mais agressivos e a dificultar o manejo, além de obviamente aumentarem a probabilidade de contusão e/ou lesões que comprometem tanto a qualidade da carne, como do couro. Segundo Grandin (1993), rebanhos com 25 a 50% de animais aspados tinham 10,5% de lesões. Após eliminação dos chifres, as lesões foram reduzidas em 2 a 5%.
Referências bibliográficas:
GOONEWARDENE LA, PRICE MA, OKINE E, BERG RT. Behavioral responses to handling and restraint in dehorned and polled cattle. Appl Anim Behav Sci, v.64, p.159-167, 1999. Hafez, ESE. Reproductive capacity of farm animals in relation to climate and nutrition. J Am Vet Med Assoc, v.135, p.606-614, 1959.
GRANDIN, T. Livestock handling and transport. Fort Collins: Cab International, 1993. 311p.
GRANDIN, T. The faseability of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare during cattle slaughter. Applied animal behaviour science. v.56, n.2-4, p.121- 128. 1998.
PELLEGRINI, E. A.; SILVESTRE, A. A.; LAPUENTE, D. I. O. Inspeccion y control de productos zoogenos – carnes y derivados. Editorial Hemisferio
Sur, v.1, 1998.
RENNER, R. M. Fatores que afetam o comportamento, transporte, manejo e sacrifício de bovino. Tese de Especialização UFRGS, 2005. 87p.
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Excelente artigo.