Após quase cinco horas de discussões, terminou sem consenso, ontem, a reunião entre frigoríficos e representantes de pecuaristas para discutir a crise provocada pela importação de carne bovina da Argentina.
Os frigoríficos insistem na redução dos preços do boi gordo, alegando perda de competitividade diante da Argentina. Enquanto no Brasil a arroba custa cerca de US$ 19,00, está em US$ 10,00 na Argentina. Com a matéria-prima mais barata no país vizinho e o mercado fraco no Brasil, os frigoríficos reduziram abates e decidiram importar carne sem osso do país. “Precisamos estabelecer patamares em que seja possível operar.
Não dá para comprar mais caro do que estamos vendendo”, disse o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Edivar Queiroz. Um patamar viável em São Paulo, por exemplo, seria R$ 43,00/arroba, de acordo com ele.
Mas para o presidente da comissão de pecuária de corte da Confederação Nacional da Agricultura, Antenor Nogueira, preço é uma questão que deve ser definida pelo mercado. Nogueira, que participou da reunião com os frigoríficos na Abiec, reafirmou que o setor ficará fora do programa de exportação Brazilian Beef se as empresas continuarem comprando carne argentina.
Uma outra condição para voltar ao programa é a garantia de que não haverá novos movimentos de baixa por parte dos frigoríficos. Na semana passada as empresas reduziram seus preços de oferta para o boi gordo em R$ 2,00/arroba, para R$ 43,00 em São Paulo. Nogueira discorda do argumento dos frigoríficos de que a Argentina tira competitividade do Brasil.
Durante a reunião os frigoríficos propuseram aos representantes dos pecuaristas uma ação conjunta junto ao governo federal para desonerar a cadeia da carne. Entre as medidas estariam a devolução do Pis/Cofins na exportação e o fim da taxa de 9% nas vendas externas de couro wet blue. Tais medidas dariam mais competitividade à cadeia e poderiam evitar a importação de carne da Argentina, argumenta Queiroz.
Antenor Nogueira disse que todas as propostas apresentadas pelos frigoríficos serão discutidas amanhã no Fórum Nacional de Pecuária de Corte da CNA.
Fonte: Valor On Line (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe BeefPoint