Área de genética bovina da Pfizer Saúde Animal tem novo executivo
18 de janeiro de 2013
Grupo Pão de Açúcar: programa Qualidade Desde a Origem é certificado pelo ISO 9001
18 de janeiro de 2013

Perspectiva de oferta de machos para abate no MS – Artigo técnico Famasul

fica claro que o estoque de machos para abate no Estado apresentou uma queda brusca de 2009 a 2011, e embora diante de uma leve recuperação em 2012 a tendência observada para 2013 é de uma certa estabilidade no rebanho de machos, e por conseguinte no estoque de animais para abate, a exemplo do ocorrido nos anos de 2012 e 2011.

Introdução

A pecuária de corte praticada em Mato Grosso do Sul vem sofrendo profundas transformações nos últimos anos, o setor tem incorporado gradativamente novas tecnologias, avançado no melhoramento genético, nas praticas nutricionais e de manejo, com isso caminha para modelos produtivos cada vez mais modernos em que a figura do produtor rural se dinamiza e a gestão eficiente e sustentável do seu negócio é componente imprescindível.

A ótica da produção sustentável deve ser vista sempre sob o seu tripé: ambiental, social e econômico. Não há dúvidas da responsabilidade de se produzir respeitando o meio ambiente e as condições sociais de trabalho, todavia se a atividade não for rentável, gerando lucro ao produtor, não cumprindo assim com sua função econômica, não será portanto sustentável, colocando em questão sua manutenção na atividade no longo prazo.

Com isso novas práticas de gestão devem ser buscadas a fim de garantir bons resultados ao longo do tempo. Ao pecuarista não cabe mais a função passiva de gestão, e o conhecimento tácito já não é mais suficiente, é preciso se qualificar, buscar dados, informações estratégicas e exemplos de sucesso que colaborem para gestão e  tomada de decisões em seu negócio.

Inserido num ambiente de competição perfeita o pecuarista é tomador de preços e isoladamente não tem a capacidade de influenciar o mercado. Isso é mais um aspecto que se volta para importância da gestão, pois os mecanismos de controle de sua margem de lucro ficam restritos ao controle de seu custo de produção e ao aumento de produtividade. Quanto ao mercado cabe ficar atento aos seus aspectos conjunturais que por vezes indicam cenários que podem ser aproveitados.

E é nesta ótica, que a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (FAMASUL), realizou o estudo sobre a perspectiva da oferta de machos para abate no Estado no próximo ano, fazendo um paralelo com o momento do ciclo pecuário em que a atividade se encontra e destacando suas relações e influências sobre os preços pagos ao produtor.

Trata-se de uma informação estratégica para gestão e planejamento futuro na atividade, e os resultados e discussões encontram-se no escopo deste artigo.

Objetivo

Estimar a oferta de machos para abate em Mato Grosso do Sul no próximo ano. Especificamente, tem-se:

– Identificar o ciclo pecuário no Estado e sua relação com o movimento dos preços;

– Conhecer a evolução do rebanho de machos no Estado por faixa de era;

– Projetar um cenário de curto prazo para pecuária de corte em MS.

Metodologia

O método utilizado neste estudo tem como base um modelo que analisa a evolução entre as eras no rebanho de machos, considerando as principais variáveis que impactam nessa dinâmica, sendo com isso, possível estimar o rebanho para os períodos seguintes, fornecendo uma perspectiva de curto prazo acerca da disponibilidade de machos para abate. Essa metodologia foi desenvolvida pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) e tem apresentado bons resultados no estado vizinho.

Um modelo esquemático da metodologia é apresentado abaixo:

Figura 1 – Metodologia da evolução do rebanho de machos:


Os dados necessários para o desenvolvimento do modelo foram disponibilizados pela Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (IAGRO), garantindo assim a confiabilidade das informações utilizadas.

Em paralelo ao modelo econométrico aplicado, o balizamento e definição de parâmetros práticos ocorreram por meio da validação de produtores rurais que integram a Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da FAMASUL.

Resultados e Discussões

  • 4.1 Ciclo da Pecuária

A pecuária possui um ciclo econômico característico, que é resultado do comportamento racional dos produtores na tomada de decisões com vistas sempre à maior lucratividade, e que tem reflexos no presente e no futuro na dinâmica da atividade.

O ciclo se inicia com um período de abundância de fêmeas matrizes, alta produção de bezerros e conseqüente alta produção de carne. Com a oferta de bezerros em alta, o preço deste diminui e passa a ser mais lógico economicamente abater a matriz ao invés de produzir mais bezerros. Com o aumento no abate de vacas, num período seguinte a oferta de bezerros diminui e seu preço aumenta, voltando a ser mais viável a retenção de fêmeas para reprodução, e assim sucessivamente.

Posto isso, é apresentado no Gráfico 1 o comportamento do preço do bezerro e do abate de fêmeas em Mato Grosso do Sul, no período de janeiro de 1997 a julho de 2012, indicando assim o movimento do ciclo pecuário no Estado.

Gráfico 1 – Preço do bezerro e o abate de fêmeas em Mato Grosso do Sul

Fica assim evidente que o abate de fêmeas está intimamente relacionado com o preço do bezerro, e como a cotação desse animal acompanha os movimentos de preço do boi gordo, o abate de fêmeas tende a subir quando o mercado está indicando preços desvalorizados. Por outro lado, em um cenário altista, a participação de fêmeas nos abates tende a ser menor.

O Gráfico 2 comprova a forte correlação entre o preço do bezerro e o preço do boi gordo:

Gráfico 2 – Relação entre preço do bezerro e do boi gordo em Mato Grosso do Sul

O pecuarista ao se deparar com um prognóstico de um possível lucro ou prejuízo na fase de engorda, afeta diretamente a demanda por animais de reposição, fazendo com que os preços do bezerro siga um comportamento semelhante às oscilações de preço do boi gordo.

  • 4.2 Evolução do Rebanho de Machos em MS

Ressalta-se aqui que o rebanho divulgado de cada ano se refere ao número observado durante o período de vacinação contra a febre aftosa em novembro do ano anterior, ou seja, esses animais vacinados durante o período são considerados como estoque do ano seguinte. Exemplificando, os bovinos vacinados em novembro de 2011 são os animais que adentram em 2012, perfazendo assim o estoque de animais para este ano.

Desta forma, tem-se a evolução do estoque de machos de 2009 a 2012:

Tabela 1 – Estoque de machos em Mato Grosso do Sul (em milhões de cabeças)

Observa-se que desde 2009 o rebanho de bezerros, ou seja, os animais entre 0 a 12 meses têm crescido gradativamente, apresentando uma elevação de 14% entre os anos 2009 a 2012, um incremento em torno de 300 mil animais no período. Este aumento na produção de bezerros é reflexo da retenção de fêmeas ocorrida entre os anos de 2007 a 2010 (ver Gráfico 1).

Por outro lado, o estoque de animais disponíveis para abate, ou seja, com mais de 24 meses, vem obtendo quedas consecutivas nos últimos anos, saindo de um rebanho em torno de 3,8 milhões de cabeças em 2009 para atingir 3,2 milhões de cabeças em 2012, uma redução de mais de 15%, que resulta em torno de 600 mil cabeças a menos no rebanho.

  • 4.3 Perspectiva para oferta de machos em 2013

Com base na evolução entre as eras e considerando o impacto das variáveis de influência no modelo (morte natural, entrada e saída de animais no Estado e volume de abate), se estimou assim o rebanho de animais machos com mais de 12 meses para o próximo ano.

Como premissa necessária ao modelo para se projetar a evolução dos animais para o próximo ano, foi considerado para 2012 um crescimento nos abates de 12% na faixa etária entre 24 a 36 meses, e uma diminuição de 4% nos abates dos animais acima de 36 meses, em relação ao montante abatido em 2011. O comportamento do abate foi analisado com base nos dados já efetivados para o primeiro semestre do ano, e daí a premissa de seguir essas taxas.

Gráfico 3 – Comparativo do abate de machos de 24 a 36 meses em Mato Grosso do Sul – 2012/2011 (em mil cabeças):

Gráfico 4 – Comparativo do abate de machos com mais de 36 meses em Mato Grosso do Sul – 2012/2011 (em mil cabeças):

Dessa forma, a partir da metodologia adotada e da premissa seguida para o volume de abates, se chegou aos números do rebanho de machos em Mato Grosso do Sul com mais de 12 meses para o ano de 2013:

Tabela 2 – Perspectiva para o rebanho de machos com mais de 12 meses em 2013 (milhões de cabeças)

A projeção do rebanho nos fornece uma informação relevante que é a perspectiva da oferta de animais para abate em 2013, ou de outro modo, possibilita verificar o estoque de animais com mais de 24 meses disponíveis no Estado para o próximo ano. Dessa forma, as estimativas para 2013 apontam que o estoque de machos para abate deve ficar em torno de 3,16 milhões de cabeças em MS. No comparativo ao estoque para abate que entrou em 2012 se observa uma redução de 1,25%.

O gráfico abaixo destaca o comportamento do estoque de animais machos para abate no Estado nos últimos anos, bem como a perspectiva para 2013.

Gráfico 5 – Evolução do estoque de machos para abate em MS – animais acima de 24 meses (em milhões de cabeças):

Finalmente, fica claro que o estoque de machos para abate no Estado apresentou uma queda brusca de 2009 a 2011, e embora diante de uma leve recuperação em 2012 a tendência observada para 2013 é de uma certa estabilidade no rebanho de machos, e por conseguinte no estoque de animais para abate, a exemplo do ocorrido nos anos de 2012 e 2011.

Conclusões

• A cotação da arroba do boi gordo se desvalorizou fortemente entre 2003 e 2006, pois pelo lado da oferta havia um excesso de animais prontos para abate, e pelo lado da demanda as ocorrências de febre aftosa em 2005 levaram a inúmeros embargos comerciais e consolidaram a crise do setor no período.

• Com o preço desvalorizado de 2003 a 2006, o abate de vacas se elevou, fazendo com que a produção de bezerros diminuísse.

• Com a baixa produção de bezerros de 2003 a 2006, a oferta de machos a partir de 2007 diminuiu consideravelmente, valorizando a arroba do boi gordo.

• De 2009 para 2011 o estoque de animais para abate se reduziu significativamente e com isso os preços atingiram valores recordes ao final de 2010.

• A partir de 2011 o estoque de animais para abate se estabiliza no Estado e com isso a variação nos preços se dá muito mais em função do comportamento da demanda, tanto no mercado interno como externo.

• Em 2012 os preços seguem pressionados em grande parte pela participação de fêmeas nos abates, que no primeiro semestre do ano foi de 50,2% no Estado. Em relação à quantia de fêmeas abatidas em 2011, o ano de 2012 já acumula um crescimento de quase 30%.

• Uma outra constatação importante é o abate crescente no Estado de animais mais jovens, indicando o incremento de tecnologia no campo.

• Para 2013, mesmo embora venha se observando um crescimento no abate de fêmeas, a perspectiva é de que o ciclo da pecuária ainda não se inverta neste ano, pois pelo lado da oferta os indícios para o estoque de machos para abate são de leve queda para estabilidade.

• Desta forma em 2013 o comportamento da demanda será determinante para formação dos preços ao produtor.

Fonte: Famasul, adaptada pela Equipe BeefPoint.

Os comentários estão encerrados.