Mercados Futuros – 18/02/08
18 de fevereiro de 2008
Um manual com 8 capítulos
20 de fevereiro de 2008

Perspectivas da genética de gado de corte brasileira dentro do contexto mundial

Prezados leitores do BeefPoint, nos próximos radares técnicos de melhoramento animal, nós, da equipe GenSys, optamos por reapresentar alguns artigos do nosso eterno amigo, mestre e mentor Luiz Fries, como uma forma de homenageá-lo e de relembrar alguns de seus importantes ensinamentos. Profundas transformações estão ocorrendo em melhoramento genético de gado de corte e numa velocidade difícil de ser acompanhada. É necessária uma compreensão dos fatos e componentes político-econômicos para que recentes progressos realizados na área não sejam perdidos. O domínio técnico existe e conhecimento está sendo gerado, mas o que o momento exige é perceber os fatos e agir. É necessário direcionar a seleção genética das nossas populações bovinas dentro do sistema produtivo instalado, capaz de garantir esta atividade sócio-econômica a longo prazo por já possuir o principal item de competitividade internacional: baixo custo de produção.

Prezados leitores do BeefPoint, nos próximos radares técnicos de melhoramento animal, nós, da equipe GenSys, optamos por reapresentar alguns artigos do nosso eterno amigo, mestre e mentor Luiz Fries, como uma forma de homenageá-lo e de relembrar alguns de seus importantes ensinamentos e suas contribuições para o desenvolvimento do melhoramento animal no Brasil.

No artigo escolhido para este mês, Luiz descreveu sua opinião a respeito das Perspectivas da Genética de Gado de Corte Brasileira dentro do Contexto Mundial. Este artigo foi originalmente apresentado no IV Simpósio: O Nelore do Século XXI, realizado em 1997. Impressiona como mesmo após uma década, suas idéas continuam muito atuais.

Com votos de boa leitura e muitas reflexões,

Equipe GenSys.

Profundas transformações estão ocorrendo em melhoramento genético de gado de corte e numa velocidade difícil de ser acompanhada. É necessária uma compreensão dos fatos e componentes político-econômicos para que recentes progressos realizados na área não sejam perdidos. O domínio técnico existe e conhecimento está sendo gerado, mas o que o momento exige é perceber os fatos e agir.

Até o momento, o poder decisório está em mãos dos diferentes segmentos mas não se encontra estruturado e por isto existem riscos. É necessário direcionar a seleção genética das nossas populações bovinas dentro do sistema produtivo instalado, capaz de garantir esta atividade sócio-econômica a longo prazo por já possuir o principal item de competitividade internacional: baixo custo de produção. Também com este fim, devemos nos concentrar em aumentar a lucratividade da pecuária nacional e garantir sua expansão.

Conceitos iniciais

O objetivo a curto prazo das empresas que investem em Melhoramento Genético de Gado de Corte é ganhar mais dinheiro através da obtenção e uso na produção de animais mais lucrativos. Um objetivo com prazo mais dilatado seria assegurar a sobrevivência destas empresas e da pecuária de corte como uma alternativa econômica viável e socialmente benéfica.

Maior produção não é sempre sinônimo de produtividade e, menos ainda, de maior lucro líquido com minimização de riscos. Porém, existem categorias de bovinos e oportunidades que permitem maiores lucros através da intensificação do processo produtivo via aumento de insumos. A indústria bovina, a nível mundial, vêm perdendo fatias de mercado para produtos avícolas. Dentre as causas, destacam-se as óbvias: o preço e a constância e a previsibilidade da qualidade do produto. Os diferentes segmentos responsáveis pela produção de carne bovina precisam se conscientizar de que os principais adversários a enfrentar, de frente, são estes.

Uma série de ineficiências, desde a produção de insumos até o balcão frigorífico, aumentam os custos enquanto outros procedimentos são direcionados para aumentar margens, com conseqüências sobre o preço final. Os produtores deveriam estar utilizando o conglomerado de suas inteligências para produzir de forma a oferecer ao consumidor um corte médio de carne bovina de qualidade a um custo competitivo ao de aves.

No entanto e historicamente, perdas totais na cadeia de produção se verificam devido ao individualismo exacerbado e economicamente suicida de vários dos elos desta cadeia. Mesmo que cada um dos elos seja o mais eficiente possível e garanta o máximo de benefício (lucro líquido) para a sua etapa, nada garante que o produto final esteja perto de garantir a qualidade e a competitividade máximas. Por vezes apenas neste nível é que se garante a sobrevivência de um setor ou cadeia produtiva.

Pineda (1997) mostra, graficamente e para a cadeia de carne bovina, os conceitos matemáticos e econômicos de otimização local vs. global, dizendo ainda: ´ “A soma dos ótimos locais não garante o ótimo total do sistema. Se cada um nesta cadeia tenta buscar o seu ótimo local, o atendimento [do ótimo global em cada] local fica difícil ou impossível (Zancaner 1995).” A reengenharia deste sistema produtivo não é evidente e está comprometida pelas condições precárias de exploração, o nível tecnológico dos pecuaristas e dos proprietários dos frigoríficos, pela desinformação dos açougueiros e das donas de casa.´

Com uma indústria compartimentalizada, para garantir sua sobrevivência, cada segmento e cada produtor individual age no sentido de garantir/aumentar as suas margens e repassar riscos. Quanto maior o risco, maiores são as margens praticadas/percebidas como necessárias e a competição feroz se instala.

Este é um caminho sem volta. Indústrias que integram processos, reduzem custos e dividem riscos estão mostrando o quanto isto gera de poder competitivo real. Com este tipo de perspectiva, se assegura, a longo prazo, um mercado grande e em expansão, com produtores trabalhando eficientemente com margens mínimas de lucro e de riscos.

A escolha e uso de uma boa fonte de genética aditiva (selecionada por produção dentro de um sistema similar de manejo comercial), aliada a aplicação de níveis de descarte para algumas categorias, podem elevar a média genética de produtividade de um rebanho comercial em 25% em uma geração; a exploração das diferenças aditivas entre raças e da heterose, principalmente se dirigidas para obter um gado de cria eficiente, permitem ganhos de produtividade superiores a 25%; e a venda de material genético permite um aumento de receita bruta suficiente para financiar uma pecuária diferenciada.

Estes processos são empregados em outras indústrias há mais de 30 anos. A indústria bovina nacional, como regra, não pode continuar a abater animais que, por não se utilizarem dos benefícios da genética direcionada para a produção, têm custos de produção acrescidos em 25-50%. Esta ineficiência está sendo, e será cada vez mais, cobrada implacavelmente, pelo mercado, dos setores responsáveis pelo ciclo completo de produção da carne bovina.

Apenas o uso independente de alguns procedimentos genéticos por alguns produtores não é suficiente. A curto prazo estes produtores se beneficiam mas, se estes procedimentos não forem realizados de forma integrada e com grande repasse destas margens até o consumidor final, a longo prazo todos estarão competindo canibalísticamente, dadas uma demanda estagnada ou em retração.

Uma predição realizada em 1976

Com o título “Tendência atual e futura do Melhoramento Genético Animal”, Giannoni (1976) fez as seguintes predições para a área de bovinos:

“Os caminhos pelos quais o Brasil norteia o seu desenvolvimento nos levam ao seguinte quadro:

• Haverá aumento de produção de carne muito mais pela expansão de área utilizada pela pecuária do que pelo aumento de produtividade dos rebanhos nos próximos anos.

• Por mais rápido que se promova o melhoramento genético, o Brasil não conseguirá produzir matrizes e reprodutores melhorados em número suficiente para acompanhar a demanda de animais criada pela ocupação das áreas novas que estão sendo anexadas às regiões já em utilização.

• O próprio quadro sócio-econômico das regiões desbravadas, na maioria das vezes, não comporta, economicamente, bovinos em estágio de especialização muito superior ao do atual zebu brasileiro.

• Nos locais mais desenvolvidos do País (Centro-Sul), a tendência parece ser a exploração do zebu e de seus mestiços com o gado de corte europeu para a produção de carne.

• Nesta região, o zebu deve sofrer intenso melhoramento genético com objetivos econômicos bem estabelecidos.

• A formação ou introdução de raças bovinas no Brasil não nos parece ser o caminho indicado para solucionar os problemas da obtenção de produtividade animal nos trópicos. Isto porque o material genético que temos no País atende às necessidades dos cruzamentos industriais e acreditamos que o zebu, sob trabalho de melhoramento genético bem orientado, alcançará, em espaço de tempo relativamente curto, performances semelhantes às das raças européias especializadas… Um país, para ser bem sucedido em projetos de melhoramento genético animal, devido à própria natureza deste trabalho, necessita, no mínimo, das seguintes condições: organização, recursos financeiros de vulto, cultura e técnica, principalmente na área do equacionamento e análise de dados, sistemas de inseminação artificial desenvolvidos, econômicos e difundidos no meio criatório.

Sendo assim, vejo com esperanças o futuro do melhoramento genético animal no Brasil, pois a evolução do País nos últimos anos vem colocando à nossa disposição um poder central mais técnico e organizado, a era da computação se iniciou, a inseminação artificial está disponível e começa a existir um mínimo de recursos financeiros.”

Em retrospectiva, numa avaliação isenta, pode ser verificado que era excelente a capacidade de predição do Dr. Giannoni e que algumas de suas predições devem se realizar dentro de pouco tempo.

Uma predição para o sistema brasileiro de produção de carne bovina

Dentro de um quarto de século, imagina-se um Brasil com uma população humana estabilizada em 200 milhões de pessoas vivendo em níveis humanos. A economia estará totalmente integrada internacionalmente e o país estará explorando ao máximo suas vantagens competitivas para a produção de carne bovina de qualidade, já fora do circuito aftósico há mais de uma década.

A pecuária de corte gera uma receita bruta por ha, em áreas marginais, com nível de risco tão baixo que faz frente a opções agrícolas com maior receita líquida/investimento/risco. O aumento da população bovina e o incremento em produtividade determinarão um pequeno aumento no total de mão-de-obra ocupada diretamente, refletindo-se grandemente nas exigências de formação tecnológica e na qualidade de vida destas pessoas.

Vantagens competitivas do Brasil para a produção de carne bovina de qualidade:

• Clima favorável para uma exuberante (embora estacional) produção forrageira e animal;

• Interação positiva entre este clima e solo e os genótipos vegetais e animais importados (note-se, a partir da década de ´70 e pela sua extensão, o sucesso do estabelecimento do binômio Brachiárias*Nelore no Brasil Central);

• Minas de calcário e rocha fosfatada (recém descobertas) abundantes e bem localizadas;
• Área de pastagem com capacidade de suporte para 400 milhões de bovinos;

• Criadores/empresas com liquidez para operação/investimentos livres de instituições financeiras;

• Mão-de-obra no campo, abundante e barata, com origem e gosto pela atividade e que responde muito bem a desafios de produtividade e tecnológicos;

• Técnicos (além de profissionais liberais, grande parte destes é representada por filhos dos proprietários) trabalhando nas empresas e implementando tecnologias possíveis dentro de um ambiente econômico restrito;

• Capacidade de produzir novilhos com bom acabamento exclusivamente em regime de pasto, produzindo um alimento rico, com “full flavor” e livre dos “venenos sutis”;

• Custos de produção de carne bovina a 50% dos praticados na Austrália, 33 % nos EUA e 20 % na CEE.

O somatório destas vantagens competitivas resulta no “sistema brasileiro de produção de carne bovina” que permite produzir a carne mais barata do mundo. Nosso custo está ao redor de US$ 300/novilho frente a um mercado que remunera acima de US$ 1.000 no circuito não-aftósico. Portanto, temos meios e formas de manter mercados e fazer frente à competição, inclusive a do frango.

Se fosse determinado, a nível mundial, que seria permitido produzir carne apenas abaixo deste nível de custo, quantas gramas (não oriundas de vacas leiteiras de descarte) seriam produzidas fora do Brasil?

Por outro lado, se o pecuarista brasileiro pudesse produzir novilhos para um mercado que remunera a US$500,00 por novilho, que índices de produtividade seriam obtidos no país? Que revolução aconteceria se o valor pago chegasse a US$2.000,00, que é o que custa manter uma vaca leiteira por ano, na Holanda. Quem produz carne bovina de forma eficiente no mundo? Quem tem maiores chances de continuar produzindo no futuro? Interessa a quem destruir os valores/imagem que os pecuaristas brasileiros tem de si mesmos? Interessa a quem comparar índices de produtividade biológica que podem estar completamente divorciados de benefícios econômicos líquidos? Interessa a quem destruir a confiança na tecnologia e a auto-estima dos técnicos do país?

No nosso entender, o sucesso deste segmento produtivo da economia dependerá de dois componentes principais:

• a exploração máxima das suas vantagens competitivas sendo acompanhadas e potencializadas por avanços tecnológicos; e

• o retorno a uma campanha de marketing internacional sobre os valores de uma carne bovina produzida através de um sistema completo a pasto.

Um cenário realizável para o melhoramento genético

Além das vantagens competitivas para a produção de carne bovina, o país desfruta de condições únicas para manter avanços constantes em genética para a produção, sendo que as seguintes condições estão em sintonia com os sistemas de produção e entre estes resultam efeitos sinérgicos:

(1) o tamanho e a estrutura das unidades de produção permitem a execução de programas envolvendo grandes populações que podem trabalhar com forte pressão seletiva, sem riscos de depressão por consangüinidade e mantendo altas taxas de ganho genético anual;

(2) mesmo grandes produtores (acima de 10.000 vacas em reprodução) formam alianças e trabalhos cooperativos para garantir resultados técnico-econômicos e otimizar investimentos em melhoramento genético (pequenos mas de lenta maturação – ver Tabelas 1 e 2);

(3) estes grupos estão conseguindo sensibilizar as entidades do setor e direcioná-las para o melhoramento genético da produtividade de gado de corte (até por questão de sobrevivência destas entidades);

(4) a existência de grandes populações animais no país já selecionadas por adaptação e produção, como as Nelore, Polled Hereford, Angus e as sintéticas/compostas entre estas (ver Tabela 1); e

(5) a existência de vários grupos acadêmicos fortes, com domínio completo e capacidade de gerar tecnologias genéticas.

Sem dúvida o ponto mais importante é a congruência entre os sistemas de produção utilizados e a obtenção de genética superior de dentro do sistema produtivo. A genética sempre é a base de qualquer sistema produtivo e dos “pacotes tecnológicos”. O Brasil conseguiu, talvez por vias tortas, montar um sistema produtivo que resulta em baixos custos de produção e esta vantagem competitiva é fundamental e determinante.

Muito é possível fazer ainda dentro deste sistema para aumentar a produtividade sem alterar custos. Mas não se pode correr o risco de importar sistemas de produção (mesmo que em fatias ou camadas bem ou mal disfarçadas) que nos levem/induzam a importar genética e então cair numa dependência comercial e tecnológica como a ocorrida com outras espécies.

O exemplo do setor suinícola, durante a década passada, é fulminante. O cenário era dominado por criadores individuais produzindo genética e organizados em associações. Empresas que faziam e combinavam genética, explorando a heterose, eram incipientes. Uma série de predicados, resultando numa inoperância e imobilismo destes criadores e suas entidades, permitiram um completa inversão de posições, tão rápida que muitos ainda não se deram conta do que já aconteceu. O resultado disto está sendo, pelo menos parcialmente, benéfico pois a indústria suinícola aumentou sua participação no mercado nacional e sua competitividade internacional.

Embora ainda falte perspectiva para tal, é necessário avaliar para que setor da sociedade estes benefícios foram canalizados ou distribuídos e o que seria desejável. A importância das exposições (e toda a cultura associada) de reprodutores suínos hoje é igual a de frangos de corte. Quando as empresas de melhoramento suinícola começaram a entregar reprodutores/as ao preço de 1,2 o valor comercial do peso vivo (a heterose não é cobrada), foi a pá-de-cal sobre o sistema raças puras-e-associações.

Este exemplo deveria alertar os atuais produtores de genética bovina nacional e suas entidades.

Estamos vivendo momentos de profundas transformações. Cabe aos atuais agentes econômicos e políticos determinarem qual o modelo de comando da geração de genética bovina teremos brevemente. Cabe aos atuais agentes econômicos e políticos determinarem qual o modelo de comando de todo o sistema produtivo teremos brevemente. Cabe aos atuais agentes econômicos e políticos determinarem qual o papel que estes mesmos agentes querem ter num futuro próximo. Cabe aos atuais agentes econômicos e políticos montarem uma estratégia para chegarem aos seus objetivos num futuro próximo.

A passagem do bastão de comando só se dará se houver uma pré-capitulação e uma completa desarticulação entre os empresários e entre as atuais entidades associativistas. Vale a pena rever, repensar e re-avaliar nossas excepcionais condições para produção independente de genética, acima enunciadas.

O ponto (1) nos refere ao aforisma básico: “qualidade só sai da quantidade” e indica nossas vantagens ao explorar a estrutura fundiária dominante das unidades produtivas direcionadas para a produção de gado de corte. Isto contrasta fortemente com a situação de outros países com pecuária desenvolvida mas que possuem rebanhos médios de 20 ou 50 vacas de cria.

Segundo explicam Gregory e cols. (1995), depois de apresentar a distribuição dos rebanhos americanos [nas fazendas que possuem vacas de corte, 80% destas possuem 50 vacas ou menos, 93% das fazendas possuem 100 vacas ou menos e 99% das fazendas possuem menos de 500 vacas], “isto causa uma limitação óbvia sobre as opções que são possíveis ao procurar um sistema ótimo de cruzamentos”. Para estas condições, a proposta do composto se apresenta como uma saída possível e altamente recomendável. No entanto, esta situação consegue ser habilmente apresentada e defendida como recomendável para o Brasil Central, com estrutura de rebanhos oposta a que deu origem ao composto.

Por outro lado, esta oportunidade excepcional (1) que temos, nos indica que devemos estancar o desperdício de ignorar a genética que está sendo e/ou poderia ser selecionada e produzida nos grandes rebanhos comerciais. Não é prudente só concentrar esforços e direcionar todo o fluxo genético a partir de pequenos rebanhos isolados e considerados de elite. O modelo “de mão única” que perdura ainda no presente século, importado da Inglaterra rupestre, foi o da manutenção, dentro de cada grande propriedade pecuária, com um grande rebanho comercial, de um pequeno núcleo de ventres controlados. Deste núcleo apenas é que se obtinham os touros de reposição necessários para a operação comercial e os excedentes para venda. O argumento foi o de que estes ventres e apenas estes, tinham pureza racial assegurada e portanto só estes poderiam produzir reprodutores. Daí decorrem as pirâmides e outras estruturas comerciais hierárquicas que impedem que o fluxo de gens seja determinado exclusivamente pelo valor genético para a produção eficiente de carne, ou seja, pelo mercado.

Se estes mesmos produtores, nas mesmas propriedades, trocarem de modelo, um salto em produtividade pode ser obtido. Se eles mantiverem o modelo antigo além de investirem no novo, aumentarão suas fontes de receitas, com produtos diferenciados para mercados distintos.

Não é por nada que criadores e melhoristas (como Gregory e Frisch) que nos visitam ficam assombrados com as condições únicas que possuímos, a nível mundial, de trabalhar e realizar ganhos genéticos.

O ponto (2) revela que está ocorrendo uma mudança de mentalidade de muitos pecuaristas. Eles estão conseguindo sair de uma atitude de “senhores feudais”, auto-suficientes, que lhes foi historicamente imposta, para uma postura mais cooperativa e de busca de uma interação positiva com os seus colegas/competidores. Precisa ser compreendido que existem aí enormes esforços e desgastes humanos sendo pressionados/dirigidos pela tecnologia e pela competição.

Como não poderia deixar de ser, se as pessoas mudam, suas entidades também devem passar por transformações. O ponto (3) indica que as entidades do setor estão deixando de ser direcionadas apenas para a manutenção e defesa de direitos adquiridos, transformando-se efetivamente em empresas eficientes de prestação de serviços requeridos/impostos pelo mercado.

O ponto (4) e a Tabela 1 nos chamam a atenção para a existência do material genético primário e já moldado para nosso ambiente de produção. E este é um capital inestimável do país. Para dar uma idéia desta riqueza, basta lembrar que não existe nenhuma outra população de gado de corte no mundo como a do Nelore; nenhum outro país possui uma população relativamente homogênea de 25 milhões de vacas produzindo em ambientes bastante diversificados e geralmente estressantes. E as populações bovinas existentes no sul do país, originárias das raças britânicas, formam genótipos especializados para uma produção exclusivamente a pasto.

Tabela 1. Avaliação da amplitude de alguns programas de melhoramento genético de grupos particulares através de critérios como número anual de vacas em controle em 1977 e tamanho dos bancos de dados acumulados até 1997


Além dos programas independentes relacionados na Tabela 1, vários outros (talvez todos os outros) são listados e discutidos por Velloso (1996). Para os diferentes programas de melhoramento listados na Tabela 1, DEP´s para um total de 18 características são calculadas.

Os programas de melhoramento genético das duas maiores entidades nacionais, ANC e ABCZ, são expressivos, importantes e destacados a nível mundial. Por exemplo, na avaliação genética do último trimestre (a de Setembro de 1997) realizada para a ABCZ, dados de desmama de 857.732 animais foram utilizados, ou seja, o equivalente a mais de 3 milhões de equações num modelo animal (Roso 1997).

Quando se alia este ponto com os componentes dos pontos anteriores é possível chegar à essência da filosofia de programas de melhoramento que estão dando certo: uso de genética aditiva superior, adaptada, diferenciada e predominantemente nacionais; reunindo grandes populações animais em controle e seleção; e obtendo benefícios extras por reunir empresários em formas associativistas.

O último ponto (5), indica que o melhoramento genético deixou de ser um assunto puramente acadêmico para se tornar um catalisador de muitas das mudanças que estão acontecendo e, ao mesmo tempo, um insumo tecnológico necessário e aplicado. Criadores e empresas investindo em Melhoramento Genético; a reunião de técnicos e empresários/produtores dentro de uma organização única, desde 1996, na Sociedade Brasileira de Melhoramento Animal (SBMA); e a existência de empresas prestadoras de serviço especializado são demonstrações cabais disto.

Estes criadores e programas estão trazendo para dentro de universidades e de instituições que realizam pesquisas: dados, problemas e indicações de necessidades reais de pesquisa, problemas técnicos, operacionais e econômicos para implantar programas de melhoramento, perspectivas de marketing e, principalmente, um questionamento por parte dos criadores em nível não mais elementar. A interação entre vários destes componentes e com os elementos tecnológicos (genética, computação, economia, reprodução, estatística e metodologias de avaliação) estão gerando/oportunizando/forçando um nível de progresso e de mudanças sem paralelos na nossa história recente.

5. Como assim “ganhar dinheiro” com melhoramento genético?

Muitas grandes empresas se deram conta que, geralmente, comprar touros de reposição no mercado era uma “despesa morta”. Mesmo para a primavera do ano 2000, é possível predizer que o número de touros geneticamente superiores que serão ofertados, depois de passar pelas várias etapas de controle de produção e filtros seletivos, não passará de 10.000. Estes touros foram/serão concebidos na atual temporada de reprodução (verão de 1997).

Frente a uma demanda potencial de 300.000 touros por ano, esta oferta de semente genética de valor real para a produção é irrisória. As opções possíveis para estas empresas são:

(1) comprar touros sem indicadores de que eles trarão qualquer incremento sobre as médias de produção – caso o valor pago exceda o valor comercial em peso vivo, resulta em benefício negativo se não for contabilizado o ganho político/prestígio social;

(2) comprar touros com descrição genética da superioridade relativa para características bioeconômicas, o que determinará um benefício líquido caso o retorno econômico realizado pelos produtos destes touros ultrapasse o custo de aquisição (contabilizando ainda riscos, despesas financeiras e de manutenção);

(3) utilizar na reprodução animais de produção própria, tanto de pequenos plantéis registrados como os “ponta-de-boiada”; mesmo na pior situação, sem ganhos genéticos para produção, reduzem-se custos; ou

(4) montar programa próprio, com objetivo principal de produzir internamente estes touros.

O simples exame destas alternativas indica porquê a demanda anual por reprodutores efetiva e realizada está tão distante da potencial. A Tabela 2 mostra um contraste entre as opções 1 e 4. É importante chamar a atenção para a necessidade de cobrir custos durante cerca de 5 anos até que as alterações genéticas cheguem ao mercado através da carne produzida. O uso de I.A. seria uma opção real que deveria ser considerada por uma empresa. Para o presente trabalho, demandaria uma outra dimensão de possibilidades que, economicamente, não se afastariam muito do custo anual de US$165.000,00.

Tabela 2. Comparação marginal entre alguns aspectos de uma exploração pecuária de 10.000 vacas de cria em um processo comercial convencional e numa pecuária diferenciada, com produção e venda de reprodutores (valores em US$ de 1995).


Note-se que o processo sai de uma situação de:

(1) baixa utilização da terra, mão-de-obra, serviços e capital;

(2) imobilismo e dependência genéticas, com ganhos genéticos em produtividade nulos;

(3) um custo do item “touro” por bezerro nascido de US$ 15,00 e

(4) uma receita bruta anual por vaca mantida de US$ 140;

para um status em que a empresa:

(1) emprega 50% mais pessoas;

(2) remunera melhor e exige/fornece melhor qualificação desta mão de obra;

(3) consome serviços terceirizados;

(4) tem uma receita bruta anual por vaca de US$ 242,6 (e agora de diferentes fontes);

(5) mais que duplica sua receita líquida; e

(6) acumula anualmente ganhos genéticos de 1% do seu faturamento comercial.

O número utilizado de 10.000 vacas pode representar uma escala mínima para alguns dos investimentos ou ser utilizado para cálculos com outros volumes. Rebanhos pequenos podem se reunir para ter um programa coordenado e, assim, obter ganhos de escala, reduzir riscos de consangüinidade e permitir maiores taxas de ganho genético que é o que garante, a longo prazo, o retorno aos investimentos.

Realidades positivas da genética bovina nacional capazes de municiar um marketing agressivo

• Sistema Brasileiro de Produção de Carne Bovina (Secção 3 acima), capaz de competir e dominar qualquer mercado em preço e qualidade.

• Condições únicas para manter avanços constantes em genética para a produção, e a sintonia e sinergismo entre estas e o sistema de produção.

• Direcionamento dos programas seletivos dentro de raças. Mais do que mero absorvente de tecnologias, o Brasil têm se caracterizado (até porque foi obrigado a isto por suas condições únicas de produção) por ser um gerador de tecnologias aplicadas de melhoramento e também de ciência. Alguns aspectos que podem ser mencionados são apresentados a seguir (esta relação não tem a intenção de ser completa e necessita ser revista e complementada por vários outros grupos técnicos).

• DEP´s para escores de avaliações visuais. Desde a década de 70 alguns programas de melhoramento começaram a registrar e a utilizar avaliações visuais nos programas seletivos (Kemper, 1973), baseados no sistema Ankony (Long, 1972). As vantagens de utilizar estas avaliações foram enormes e hoje este tipo de avaliações aparece em sumários de touros e de Centrais de IA de vários países. Foi graças a trabalhos como os de Daly (1977), Koch et al. (1982), Pons (1988) e Roso et al. (1995) que se estabeleceu o consenso de que escores de conformação podem trazer benefícios reais.

• Uso da metodologia dos modelos mistos, em avaliações nacionais, desde 1987 (Nobre, 1987).

• Desenvolvimento de Índices Empíricos, ponderando as DEP´s para as várias características, pois é necessário tomar decisões sobre os animais (quais manter e quais eliminar) baseado em algum índice que deve estar impresso em alguma coluna de algum relatório. Análises multi-variadas/caracter fornecem várias DEP´s (uma para cada característica, mesmo as não medidas no animal, levando em consideração também as correlações com todas as outras características) mas o problema de como reunir as várias DEP´s não é resolvido aí. O procedimento em uso no país a cerca de 10 anos, começa a surgir em alguns programas e sumários de touros da Austrália.

• Índices bioeconômicos e genéticos, apresentados em outro trabalho deste Simpósio (Albuquerque et al., 1997) podem ser considerado também como uma aplicação recente em gado de corte.

• Qualidade e maciez da carne. A pesquisa sobre calpaína-calpastatina, em andamento, executada pelos Drs. Jane R. Ourique e Pedro de Felício, com financiamento do Condomínio Delta G é um grande exemplo. Breve, além dos componentes de precocidade, será possível agregar indicadores genéticos de qualidade do produto. Esta pesquisa está andando, passo a passo e independentemente, com o seu andamento nos U.S.A.

• Metodologias de avaliação genética na presença de seleção. A metodologia usual de avaliação genética animal está baseada na pressuposição de que não existe qualquer forma de seleção que foi ou está sendo utilizada nos rebanhos (Henderson, 1984). Mais e mais técnicos, além do próprio Henderson, chamam a atenção para este fato (Schaeffer (1991, 1996a e 1996b) e Fairfull e Muir (1996)). Schaeffer et al (1998) revisam dezenas de tentativas de resolver este problema e indicam que está sendo aplicado no Brasil, desde 1990, uma modificação na metodologia original que não necessita de pressuposições irreais (Fries e Schenkel, 1993).

• Estimadores e Preditores Robustos. Para diminuir o impacto de observações extremas e com níveis diferenciados de incerteza e o problema causado pela heteroscedasticidade de variâncias entre grupos contemporâneos, procedimentos ponderados/robustos de estimação são utilizados (ver, por exemplo, Schenkel e Brito, 1994).

• DEP Dias. Cada segmento do ciclo produtivo da carne bovina possui interesse especial em uma ou algumas das precocidades (crescimento, sexual ou de terminação). Como cada uma delas é expressa em dias, é fácil de interpretá-las e de combiná-las em índices. Para um criador que realize um ciclo completo, interessa saber que touro produzirá as fêmeas mais precoces sexualmente, com maior produtividade durante a sua vida e com maior permanência no rebanho. E quais os touros que produzirão, mais rapidamente e em maior porcentual, novilhos dentro da especificação necessária para serem classificados como “novilhos precoces”. A reexpressão do GMD em D160 e D240 pode auxiliar na condução a estes objetivos de maneira mais direta (ver Albuquerque et al., 1997).

• Teste de Capacidade de Serviço e Teste de Libido. Depois de muito ouvirmos dizer que touros zebuínos não respondem aos TCS, criadores/técnicos desenvolveram aqui um teste de libido que permite discriminá-los por competência sexual (Pineda e Lemos, 1994)

• Precocidade Sexual. Esforços em grandes rebanhos estão sendo feitos na busca de novilhas mais precoces (Hill, 1995). Taxas de prenhez de 84% em grupos grandes de novilhas Nelore, mantidas exclusivamente a pasto, já foram observados. Trabalhando com machos jovens, técnicos da Embrapa – São Carlos estão obtendo resultados muito interessantes (Pineda, 1997).

• Conectabilidade. O conceito de medir conectabilidade como uma quantidade de cada grupo contemporâneo pertencente a um banco de dados é algo completamente novo, a nível mundial, mas rotina dentro do país (Foulley et al. (1987) e Fries e Roso (1997)).

• Comparações entre raças. Utilizando correções para heterose materna e individual, avaliações genéticas entre raças distintas e várias subpopulações sintéticas bem conectadas vem sendo realizadas, por exemplo, desde o início do Programa Natura (1986).

• Uma iniciativa privada que empurra, quando necessário, e faz as coisas acontecerem. O fato de empresas pecuárias (e grupos de criadores organizados e formando populações animais grandes, conectadas e com direcionamento genético determinado) passarem a produzir genética, com venda de excedentes, está determinando e consolidando alterações no panorama do melhoramento genético de bovinos de corte.

• CEIP. Nos últimos anos da década de 80, os órgãos governamentais, num trabalho junto com o setor privado e com pioneirismo internacional, tiveram a visão de acelerar o processo de melhoramento através da criação, regulamentação e fiscalização dos “Certificados de Produção” (CP´s). Criadores particulares, grupos, empresas e entidades dos pecuaristas responderam à demanda do mercado. Os registros genealógicos continuam a ser emitidos para todos os animais dentro de uma categoria enquanto que os CP´s são emitidos apenas para aqueles animais controlados, conectados e com superioridade genética (cerca de 20% de certificação nos machos).Talvez, num futuro próximo e com uma distância retrospectiva adequada, este instrumento será visto como a mais importante decisão tomada e implementada neste século, simplesmente porque ele forçou o uso de algum nível de descarte.

• Entidades e organizações avançadas. Num trabalho convidado para o maior fórum mundial na área, Fries (1998) assim relatou mudanças que estavam acontecendo no país: “Para sobreviver. as organizações que servem aos criadores também precisam mudar na sua eficiência e formas e modos de operar. Algumas estão se adaptando muito rapidamente, como é o caso da ABCZ, de longe a maior organização deste tipo na Brasil (mais de 4.000 membros ativos e arquivos com mais de 4 milhões de registros de pedigree) e mais de 700 mil animais com registros de produção. Algumas mudanças implementadas recentemente foram:

1) Uso de todas as pesagens repetidas de um animal, ao invés do método de interpolação que usava apenas algumas destas pesagens para chegar a alguns pesos ajustados a idades-padrão.

2) Iniciando um programa para certificar (com um CP oficial) somente os 20% animais jovens superiores (com base na população total controlada de cada raça), depois de cumpridas todas as exigências da fase de pedigree.

3) Permitindo e reconhecendo o uso de touros múltiplos (RM´s) e o registro dos seus produtos sem qualquer discriminação, ao invés de induzir a uma “adivinhação educada” devido a falta de adequação das regras e procedimentos importados da bucólica Inglaterra de 1800´s.

4) Usando características como D160 e D240, ao invés de pesos ajustados para determinadas idades, para definir os índices para ordenar os animais por mérito genético e fornecer CP´s.”

No mesmo trabalho, são mostradas ainda as figuras contendo os seguintes efeitos: idade do bezerro sobre o GMD pré-desmama, efeitos linear e quadrático da idade da vaca e efeitos da data de nascimento, dentro da estação. Fatores de correção para estes efeitos são utilizados e estes são específicos para o Brasil mas estes contêm alguns elementos estruturais bastante avançados.

• Mercado de reprodutores tecnificado e educado, que valoriza a genética superior para a produção. Animais com CP´s, quando vendidos de forma privada ou em leilões públicos, recebem valorização de preço. Uma determinação forte e uma correlação positiva está ocorrendo entre DEP´s e preços. Alguns grupos estão vendendo a sua safra genética usando funções das DEP´s para determinar os preços e estes são, geralmente, bem aceitos e entendidos pelo mercado. Nos anos de 1996 e 1997, por exemplo, a Agropecuária Jacarézinho Ltda. vendeu perto de 2.000 touros de acordo com esta regra. De acordo com o que está acontecendo em todos os outros setores da economia, se esperaria que a qualidade genética dos animais sendo ofertados deveria estar subindo enquanto que os preços (por unidade de DEP ou Índice) deveriam estar caindo. A primeira parte é verdadeira, mas a segunda não; a interpretação é que o mercado está reavaliando/revalorizando resultados. Genética de gado de corte é, mais e mais, entendida como apenas outro componente/insumo do sistema de produção de carne bovina.

Considerações finais

Em resumo, pode ser avaliado que estamos bem posicionados no cenário mundial da genética bovina. Nem tudo é devido a termos “nascido em berço esplêndido” e, por estarmos trabalhando tanto, temos mérito por isto.

Existem muitos interesses comerciais em jogo: o setor participa e se propaga em cerca de 10% de PIB Nacional. Existe muito a ser conquistado lá fora mas o próprio tamanho do rebanho nacional é um chamariz para empresas de todo o mundo. Todas nossas vantagens competitivas, estruturas e vocações, são também vistas (talvez até de forma mais clara) por empresários de outros países que, com a globalização, não precisam perder oportunidades.

O quanto influencia qualquer decisão a nível mundial, saber que o sistema brasileiro de produção de carne bovina é o único capaz de competir, também em preço, com a indústria de frangos? Quem pode ignorar este fato e quem não quer participar disto?

É necessário que os empresários brasileiros do setor se dêem conta que o jogo de verdade ainda não começou e que a competição internacional virá e forte. Precisamos aprender a competir mais, internamente, e precisamos aprender a cooperar mais, internamente. Os exemplos das Alianças de Invernistas ou produtores de novilhos precisam se multiplicar com rapidez. Estas parcerias e alianças comerciais precisam ser formadas para resolver também outros tipos de problemas.

Precisamos nos unir ao redor de um projeto nacional para o setor e de uma coordenação (ver Giannoni, 1976). Não podemos nos permitir/arriscar passar pelo que passou a indústria suinícola nacional.

É necessário formular, com toda a clareza e pragmatismo, qual o objetivo deste projeto nacional. Este objetivo deve ser capaz de unir todas as pessoas, setores, regiões e grupos envolvidos. Este objetivo comum deve contemplar uma nova realidade (alguns diriam um novo paradigma) de maneira que cada um dos seus componentes reforce os outros.

É só com um projeto bem delineado (além dos mapas, conhecimento e instrumentos para tal) que se chega a algum lugar. Senão, tudo não passa de “wishfull thinking”. Ou de profecias.
Para aumentar um pouco as probabilidades de que algo realmente aconteça, precisamos estar sintonizados e estabelecermos um foco, uma convergência absoluta do que nos une. Sem uma bandeira, sem um propósito comum, é muito difícil que consigamos manter e alargar um pouco nossas posições. Com a intenção de fornecer um elemento inicial ao debate e definição deste objetivo, o seguinte parágrafo é submetido:

Somente um equilíbrio justo entre competição e cooperação permitirá ao país alcançar:

(1) níveis tecnológicos e de rentabilidade empregados/obtidos nas fazendas sempre crescentes, baseados num sistema com custos de produção extremamente competitivo;

(2) a geração/transferência de tecnologia através de entidades públicas com forte estrutura científica/acadêmica, com cursos dirigidos para o mercado e programas de educação continuada;

(3) uma liderança em exportação de genética bovina, só consolidada após uma proeminência no mercado internacional da carne obtida pelo multi-direcionamento de produtos diferenciados.

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*Dr. Luiz Alberto Fries, sócio do Gensys, faleceu em 09/11/2007.

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