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Perspectivas de preço da carne seguem indefinidas

Os focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul ainda não provocaram fortes mudanças nos preços e no abastecimento paulista. Essa definição só deve ocorrer em algumas semanas, quando a extensão do embargo estiver determinada e ficar mais claro o resultado das tentativas do governo de reverter as restrições dos importadores.

Após sair do mercado, alguns frigoríficos voltaram às compras ontem e pagaram mais pela carne do que na sexta-feira. O comportamento dos preços e o abastecimento afetam, no entanto, de forma diferente supermercados e frigoríficos, dependendo da região em que se encontram.

O presidente do Conselho da Apas (Associação de Supermercados de São Paulo) e dono de uma rede de supermercados no litoral paulista, Omar Assaf, comprava carne bovina exatamente dos dois frigoríficos interditados de Eldorado, em Mato Grosso do Sul.

Ele encontrou dificuldades no primeiro momento para o abastecimento de suas lojas, buscou novos parceiros e diz que nesta semana o abastecimento deverá estar regularizado. Para ele, os preços ao consumidor não tiveram alterações.

Já o pecuarista José Junqueira Villela, da Agropecuária AJJ, diz que os preços não caíram, mas ele não consegue vender seus bois. O mercado está parado.

João Arantes Neto, da Agropecuária Nova Vida, diz que ainda é cedo para avaliar problemas e prejuízos, mas traça dois cenários. Se for mantido o atual quadro de embargo, os estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Rondônia, livres de restrição, devem vender seus rebanhos ao exterior e os preços da carne nesses estados devem subir.

Segundo ele, as carnes de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná vão ficar para o mercado interno e poderão ter queda de preços nessas regiões.

Se novas avaliações dos importadores ampliarem o embargo para todo o território nacional, no entanto, o preço vai despencar. Neste caso, até alguns frigoríficos voltados para o mercado externo poderão ter sérios problemas financeiros, diz ele.

Indefinição

O comportamento dos preços continua indefinido. Enquanto muitos frigoríficos estão fora do mercado “porque já têm muito boi para matar”, segundo Villela, outros retornaram e elevaram o preço da arroba em R$ 1 ontem, conforme pesquisa da Folha de S. Paulo. Os preços médios estão em R$ 57.

O analista do Instituto FNP, José Vicente Ferraz, diz que a indefinição do mercado depende da própria avaliação atual do setor. Alguns apostam que eventuais constatações de novos focos podem elevar ainda mais os preços, principalmente devido à paralisação dos frigoríficos de Mato Grosso do Sul.

Para Ferraz, o principal problema em Mato Grosso do Sul são as indefinições, devido às notícias de novos focos. Com isso, alguns frigoríficos pagam mais pela carne em São Paulo para se auto-abastecer.

Já o acordo dos secretários estaduais para liberar a saída da carne desossada de Mato Grosso do Sul encontra problemas operacionais, o que aumenta ainda mais a procura por carne, principalmente em São Paulo.

Ferraz diz que, esclarecida a extensão e a origem dos problemas, a atuação do mercado ficará mais clara. A partir daí, o analista acredita que os preços poderão ter tendência de alta, devido à forte demanda do mercado externo por carne.

Assaf e Villela concordam com uma sustentação dos preços a curto prazo, mas esperam um recuo a médio prazo.

Fonte: Folha de S.Paulo (por Mauro Zafalon), adaptado por Equipe BeefPoint

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