Na terça-feira passada, a Equipe AgriPoint participou do Seminário Perspectivas para o Agribusiness 2010/2011, realizado pela BM&FBovespa. Esta foi a 9ª edição do evento, que reúne importantes nomes do cenário brasileiro e mundial para um debate sobre as principais tendências do agronegócio nacional e os reflexos macroeconômicos sobre o setor. Transmitimos o evento via Twitter e neste artigo disponibilizamos uma compilação dos principais pontos que foram discutidos pelos palestrantes do evento.
Na terça-feira passada, a Equipe AgriPoint participou do Seminário Perspectivas para o Agribusiness 2010/2011, realizado pela BM&FBovespa. Esta foi a 9ª edição do evento, que reúne importantes nomes do cenário brasileiro e mundial para um debate sobre as principais tendências do agronegócio nacional e os reflexos macroeconômicos sobre o setor.
Como de costume, o evento foi dividido em dois períodos. Na parte da manhã foram discutidos assuntos mais gerais, ligados à macroeconomia, política agrícola e tendências dos mercados de commodities. Durante a tarde, o público se dividiu em painéis que travam mais especificamente de cada cadeia produtiva: Perspectivas dos mercados de milho, aves e suínos; Perspectivas do mercado de café; Perspectivas do mercado de algodão; Perspectivas mercados de açúcar e etanol; Perspectivas do mercado da pecuária de corte; e Perspectivas do mercado de soja.
Transmitimos o evento via Twitter e abaixo disponibilizamos uma compilação dos principais pontos que foram discutidos pelos palestrantes da primeira seção do seminário.
Edemir Pinto, diretor presidente da BM&FBovespa abriu o evento ressaltando a importância dos mercados futuros e do agronegócio para a economia brasileira, além da parceria entre a BM&FBovespa e o CME Group.
Carlo Filippo Lovatelli, da Associação Brasileira do Agribusiness (Abag), falou sobre os desafios que o agronegócio tem de enfrentar: protecionismo, necessidade de melhor política agrícola, segurança jurídica, questão ambiental entre outros.
Lovatelli ressaltou, “agronegócio é sustentabilidade, somos isso, precisamos parecer isso”. Segundo o presidente da Abag, sustentabilidade é a nova ordem mundial, e alguns casos se torna entrave ao livre comércio.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Wagner Rossi, finalizou as apresentações inicias frisando que o momento é extremamente auspicioso, com previsão de safras recordes este ano. “Essas conquistas só foram possíveis com a ação conjunta dos produtores, bancos e governos. Mas para garantir este desenvolvimento continuo é preciso garantir segurança jurídica no campo”, comentou Rossi.
Outro ponto destacado pelo ministro foi a relação entre produção e preservação. “O produtor é quem saber proteger o meio ambiente e o governo vai lançar um programa de agricultura de baixo carbono, incentivando recuperação e melhoria na produção”, completou Rossi informando que o plantio direto será incentivado pelo governo para aumentar a produtividade.
Comentando outro ponto delicado e bastante discutido nos últimos anos Rossi disse que “é ridículo falar em índices de produtividade para a agricultura brasileira, pois somos nós que vamos alimentar o mundo. A agricultura cresceu muito nos últimos anos, mas sua importância ainda precisa ser melhor reconhecida dentro do Governo”.
Nathan Blanche, da Tendências Consultoria Integrada, apresentou a palestra “Cenários da macroeconomia e o agronegócio”. “Após a crise ainda existem muitas incertezas. Mas em 2011 o crescimento deve ser retomado, alavancado pelo ritmo aquecido da economia nos países emergentes”, inciou Blanche.
Segundo o palestrante, na zona do euro será preciso estancar o problema fiscal, evitando esta crise que se torne um problema de liquidez. Blanche mostra um gráfico sobre os resultados fiscais das principais economias nos últimos anos e o Brasil é um dos poucos que aparece positivo. No mesmo gráfico, todos os países da zona do euro têm números negativos.
“A economia da China segue aquecida e crescendo próximo de 12%. Por isso este é um mercado tão cobiçado pelos exportadores brasileiros. Esse crescimento da China deve sustentar os preços das commodities agrícolas, já que este pais precisa importar muito alimento”, frisou.
“No Brasil, o PIB e a renda devem continuar crescendo em 2010. A popularidade do Lula se deve a aumento da oferta de crédito” apontou Blanche. Mas para ele com o tamanho que o Estado tem hoje fica difícil mudar o patamar da inflação. “Para isso é preciso promover mudanças estruturais”.
O palestrante concluiu que as commodities são um fator estabilizador para inflação. Segundo ele, a taxa de câmbio tende a compensar o movimento de commodities no mercado internacional. “O câmbio no Brasil não está apreciado”, afirmou Blanche. Ele acredita em uma taxa câmbio estável, podendo chegar a R$ 1,95 no 2º trimestre. “O problema não é câmbio, mas custo Brasil”.
Blanche também apresentou dados sobre o déficit em conta corrente, que deve ficar entre 2,5 e 3% nos próximos anos. “Isso não preocupa. O déficit em conta corrente não é entrave a crescimento no longo prazo”.
Como já citado anteriormente, Blanche afirmou que as importações e consumo da China e Índia devem crescer nos próximos anos, sustentando o mercado e favorecendo os exportadores brasileiros.
Ao falar sobre intervenções do Governo o palestrante se mostrou preocupado. “Alguém terá que pagar o pacote, esse dinheiro terá que sair de algum lugar”. Blanche completou afirmando, “não acredito em pacote, acredito em competitividade, eficiência”. “Não espere que o governo venha resolver seu problema”. Ele ainda criticou a posição do BNDES: “escolhem quem serão as empresas mais felizes do Brasil”.
Agronegócio é o grande responsável pelo superávit da balança comercial, disse Blanche. “Se não fosse o agronegócio, a situação da economia nacional seria outra. Bem pior”, frisou.
Ao mostrar o gráfico abaixo, Blanche chamou a atenção para a situação do Brasil em relação às reservas e dívida externa. “Temos reservas de sobra”.
Finalizando ele lembrou no médio e longo prazo, o risco para o agronegócio pode ser a má condução da política fiscal, tentativa de interferência no câmbio e intervenção do Estado.
Edilson Guimarães, Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, apresentou a palestra “Diretrizes do Plano Agrícola e Pecuário 2010-2011” e voltou a ressaltar que o agronegócio é o responsável pelo superávit da balança comercial.#
“Nos últimos anos cresceu muito o volume de recursos disponibilizados ao crédito rural e nessa safra devemos chegar muito próximos da meta do crédito rural”, comentou Guimarães.
Guimarães lembrou que o seguro rural também cresceu, chegando a valores próximos de R$ 10 bilhões em 2009, sendo que o Estado que mais fez seguro foi o Paraná. Para o palestrante, o Plano Agrícola e Pecuário 2010-2011 tem objetivo de garantir maior fonte de recursos para que o produtor financie sua safra
Conforme apresentado pelo ministro, Guimarães finalizou sua apresentação ressaltando que “o MAPA incentiva o uso de práticas ambientalmente corretas e o uso de seguro rural”.
John Kemp, Reuters, falou sobre mudanças no comportamento dos preços de commodities. “Desde 2004 o mercado futuro de commodities cresceu bastante trazendo mais liquidez e ajudando na realização de hedge”.
Kemp mostrou um gráfico com os preços de diversas commodities, com crescimento a partir de 2004 e variação bastante semelhante entre elas. “Não são só as commodities agrícolas que tem demostrado correlação nos últimos anos, mas também o petróleo e as ligadas à energia. A volatilidade também está cada vez relacionada entre as commodities agrícolas
Segundo ele este crescimento tem sido sustentado por negócios de prazo mais longo, com alguns contratos sendo negociados com até 2 anos de antecedência. “Esta mudança de perfil proporciona um aumento na liquidez dos mercados futuros”. Para Kemp, muito desta liquidez está sendo garantida pela ação de especuladores, que hoje são a maioria dos agentes no mercado de commodities.
“Existe também maior interação maior entre os preços do mercado futuro e do mercado spot. Este fenômeno pode ser percebido em diversos mercado de commodity em intensidades diferentes, mas ele tem ocorrido de forma mais constante nos últimos anos”. Ele lembra que o mercado está cada vez reagindo mais às variações do mercado futuro, com os preços estando muito mais ligados às expectativas futuras.
Outro ponto destacado pelo palestrante é que apesar dos reflexos da crise e os fundamentos de curto prazo mais fracos, os investidores ainda estão muito interessados no mercado de commodities. “Isto acontece porque esses agentes estão buscando proteção contra inflação e formas de diversificar seus investimentos comprando commodities. Estes investidores também estão apostando no aumento da demanda de commodities causada pelo crescimento da China e da Índia”.
Emily French, ConsiliAgra (EUA), começou sua palestra falando que o mundo mudou muito, com aumento de tecnologia e globalização. “Os mercados estão voltados para o futuro e jamais voltaremos a preços de commodities de antigamente”
Segundo ela, os investidores preferem o mercado de commodities do que o de capitais, a assim, no próximos anos, haverá muito dinheiro entrando na agricultura.
Para French, “os recursos das Américas (produção) são necessários para sustentar o crescimento da China e da Índia. Quanto mais oa americanos trabalharem juntos, melhor será”.
Equipe Agripoint