Enquanto advogados, acionistas e executivos da Sadia e da Perdigão se reuniam durante todo o dia para redigir os documentos finais da fusão, as empresas divulgaram ontem resultados operacionais fracos, referentes ao primeiro trimestre deste ano. Ambas tiveram prejuízo no período.
Enquanto advogados, acionistas e executivos da Sadia e da Perdigão se reuniam durante todo o dia para redigir os documentos finais da fusão, as empresas divulgaram ontem resultados operacionais fracos, referentes ao primeiro trimestre deste ano. Ambas tiveram prejuízo no período. Os executivos da duas empresas preferiram não comentar o desempenho do trimestre, cancelando a teleconferência agendada com jornalistas e aumentando ainda mais os rumores de uma união.
Segundo informações da Folha de S. Paulo, Brasil Foods (BRF) será o nome da nova companhia que surgirá da união entre Sadia e Perdigão. O nome da futura maior empresa de alimentos industrializados do Brasil será em inglês, mas Brasil será grafado com s, como na língua portuguesa, não com o z do inglês.
Na nova empresa, aproximadamente 45% de vendas serão destinadas ao mercado externo, e 55%, ao mercado interno. A união das duas trará ganhos principalmente no exterior. Produtos da Perdigão, como os lácteos, que a Sadia não produz, poderão ser oferecidos a mercados em que a Sadia está bem posicionada no exterior, como no Chile, onde já vende margarina. Ambas passam a vender os produtos uma da outra, sem a necessidade de construção de novas fábricas. Com a operação mais diversificada, haverá mais segurança, afirma um dos executivos, que diz acreditar que todos ganham com a nova estrutura, clientes, funcionários, acionistas e fornecedores.
Puxada pela queda nas vendas no exterior, a Sadia foi a que mais sofreu: teve prejuízo de R$ 239,2 milhões em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo informou em comunicado ao mercado, as despesas com pagamento de juros de financiamento da dívida e a variação cambial foram responsáveis pelo resultado. Diferentemente da Perdigão, porém, a empresa teve vendas menores no mercado externo, o que colaborou para o desempenho negativo.
A Perdigão conseguiu driblar a retração do mercado internacional e teve aumento de 4% nas vendas externas, que somaram R$ 1,1 bilhão. As vendas internas, por sua vez, cresceram 8,3%. Ainda assim, registrou prejuízo de R$ 226 milhões. Segundo a companhia, isso ocorreu por causa da absorção do prejuízo fiscal da incorporação da subsidiária Agroindustrial. Se a operação fosse desconsiderada, o prejuízo seria de R$ 94 milhões.
A queda de preços dos produtos no mercado externo e um ajuste de estoques no mercado internacional impactou as duas companhias. Porém, segundo a Sadia, as perspectivas são boas. “Já há sinais de recuperação, em particular na Europa, e a previsão é de que ainda neste semestre as exportações voltem a crescer”, informou.
As vendas no Brasil salvaram os resultados das companhias. No caso da Sadia, o segmento de industrializados continuou crescendo em ritmo pré-crise, registrando aumento de vendas de 19,4% no trimestre, ante o mesmo período do ano anterior. As vendas de carnes também mantiveram fôlego. Em suínos, a expansão em volume foi de 35,8% no período, ante 2008. Segundo a Sadia, a crise econômica “afetou pouco” o desempenho da indústria no País. No total, as vendas no mercado interno cresceram 10,3%.
Os analistas de mercado já previam que os balanços do trimestre viriam fracos. Segundo Denise Messer, analista da Brascan Corretora, a redução das exportações brasileiras, especialmente de frango, com a crise mundial, são as grandes responsáveis pelos números. “Tanto Sadia quanto Perdigão tiveram de fazer ajustes de produção por causa da diminuição nas vendas externas, o que trouxe custos e despesas adicionais.”
As empresas também investiram menos neste primeiro trimestre. Na Sadia, os investimentos, de R$ 170,3 milhões, foram 60% menores que no mesmo período de 2008. A Perdigão investiu R$ 120 milhões em melhorias na linha de produção e em obras nas unidades de lácteos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e da Folha de S. Paulo, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.