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Pesquisa alerta para presença de substâncias tóxicas em rações

Pesquisa realizada em 86 países com análise de mais de 20 mil amostras de ração e ingredientes para nutrição animal mostrou que 75% das amostras das diferentes regiões do planeta têm substâncias químicas tóxicas para animais de produção e humanos acima do limite aceitável. O estudo, feito pelo segundo ano consecutivo, é da Biomin, empresa do grupo austríaco Erber que desenvolve aditivos para rações a fim de preservar sua qualidade.

As substâncias tóxicas são produzidas por fungos, que se proliferam tanto ainda na lavoura como na hora da armazenagem dos grãos e cereais, entre eles o milho e o trigo. Segundo Ricardo Pereira, presidente da Biomin para América Latina, o excesso de umidade no campo é o principal vilão que desencadeia o aparecimento dos fungos e, consequentemente, das substâncias tóxicas, enquanto nos silos costuma se dar a contaminação de lotes mesmo de maior qualidade na hora da mistura com produtos inferiores, o que torna difícil o combate à questão.

“Para os animais, o efeito do consumo da ração com micotoxinas acima do nível aceitável é, sobretudo, relacionado a perdas de produtividade e, apenas em casos mais severos, à morte”, disse Pereira. A queda no desempenho pode vir como resultado de problemas hepáticos ou pulmonares. Mas, dependendo da micotoxina, é capaz de afetar, inclusive, a reprodução dos animais, como é o caso da zearalenona, cujo impacto é grande para as fêmeas de suínos.

Tiago Birro, gerente técnico Biomin América Latina, disse que a pesquisa identificou a presença de micotoxinas em todas as regiões produtoras de grãos do mundo e observou co-contaminação, ou seja, detecção mais de uma micotoxina na mesma amostra, em 77% dos casos, o que é um agravante para a saúde dos animais. “No Brasil, somente 3% das 2,5 mil amostras de milho colhidas em 2019 não tinham micotoxinas”, afirmou Birro.

As classificações para análise das micotoxinas são divididas em níveis: extremo, severo, alto e moderado. Na comparação de 2018 com 2019, o risco na América do Sul caiu de extremo para severo, com 89% das amostras contaminadas com fumosinas. A presença de deoxinevalenol foi outro problema na região, sendo que 85% das amostras de trigo apresentaram altas concentrações da toxina.

A pesquisa também alertou para risco extremo na América do Norte, onde 90% das amostras de rações apresentaram micotoxinas. O resultado pode estar relacionado às fortes inundações que atingiram os EUA no último ano e afetaram a colheita de grãos. O risco também aumentou no continente africano, onde o milho e a ração animal são afetados fortemente pelas aflatoxinas.

Fonte: Valor Econômico.

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