Os 50 maiores confinamentos do Brasil em 2005
A pesquisa Top BeefPoint de Confinamentos é uma iniciativa da AgriPoint Consultoria Ltda e objetiva levantar informações sobre os maiores confinamentos do Brasil.
O levantamento é realizado anualmente desde 2003, com dados referentes ao ano anterior à pesquisa e projeções para o ano corrente. No mês de março desse ano, foi dado início ao quarto estudo. Este relatório é uma compilação dos dados obtidos e tem informações sobre tamanho, perfil, práticas de gestão utilizadas e perspectivas para a atividade no Brasil.
A iniciativa contou com o apoio das empresas Nutron Alimentos, Elanco Saúde Animal e Brasil Certificação, fundamental para o sucesso do trabalho.
Metodologia utilizada
A pesquisa utilizou como principal fonte para a identificação dos grandes confinamentos as indicações dos usuários do portal BeefPoint, que conta hoje com mais de 58 mil usuários, além das informações disponíveis de levantamentos anteriores.
O levantamento foi divulgado no site BeefPoint durante meses de março, abril, maio e junho, através de banners no site e inserções nas newsletters enviadas por email. Além disso, foi feito um contato individual com inúmeros formadores de opinião do setor, com pedido de indicações. Graças ao auxílio de inúmeras pessoas, este trabalho foi viabilizado.
A partir das informações recebidas, foi realizado um levantamento preliminar, com as indicações dos usuários do BeefPoint e compilação dos resultados dos anos anteriores. Nessa etapa, a pesquisa contava com 140 indicações de produtores e técnicos de todo o Brasil.
Na segunda etapa foi realizada uma checagem dos dados com os proprietários ou responsáveis técnicos pelo empreendimento. Em função da necessidade de contato individualizado, entrevista e especialmente autorização para publicação dos dados, há poucos produtores passíveis de serem incluídos no ranking dos 50 maiores, que não foram compilados nessa pesquisa. Temos como objetivo, a cada ano, o aprimoramento dessa pesquisa, com o intuito de torná-la mais confiável e completa.
No processo de checagem e pedido de autorização dos dados, foi realizada uma pesquisa sobre diversos aspectos técnicos e gerenciais dos confinamentos, além de perspectivas para a cadeia da carne.
A pesquisa levantou dados sobre a capacidade estática do confinamento, o número de animais que foram confinados em 2005 e a projeção para 2006. Além disso, foram levantadas informações técnicas de cada projeto, práticas de gestão e perspectivas para a atividade em cada caso. Como critério para classificação utilizou-se o número de animais confinados em 2005 e a capacidade estática como critério de desempate.
Os dados foram fornecidos pelo proprietário ou responsável técnico de cada propriedade à equipe AgriPoint. É importante lembrar que a lista de propriedades que figuram no atual levantamento podem variar em relação às pesquisas anteriores, devido ao critério utilizado para classificação.
A seguir apresentamos os resultados tabulados e análises sobre a atividade no Brasil.
O Ranking
Gráfico 1: animais confinados
A capacidade instalada dos 50 maiores confinamentos em 2005 foi de 531.230 animais por ciclo. A capacidade estática média por propriedade foi de 10.624 animais. Em relação ao levantamento anterior, a capacidade instalada dos 50 maiores confinamentos caiu 10,21%.
Em relação à concentração de propriedades por unidade da federação, os estados de GO e SP empataram no topo da lista, com 28% das propriedades, em ambos. Em seguida o MS, MG e MT, na ordem. Observe o gráfico abaixo a concentração de propriedades nos estados.
Gráfico 2: Distribuição geográfica dos confinamentos
Gráfico 3: Distribuição geográfica dos animais confinados
Os principais meses de início de confinamento foram maio, janeiro e junho. Para término, os principais meses foram dezembro, novembro e outubro. De acordo com a pesquisa anterior, em 2004, 7 confinamentos tiveram atividade durante todo o ano em 2004. Já em 2005, foram 10 as propriedades que afirmaram confinar o ano inteiro. 22% dos confinamentos afirmaram ter iniciado atividade em janeiro em 2005, enquanto em 2004 foram 14%, o que explica o crescimento do confinamento em 2005 mesmo com diminuição da capacidade instalada. Para ilustrar esta mudança, plotamos no gráfico os dados referentes a 2004 e 2005.
Gráfico 4: Meses de início do confinamento
Gráfico 6: Meses de início do confinamento em classes
Gráfico 7: Meses de atividade dos confinamentos
Entre os confinamentos pesquisados, 81,63% dos confinamentos realizam recria e 38,78% de cria e recria. Os 18,37% restantes somente confinam. Em 2004, cerca de 84% dos confinamentos estudados realizavam atividade de recria e 58% cria. Se confrontarmos este número com a participação dos animais confinados em sistema de boitel, observamos uma indicativo de especialização na atividade de arraçoamento de animais.
A pesquisa revelou que a ferramenta de administração de risco ainda é pouco utilizada pelos confinadores. Apenas 38% dos 50 maiores confinamentos afirmaram ter realizado hedge na BM&F em 2005. Em 2004 o número foi maior, 42%.
A participação de produção que teve contratos comercializado na BM&F pelos confinamentos que utilizaram esta ferramenta variou bastante, entre 5% e 99%. De acordo com os dados da pesquisa, estima-se que cerca de 142 mil animais tiveram contratos comercializados na BM&F, representando 17,71% do total confinado pelos 50 maiores confinamentos. A pesquisa anterior estimou que 102 mil animais (média de 15,3% da produção) tiveram contratos negociados na BM&F. Em resumo, menos confinamentos utilizaram a BM&F, mas o volume e percentual da produção foram maiores, indicando um avanço no uso da técnica.
Questionados sobre o animal que consideram ideal para o confinamento, o cruzamento industrial foi o mais citado, seguido pelo Nelore. Em relação ao peso, a maior incidência foi na faixa de 380 a 420 kg, e para a idade, 18 a 24 meses.
Quase unânime, 96% dos confinamentos rastrearam seu animais em 2005, o que representa um avanço em relação aos anos anteriores. Apenas dois confinamentos não realizam a rastreabilidade. Em 2004, 94% dos confinamentos rastreou seus animais. Em 2003, o percentual foi de 88%. As certificadoras mais utilizadas pelos confinadores foram, Planejar, Brasil Certificação, Tracer, Biorastro, Oxxen, FNET e outras, nessa ordem.
Grandes grupos empresariais continuam figurando como os principais frigoríficos compradores. O Friboi foi o mais citado, com 25% das referências. Em seguida, o Marfrig, com participação de 22%, o Bertin, com 15%, Minerva, com 8%. Também foram citados o Mataboi, Mondelli, Tatuibi, Goiás Carne, Sadia, Margen, Campboi, Independência, Frigol e Rajá.
O desempenho médio dos animais nos confinamentos foi de 1.439,56 gramas/dia, na pesquisa anterior a média foi de 1.350g/dia. Metade dos confinamentos (1o ao 3o quartil) ganham de 1.302,5 gramas a 1.503 gramas/dia. A mediana (ou número central) foi de 1.450 gramas. A média de permanência foi de 88,1 dias, com metade dos confinamentos com ciclos entre 75,2 e 100 dias, uma sutil indicação de diminuição do período de confinamento. No levantamento anterior, a média foi de 89 dias, com 50% dos confinamentos entre 80 e 100 dias.
O peso médio de entrada foi de 368,18 kg, aumento de 15 quilos em relação a 2004, com 50% dos confinamentos entre 360 e 387 kg. O peso de saída médio foi de 491,23 kg, aumento de 14 quilos em relação a 2004, com metade dos confinamentos variando entre 480 e 518,75 kg. Comparando o desvio padrão dos dados sobre pesos de entrada e saída de animais no confinamento, nota-se que a variabilidade foi reduzida em 2005, indicando maior padronização da produção entre projetos. Pela mesma abordagem, conclui-se que o ganho médio diário e o tempo médio de permanência dos animais tiveram maior variabilidade em 2005, em relação a 2004.
40% dos confinamentos afirmaram ter tratamento diferenciado na venda da produção ao frigorífico, dos quais, em cinco confinamentos é forma de preferência dada pelo frigorífico pela disponibilidade e padronização e dois por algum critério de avaliação, como tabela de premiação por acabamento. A pesquisa anterior havia revelado que, em 2004, 37% dos confinamentos tinham tratamento diferenciado na venda.
Sobre programas específicos de qualidade de carne ou alianças mercadológicas, 32% dos confinamentos afirmaram ter este tipo de relacionamento na cadeia. A mais citada foi o protocolo EurepGap, onde 3 já trabalham com a certificação e 1 está em processo de implantação. Em seguida a Associação dos Confinadores (Assocon), por 3 confinamentos. Também foram citados o Programa de Qualidade Bertin, Rio da Areia Prime Beef, Rede Carrefour, Orgânicos, Montana Premium Beef, Programa Outback e Abrapec. Isso representa um avanço, tendo em vista que no levantamento anterior esse número foi de 26% e em 2003 foi de 12%.
72% dos confinadores afirmaram utilizar mais de 1 volumoso. A silagem de milho foi o volumoso mais utilizado, seguido pela silagem de sorgo. A tabela abaixo relaciona o tipo de volumoso e a percentagem de confinamentos que o utilizam. Em outros, estão incluídos silagem de aveia, cana hidrolisada e feno de tifton.
Tabela 1: Volumosos mais utilizados
Mesmo com fatores conjunturais que têm levado à crise de preços no setor, os dados da pesquisa revelam que a atividade teve um crescimento expressivo em 2005, e a projeção para este ano nos confinamentos estudados é maior ainda.
Os dados sobre os meses de atividade nos projetos mostraram que houve um aumento nos projetos que confinam os animais em três ciclos. Outra mudança importante, reside no fato de que mais de um quarto dos animais foram confinados no sistema boitel, o que revela um movimento de terceirização no setor. Os dados sobre confinamentos que realizam outras fases do ciclo confirmam a hipótese: em relação a 2004, o número de confinamentos que criam e recriam caiu. Essa especialização já ocorre em outros setores da economia e vem se mostrando presente na pecuária de corte.
O crescimento do número de confinamentos que participam de alianças mercadológicas ou programas específicos de qualidade indicam que estão sendo realizados esforços no sentido de coordenar a cadeia produtiva.
Uma deficiência que foi observada na gestão dos confinamentos foi na utilização do mercado futuro para se protegerem da oscilação de riscos. Menos de 20% da produção dos maiores confinamentos é negociada por contratos futuros.
Agradecimentos
A AgriPoint Consultoria Ltda agradece ao apoio das empresas Nutron Alimentos Ltda, Elanco Saúde Animal e Brasil Certificação, essencial para o sucesso deste trabalho.
Este trabalho também contou com o valiosíssimo apoio de grande número de usuários do portal BeefPoint. Fica aqui o cordial agradecimento da equipe AgriPoint a todos.
Contato
Equipe responsável:
Miguel da Rocha Cavalcanti
Otavio Assad Negrelli
beefpoint.com.br
contato@beefpoint.com.br
19-3432-2199
Para indicar um confinamento para a pesquisa:
https://beefpoint.com.br/confinamentos/
Para baixar o arquivo em PDF da Pesquisa, clique aqui.
0 Comments
Cumprimento a equipe BeefPoint pela oportunidade, qualidade e objetividade do trabalho, exposto de maneira extremamente clara e com apresentação agradável, de fácil compreensão.
Trabalhos como este servem para embasar nosso dia a dia na pecuária, planejar melhor os momentos de abate e acompanhar a evolução da pecuária moderna.
Parabéns à equipe BeefPoint pela elaboração da reportagem. O conteúdo ficou bem exposto e é de grande importância para todos os elos da cadeia produtiva.
Agradeço à equipe BeefPoint pelos relatórios sempre claros e objetivos.
Meus comprimentos à toda Equipe BeefPoint pela excelente matéria. Sempre tive a curiosidade a respeito de confinamento, ficando a matéria bem informativa. Parabéns a todos os realizadores pela meteria.
Acredito que isto nos mostra o quanto de carne de qualidade fornecemos aos frigoríficos do país, mas infelizmente não recebemos um centavo a mais por essa qualidade. Por isso existe a necessidade urgente de ser implantado o Sistema de Avaliação, Tipificação e Classificação de Carcaças no Brasil, de modo a remunerar melhor quem realmente faz a diferença em produção de carne bovina.
Parabéns pela matéria, equipe BeefPoint, pois o levantamento de dados é primeiro passo para quem busca a organização.
Meus parabéns, a toda equipe BeefPoint, uma excelente matéria. O confinamento fechado é um método de fazer um giro mais rápido com o boi.
Mais uma vez parabéns pelo novo trabalho sobre os confinamentos realizados por este Brasil, que vem a somar a cada ano informações valiosíssimas sobre o trabalho dos grandes empresários da atividade rural, que estão de parabéns por acreditar e investir cada vez mais na agropecuária brasileira.
Quero agradecer a equipe do BeefPoint por me mostrar esta imensidão que é o Brasil tanto em produção de leite como de carne. Queria aproveitar também para dar os parabéns pelo excelente trabalho que estão a realizar.
Este arquivo acrescentou em muito para os meus conhecimentos, pois pude analisar os confinamentos que me foram apresentados e farei bom uso dessas informações.
Carlos
Este é um trabalho muito importante e que serve como base para todo o direcionamento dos nossos trabalhos no decorrer do ano.
Obrigado aos patrocinadores e à equipe BeefPoint.