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Plano ABC+ precisaria de R$ 382 bi para recuperar pastagens degradadas

Para promover a recuperação de toda a área de pasto degradado do país, hoje estimada em 95,5 milhões de hectares segundo o Mapbiomas, o Brasil precisaria desembolsar via Plano ABC+, linha de financiamento do Plano Safra destinada para este fim, um montante de R$ 382 bilhões.

O valor é cem vezes superior ao total ofertado pelo governo federal nos últimos cinco anos e leva em consideração um custo médio de R$ 4 mil por hectare nesta recuperação.

Os dados foram apresentados por pesquisadores da Partnerships for Forests (P4F) durante a divulgação de um estudo inédito que mapeia iniciativas de pecuária sustentável em desenvolvimento no país para realizar um diagnóstico da cadeia e propor soluções para os principais desafios do setor nesse sentido, entre eles crédito, comando e controle do desmatamento, rastreabilidade e monitoramento, ganho de escala e mensuração de resultados.

“Apesar dos ganhos evidentes, a difusão das boas práticas para os pecuaristas ainda é um desafio. É fundamental aprofundar o entendimento do assunto, considerando os diferentes ciclos produtivos e os diferentes perfis de produtores. Ainda que com características comuns, o “pecuarista” é composto por um público heterogêneo, que tende a ser avesso ao risco e a novidades”, aponta o documento.

Ao todo, foram contabilizadas 112 iniciativas de pecuária sustentável no Brasil envolvendo 142 instituições com reflexo direto na produtividade nacional. A taxa de lotação passou de 1,39 animal por hectare para 1,48 animal por hectare e a produtividade em arrobas por animal ao ano passou de 16,5 para 17,7.

A comparação entre a região Centro-Oeste e Norte do país, que concentram mais da metade do rebanho nacional, revela que esse avanço tem se dado de forma desigual, segundo apontam os pesquisadores.

“Enquanto no Centro-Oeste as áreas de pastagens reduziram e o rebanho aumentou, a região Norte registrou aumento no rebanho junto com o aumento nas áreas de pastagens. Ou seja, enquanto o Centro-Oeste vem transformando áreas de pastagem em áreas com outros usos e aumentando o rebanho com ganhos de produtividade, na região Norte ocorre o crescimento de lotação de forma “extensiva”, ou seja, concomitante com a expansão de áreas de pastagem, especialmente sobre áreas de vegetação nativa”, aponta a P4F.

Pressão de mercado

Ainda segundo a avaliação dos pesquisadores, o crescimento desses indicadores se deveu, além das práticas de sustentabilidade, às pressões do mercado por animais cada vez mais jovens – em especial da China, principal cliente internacional do Brasil.

“Todavia, esse processo não é absorvido por todos os ciclos da atividade produtiva da pecuária, sendo os produtores de cria os mais fragilizados e com menor acesso a oportunidades de modernização da produção”, diagnostica o estudo que coloca o produtor como elemento central para uma efetiva modernização da pecuária brasileira diante dos desafios ambientais que se colocam para o setor.

“É preciso trazer o produtor para o centro da questão, provendo condições para que o mesmo opte pela adoção de boas práticas. A possibilidade de auferir lucros fictícios (a percepção de lucro por parte dos pecuaristas é proveniente da frequente não incorporação de custos de terra e/ou mão de obra em suas análises financeiras, o que distorce os resultados reais) torna ainda mais complexa essa mudança de tomada de decisão. Sendo assim, um conjunto de instrumentos e incentivos para a reversão desse processo deve ser adotado”, conclui o estudo.

Fonte: Globo Rural.

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