O Plano Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (PHEFA) projetou um programa para cinco anos a erradicação total da febre aftosa em todo o continente americano. O plano de ação elaborado pelo Grupo Interamericano para Erradicação da doença, formado por governos e iniciativa privada, pretende até 2009 alcançar a erradicação da aftosa, com o fortalecimento e complementação dos esforços desenvolvidos por meio dos programas nacionais de prevenção da enfermidade. Para os cinco anos, está prevista a aplicação de US$ 48 milhões em todas as ações de envolvimento do programa, com destaque para os recursos nas áreas de persistência da febre aftosa, nas regiões de fronteira e naquelas de risco desconhecido, como é o caso do Brasil, e também recursos para manutenção na prevenção das áreas livres.
Desde 1988, o PHEFA vem orientando os programas nacionais, que através de planejamento, capacitação e avaliação das estratégias sanitárias para controle da doença, permitiu importantes avanços no diagnóstico, controle e produção de vacinas e o conhecimento epidemiológico sobre a forma de apresentação da doença. A implantação do PHEFA permitiu significativos controle e diminuição nas taxas de morbidade e no número de focos na região sul-americana, onde se concentra boa parte da pecuária comercial do mundo. Atualmente, 55% dos bovinos da América do Sul encontram-se na condição de livre de febre aftosa com ou sem vacinação, número alcançado com o processo de regionalização e zonificação estabelecidos pela Organização Internacional de Epizootias (OIE), que permitiu a priorização de importantes áreas, em especial no Brasil.
Porém, conforme os serviços sanitários e governos, ainda existem em algumas áreas condições de endemismo da aftosa, cuja eliminação é necessária para se alcance a erradicação. Nessas áreas, a preocupação maior, principalmente do governo brasileiro, concentra-se na região norte da Bolívia e oriente do Paraguai, cujas fronteiras delimitam-se com o Brasil e, apesar de intervenções constantes, apresentaram casos esporádicos nos últimos anos. Além dessas, há outras áreas no cone sul, na região andina e amazônica, principalmente nas zonas de fronteira, que exigem estratégias específicas devido às características do trânsito de pessoas e intercâmbio de bovinos e produtos de origem animal, que com a debilidade dos serviços de atenção sanitária, requerem uma vigilância especial. Nesses mesmos critérios estão incluídas as áreas de risco desconhecido ou ainda não classificados como é caso dos Estados do Amapá e Amazonas.
A preocupação dos serviços sanitários e a cadeia pecuária brasileira são fortalecer essas ações para atingir o controle total da doença e livrar o País de uma vez da condição de vulnerabilidade ainda apresentada em alguns Estados que, mesmo livres da aftosa por vacinação, convivem nas zonas de fronteira com outras unidades da Federação ou países que foram classificados como de risco baixo ou médio, apresentando focos da doença nos últimos anos. Tal é o caso de Mato Grosso, que com o maior rebanho bovino do País, há nove anos está reconhecido internacionalmente como livre da aftosa por vacinação, um trabalho que envolve grande monitoramento do rebanho e das condições sanitárias, coordenado pelo Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) e apoiado pela iniciativa privada. “É um trabalho que não depende somente de nós, pois temos a Bolívia que ainda não conseguiu controlar a aftosa e outros Estados brasileiros que apresentaram casos nos últimos anos e mantém um status sanitário diferente do nosso e faz divisa com Mato Grosso. A preocupação que devemos ter constantemente é de não apenas livrar a área da doença, mas manter sempre essa condição”, ressaltou o presidente do instituto, Décio Coutinho.
As ações do PHEFA para a região fronteiriça de Mato Grosso como a Bolívia prevêem maior intervenção nas áreas de persistência e com debilidades estruturais, a fim de criar um sistema de vigilância epidemiológica extratificado em zonas sanitárias, que venha integrar o Sistema Sanitário Oficial a cadeia pecuária. Outras importantes ações são o reforço nas condições de biossegurança, vacinação sistemática do rebanho e controle do trânsito de animais. Mato Grosso já atua como parceiro com o país em estratégias conjuntas de campanha contra a aftosa na fronteira
As ações estão previstas para ter início ainda neste primeiro semestre de 2005, com auditorias nas situações de cada local. Para este ano estão previstos gastos na ordem de US$ 14 milhões, englobando todos os pontos estratégicos do PHEFA nos países sul-americanos.
Fonte: SECOM- MT, adaptado por Equipe BeefPoint