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Pnad aponta aumento da classe média

Pela primeira vez, a classe média do Brasil atingiu 50% da população, com base em dados da Pnad 2009 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). No ano anterior, a classe C representava 49,2% da população e, em 1992, 32,5%. A FGV enquadra nessa conta as famílias com renda domiciliar de R$ 1.116 a R$ 4.854. Essa nova classe média abarca 94,9 milhões de pessoas, segundo a FGV.

Pela primeira vez, a classe média do Brasil atingiu 50% da população. O cálculo é do economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas, com base em dados da Pnad 2009 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

No ano anterior, a classe C representava 49,2% da população e, em 1992, 32,5%. A FGV enquadra nessa conta as famílias com renda domiciliar de R$ 1.116 a R$ 4.854. Essa nova classe média abarca 94,9 milhões de pessoas, segundo a FGV.

“A classe C agora é dominante em poder de compra. É ela que vai comandar o país não só economicamente, mas também em termos políticos”, diz o economista.

Para ele, há uma “revolução silenciosa” no país. Depois do Plano Real e da estabililização da economia, houve um aumento do bem-estar da população. Principalmente a partir da década de 1990, a escolaridade avançou e o tamanho das famílias diminuiu. Nos anos 2000, o emprego formal registrou sucessivos recordes e a renda média individual cresceu com mais ímpeto.

Neri afirma que, mais que o consumo, é o trabalho que avança no Brasil. “O que está prosperando é o trabalhador brasileiro, mais que o consumidor brasileiro. Ele não só está comprando mais como vai poder comprar mais lá na frente.”

Para ele, o “boom brasileiro” é de melhor qualidade que o chinês, pois vem acompanhado de maior equidade. “A China vive uma crescente desigualdade, similar à que vivemos durante o milagre econômico brasileiro dos anos 60, bem detalhado no livro seminal de Carlos Langoni”. O economista destaca que a desigualdade social vem caindo durante toda esta década. Segundo ele, o país caminha para registrar o menor nível de desigualdade desde a década de 1960.

Nesses anos, o índice de Gini – principal indicador para auferir a desigualdade social – era de 0,5367. O índice varia de 0 a 1: quanto mais próximo de 1, maior é a desigualdade. A partir de 1970, ainda no milagre econômico brasileiro, a desigualdade aumentou. Então, vigorava a ideia oficial de que era preciso fazer o bolo da economia crescer para só depois dividi-lo.

Na década de 1990, em razão da instabilidade econômica e da inflação, o índice de Gini atingiu 0,6091. A partir do Plano Real, segundo Neri, houve um aumento do bem-estar da população e, nesta década, a desigualdade caiu com mais ímpeto.

Com base na PME (Pesquisa Mensal do Emprego), também do IBGE, Neri afirma que neste ano a renda da classe AB se acelerou. Em julho deste ano, segundo ele, o crescimento da renda média dessas famílias é de 13% se comparada à de julho de 2009. Para todas as classes, o crescimento é de 7,7% na mesma base de comparação.

O economista Claudio Dedecca, da Unicamp, diz que é a primeira vez em décadas que o país vive uma queda da desigualdade em um contexto de recuperação da atividade econômica, de estabilidade e controle da inflação. Embora o índice de Gini tenha melhorado no passado, Dedecca afirma que isso ocorria em contexto menos favorável, com perda do nível de emprego. “Ademais, [a queda da desigualdade] vem perdurando durante todos os anos da década, mostrando duração significativamente mais longa que a observada para as quedas da desigualdade ocorridas nos anos 80 e 90.”

Para o pesquisador, a melhora na desigualdade ocorreu, sobretudo, em razão da política de valorização do salário mínimo, das negociações positivas entre sindicatos e empresas depois da retomada do crescimento. Ele cita também o Bolsa Família e o aumento do poder de barganha dos indivíduos – que tem mais condições de exigir benefícios e postos melhores quando a economia está bem.

A matéria é de Verena Fornetti, publicada na Folha Online, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.

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