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13 de julho de 2010
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15 de julho de 2010

Porque os frigoríficos do MT estão fechando as portas?

No final de maio o Grupo Frialto entrou com pedido de recuperação judicial e agora trabalha em plano de recuperação para tentar voltar ao mercado. Essa semana tivemos mais uma notícia desagradável, a paralisação temporária das unidades do Frigorífico Pantanal. Porque tantos frigoríficos do MT estão fechando as portas?

No final de maio o Grupo Frialto entrou com pedido de recuperação judicial e agora trabalha em plano de recuperação para tentar voltar ao mercado.

Essa semana tivemos mais uma notícia desagradável, a paralisação temporária das unidades do Frigorífico Pantanal em Mato Grosso. As três plantas localizadas no Estado abatiam juntas 1,5 mil cabeças por dia.

O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, diz que qualquer fechamento causa impacto. Segundo Vacari, há 2 problemas no setor da carne, primeiro seria um possível monopólio por parte de 2 grandes grupos que detêm 33% das unidades em funcionamento atualmente. Outro problema apontado por Luciano Vacari seria a falta de remuneração por parte do setor varejista. “Os frigoríficos realmente estão pagando melhor aos produtores, mas o setor varejista também precisa entender que eles compõem uma cadeia produtiva e que é preciso repassar isso para os outros elos”, afirma Vacari ao comentar que o segmento não paga o que de fato os frigoríficos precisam.

Em seu Twitter, Otavio Juliato postou o seguinte questionamento “Alguém poderia me explicar porque tantos frigoríficos no MT estão fechando as portas? A situação financeira dos pequenos e médios em geral vai de mal a pior, mas o MT me chama a atenção, muitas baixas por lá”.

Gostaríamos de saber qual é a opinião da Comunidade BeefPoint sobre o assunto, e qual o impacto desses acontecimentos no setor. Por favor utilize o espaço para cartas do leitor para nos enviar seus comentários.

24 Comments

  1. Carlos Bueno disse:

    O bndes gerou um grande desequilibrio econômico no mercado colocando dinheiro em 2 frigorificos. Esses “eleitos” só querem saber de aumentar seu faturamento vendendo abaixo do custo para sacar cada vez mais dinheiro do governo. Os médios que não estavam sólidos não tiveram e não têm como aguentar essa concoccência desleal. O problema é que até que o Marfrig e JBS quebrem, já vão ter quebrado uns 50 antes.

  2. Orlando Sanches Garcia Filho disse:

    Caro amigo otavio juliato, muito simplis,os frigorificos quebraram, mas os donos estam cada vez mais ricos,nao tem segredo nenhun.
    ninguen vende un palmo de terra para pagar contas, ninguen desce de seu jato, e o pecuarista tem que esperar,esperar, so tem un frigorifico serio hoje ,quem paga a vista amigo….

  3. marcos ramalho disse:

    Na realidade nao sao apenas os frigorificos do Mato Grosso sao de todo o Brasil e isso vai acabar tomando uma proporçao muito maior pois o monopolio sobre esses dois grupos que o governo financia esta acabando com a disputa no varejo ,na compra e até na exportaçao pois esses dois grandes só precisam movimentar o capital empregado nessas empresas sem se preocupar com lucros ou seja trabalho bem feito , sendo assim tenho certeza que atras destes tantos frigorificos em recuperaçao , outros que estao fechando suas portas e outros que nem estao ai , ja viraram estatistica , virao outros mais e quem sabe até um dos proprios gigantes , que afetariam demais a classe produtora de animais .A soluçao de tudo isso talvez fosse a inverçao desses investimentos do BNDES colocando menores quantias em empresas menores e saudaveis e deixe os grandes caminhar com o que ja embolsaram , quem sabe eles precisando ter lucro em suas empresas eles poderiam mostrar toda a eficiencia que eles pregam ou provar do seu proprio veneno e mostrar a realidade de seus investimentos mostrando que nem tudo que reluz é ouro e que essas grandes empresas sem o motor chamado BNDES sao muito ineficientes e seus proficionais e administradores pouco competentes para administrar o grande capital publico e privado em suas maos.

  4. Rogério Dias disse:

    Na Realidade o problema não esta só nos Frigorificos agora tambem nos Curtumes , enquanto o governo continuar financiando um tal grupo (?) isso vai continuar e pior acabando com todos .
    Isso que esta acontecendo no Brasil é ruim para as médias e pequenas e pequenas empresas , e tambem muito pior aos profissionais da area pois fica limitado .

  5. José Realdo Marques DAvila disse:

    Concordo plenamente com Marcos Ramalho e digo mais, se os senhores asompanharem o varejo terão a verdadeira dimensão do estrago que este quase monopólio está tomando. Os varejistas estão alimentando um verdadeiro futuro monopólio, quem viver verá!!!!!!!!!1

  6. Gustavo Goyén disse:

    varios motivos geram problemas que levam a falencia os frigorificos:
    1-a concorrencia com JBS e Marfrig e terrivel eles tem o BNDES do lado para subsidiar,e tem o esquema de gerar açoes e vender papeis na bolsa para injetar dinheiro cuando for necessario.
    2-a falta de diretores e profissionaes capacitados para fazer a gestão das empresas frigorificas e terrivel.
    3-falta de projetos e planejamentos e definição de metas nas empresas frigorificas ,se associa ao item 2
    4-a falta de comunicação e confiança entre setor pecuario e frigorificos.Os pecuaristas se preocupam apos uma empresa media ou pequena quebra,porem forçam estas empresas,a concorrer em preço e sistemas de pagamentos iguais as do JBS e Marfrig,que são dois multinacionais subsidiadas pelo BNEDS.
    Dessa maneira estão ficando cada vez mais dependentes das duas empresas grandes, porque estão ajudando a matar os concorretes,vai chegar um momento que não terão mais opçoes de venda,e terão que aceitar o preço que os dois grandes vao por no boi, sem choro nem vela.
    5-falta de projetos e produção de produtos finais com valor agregado,para melhorar a lucratividade.
    6-os setor varegista esta com uma margem liquida de mais de 30%,cuando os pecauristas e frigorificos,não ultrapassam o 5%,e tem anos de rentabilidade zero ou negativa,e impossivel que uma cadeia produtiva somente funcione para beneficiar so uma parte dela ,e a restante tem que assumir todos os riscos e custos.
    7-o numero de frigorificos aumentou muito, e a taxa de disfrute não,por tanto a materia prima é mais reduzida.Os pecuaristas que fazem engorda,buscando o beneficio proprio, matarão ao pecuarista que cria bezerros e agora não tem reposição,ou esta com um preço muito acima do que possibilita a engorda, e os preços que paga o friforifico
    8-os custos de produção tem subido muito mais que os preços dos produtos finais.

  7. marcio de castro porto disse:

    Parece que o BNDS está , indiretamente , desestabilizando a produção rural , favorecendo grandes grupos em detrimentos dos pequenos . E nós pecuaristas ficamos nas mãos desses grandes que pagam o que querem . O BNDS não está ajudando o país . Parece que tem “rolo” aí !

  8. jose carlos targa disse:

    A situatação está ficando insustentável para o pecuarista, sempre é ele que perde, sabemos que os sub-produtos, geram valores vultuosos para os frigoríficos, além é claro de ganhar um pouco na carne. Então indago a vocês. Verifiquem se os donos de todos frigoríficos que fecharam estão ricos ou quebrados?
    Vão verificar que quem estão quebrados são os pecuaristas, que tem milhóes para receberem. Quem tiver condições mude de ramo, por que a situação vai piorar com o monopólio implantado.

  9. luiz carlos disse:

    faço minha a palavra dos senhores
    indignadooooooooooooooooooooooooooo

  10. claiditon miranda de menezes disse:

    gostaria muito de saber o motivo real destas paralizaçoes tambén,em pontes e lacerda,MT são dois os frigorificos fechados,arantes e independencia e com isso a cidade começa a sentir com desempregos,os governantes,camara,prefeitura,estado e presidente,não se vê falar em nada para reativar estes frigoríficos,e assim ficamos á mercê simplesmente de um grande,JBS,fazendo o que quer com os pecuaristas,até quando será que vai continuar essa fase ruim destes frigoríficos e será que para os seus donos existe fase ruim ou estão ganhando com isso!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  11. Marcos Francisco Peres disse:

    Não importa a causa da quebradeira, o que importa é que devemos nos proteger, portanto BOI SÓ A VISTA, de preferencia adiantado, ou seja, o frigorífico paga e depois carega o boi. É o que tenho feito.

  12. Sonia Silva disse:

    Somos frigorifcos, e podemos falar com toda a certeza que hoje não temos preços competitivos para concorrer com os preços de grandes grupos. Por mais que brigamos nos preços na hora da compra do boi, as margens estão cada vez menores, oq ue tem prejudicado e muito o setor frigorifico em todo o Brasil. Todos os dias buscamos novas alternativas para se manter no mercado, mas a verdade é que existe muito desiquilibrio neste segmento e somente uma intervenção politica poderá modificar o rumo que o mercado da carne brasileira está tomando.

  13. Danilo Machado Fontenla disse:

    Gostaria de esclarecer aos senhores pecuaristas que uma empresa só existe se der LUCRO, portanto os proprietários têm sim todo o direito de fechar suas portas antes de virarem miseráveis.

    Gostaria também de lembrar que a 5 anos atrás a arroba do boi gordo custava R$48,00 e o dolar era R$2,40. Hoje temos a arroba acima de R$80,00 em SP e o dolar a R$1,78. Isso com certeza desestabiliza o mercado em um país que tem grande fatia da sua produção direcionada à exportação.
    Desafio qualquer um a fazer um boi de R$80,00/@ a ser lucrativo, com margens aceitáveis por qualquer indústria internacional.

    Quero esclarecer também que se não fossem os miúdos, couro e outros sub-produtos, os frigoríficos já teriam TODOS fechados as portas a muito mais tempo, pois na carne não há esse tal lucrinho (dividam o preço da arroba por 15 e comparem com o preço do boi casado. Considerem mâo-de-obra, frete do boi, frete da carne, energia, embalagens, comissões de vendedores, bonificações dos varegistas, vapor, despesas financeiras, etc.). Considerando todos os custos, verão que há um rombo na carne que é coberto pelos sub-produtos.

    Há que se intender que a pecuária é uma cadeia estratégica para o Brasil, mas para indústrias não se torna viável trabalhar em um negócio que gera 3,5% de margem líquida antes do IR. Entendam que o valor investído é muito alto em capital de giro para uma margem tão apertada. Isso destroi a competitividade dos pequenos e médios, que tem que recorrer a bancos para se captarem e passarem mais da metade dessa margem as instituições financeiras. Sem contar com o investimento anual que as plantas tem que fazer para atender as crescentes normas sanitárias internacionais.

    Esse custo do capital de giro inviabiliza que os médios e pequenos invistam em produtos de maior valor agregado, pois os equipamentos são caríssimos e o metro quadrado para se construir qualquer área frigorificada custa muito caro. Então se eles já tem que investir milhôes somente para girar a planta, dividindo o lucro com bancos, como eles poderão retirar ainda mais capital para investir em novos produtos? Lembrando que não há acesso ao capital barato do BNDES para essas empresas.

    E por que não se consegue repassar os preços ao varejo? Por se tratar de produtos perecíveis com shelf-life extremamente baixos, o que inviabiliza a retenção de estoques para maior poder de barganha e o mercado tende a não aceitar bem o consumo de cortes congelados por questões culturais.

    Apenas retificando o que foi dito acima, em contato recente com pequenos varegistas, me foi dito que as margens operacionais da carne no varejo são muito baixas, trabalhando até com margem 0 como estratégia para atrair os clientes que comprarão produtos com margem muita mais alta por impulso. Outra vantagem é que os varegistas compram a carne com prazo de 21 a 30 dias e vendem à vista em curtíssimo prazo, financiando uma grande parte de suas operações.

  14. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Todos culpam o BNDES,com a sua vil opção de privilegiar a poucos,na verdade a muito poucos.

    Mas isto por si só não causou, e nem esta causando o fechamento de empresas frigoríficas.

    Muitos estão fechando suas portas,encerrando suas atividades meramente porque não souberam administrar como deveriam estas empresas,não perceberam,ou perceberam e relutaram,às mudanças que vieram acontecendo no mercado,e por conseqüência também para estas empresas.

    Os empresários deste setor não entenderam que precisam de todas as formas,encontrar caminhos para a descommoditização da carne,é fundamental que comecemos a deixar de vender carne como sempre fizemos,um cobrindo o preço do outro,com aquele pensamento “vamos ver quem guenta mais,ou quem se arrebenta primeiro”,há de se ter responsabilidade,são muitas famílias dependendo destas empresas.

    Em terra de cego quem tem um olho é rei,daí os JBSs e Marfrigs da vida,os caras se estruturam,souberam vender seu “peixe”,para os caras do BNDES.

    Trabalhei em muitas empresas do ramo,os caras não conhecem os números de seus próprios negócios….só fazem à conta do “português”,quanto paguei no boi,quanto me custou o abate e quanto me sobrou,é só isso?!Gestão de negocio é só isso?!

    Empresas do ramo sempre tiveram dificuldades até mesmo para trocar duplicatas,nosso ramo era tido como coisa de bandido,e era mesmo.Mas mudou!

    Não dá para se querer gerir uma empresa deste ramo,como se fazia na década passada,hoje tudo esta mais organizado,todos sabem o que sai em percentuais de um boi,seja sangue,ossos,sebo,subprodutos,miúdos,carne,em fim…ficou fácil tributar,fiscalizar,auditar.

    O lucro que antes adivinha da sonegação da lavagem,hoje já não vale mais a pena,hoje é preciso que os empresários sejam eficientes,eficazes,que tenham projetos,que saibam,aonde como e quando querem chegar.

    Não dá mais para ser uma caixinha de surpresas!

    Também não é mais admissível que um dono de empresa frigorífica,ainda queira trabalhar dando ênfase a cortes primários,façam as contas….Mas desossar apenas não é receita salvadora,de maneira nenhuma.É fundamental que se tenha canal para colocação dos produtos,que isto seja nacional,que se trabalhe de forma equilibrada,seria e ética,tanto a atendimento ao mercado externo como também ao mercado interno,que se construa marca para seus produtos,já não é mais possível aquele raciocínio “carne é carne”,isto precisa mudar para carne marca tal.

    Também os pecuaristas têm boa parcela de culpa nisto.

    Estes também não têm gestão quase nenhuma,salvo algumas exceções,ai o cara sai abatendo fêmeas,como se fosso a coisa mais normal do mundo,Fio boi não pare!

    O boi não pode,ou não deve ser meramente olhado como “o boi”,deve ser olhado como um animal de onde irá originar alimentos,é preciso que tenha cuidado,padrão,de peso,de cobertura,higiene,é preciso cuidar do couro,dar vacinas no tempo certo,só vender após o correto tempo posterior as vacinas,e ai vai….todos conhecem bem o discurso.

    O nosso seguimento passa por grande depuração,ainda não acabou,vamos ver mais empresas encerrando suas atividades,e ainda vamos os impérios da carne se agigantar um pouco mais.

    Se os empresários do setor não tomarem a firme decisão de saírem da selvageria das commodities,vão quebrar todos,ainda que sejam impérios (não se esqueçam de Roma).Há duvidas?

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

  15. Alfredo Augusto porto Oliveira disse:

    A participação em um mercado “livre” está sujeita a forças diversas que podem favorecer ao caos, destacando ações monopolistas e favorecimentos oficiais. Como forma de resistência, é importante o fortalecimento dos diversos elos da cadeia produtiva e de sua integração. No caso dos frigoríficos, é importante a participação de sua clientela, formada pelos criadores, no processo administrativo e funcional da empresa. Os frigoríficos devem ser mais abertos, incluindo a participação societária dos criadores/clientes, superando os conflitos gerados na comercialização do boi e aplicar uma visão de futuro.

  16. NICANOR JESUINO JÚNIOR. disse:

    Pelo andar da carroça, daqui uns dias vamos ter calote até no boi pagoavista leia-se : boiada pesada no curral _ digo na balança – paga e so depois que consultar o gerente do bb ou do basa é que libera os bois. o oligopolio em qualquer circunstancia é altamente prejudicial para a os produtores rurais e para o restante da concorrencia….. o margrig e o friboi estão alicerçados pelo bndes…. e com um padrinho deste até eu ficaria bem na foto. aqui , o jbs esta comprando 1 a 2 vacas ou bois, por fazenda , e carregando para a industria… e os custos dos fretes …onde ficam? deve ser por conta do bndes. tomara que o minerva consiga entrar no bndes para ajudar a concorrencia.

  17. NICANOR JESUINO JÚNIOR. disse:

    ALFREDO LOUZEIRO DE RONDONIA – Há muitos anos dedico a atividades rurais e ambiantais no SUL DO PARÁ………… como pode … os frigorificos sabem que vão quebrar ou já estao quebrados e continuam comprando ,,, insistindo,,, e nos vendendo… O FRIGO MARGEM – DEU O MAIOR TOMBO NO TOCANTINS E NO SUL DO PARÁ e … continua em Rio Verde – Go e os seus donos la comendo ,bebendo.. como se nada tivesse ocorrido.. e os nossos cheques carimbados 2 vezes e guardados em nossas gavetas. talvez tocar um frigo é menos complicado do que penso…

  18. eduardo barbosa strang disse:

    O capital de giro desses pequenos frigoríficos é muito curto e não há interesse em financiar os pequenos nem as plantas velhas. É mais fácil financiar megaprojetos e deixar à mingua os pequenos e médios. Parte do problema vem da idéia de que o governo gera empregos um financiamento de uma planta nova dá midia; já o capital de giro dá fôlego e não tem como anunciar “graças ao governo nova indústria gera x mil empregos” ou “o governador fulano trouxe conseguiu x mil novas vagas de trabalho”.
    Para os que gostam de teoria da conspiração vem aí a CARNEBRÁS ou BR MEAT…

  19. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Prezado senhor Danilo Machado Fontenla

    Na parte em que o senhor diz:

    “Apenas retificando o que foi dito acima, em contato recente com pequenos varegistas, me foi dito que as margens operacionais da carne no varejo são muito baixas, trabalhando até com margem 0 como estratégia para atrair os clientes que comprarão produtos com margem muita mais alta por impulso. Outra vantagem é que os varegistas compram a carne com prazo de 21 a 30 dias e vendem à vista em curtíssimo prazo, financiando uma grande parte de suas operações.”

    Tal informação que lhe foi passada de que o varejista opera com margens baixíssimas ou até 0% de margem,não procede.

    As medias redes operam de fato com margens inferiores as grandes redes,porém é comum verificarmos margens brutas que variam entre 35 e 80%,em media,sabendo-se que as medias redes operam com uma perda calculada em torno de 15 a 20% de quebras variadas,sangue,refile,roubo,perdas em câmaras,balcões de serviço e auto serviço com problemas,manipulação inadequada,e ai vai…

    Já há bastante tempo os supermercadistas deixaram de trabalhar com margens pequenas em carnes,mesmo nas promoções,nesta situação eles tendem a comprar aquilo,ou aquele corte que mais esta sobrando nos frigoríficos,e saibam,eles têm grande experiência em negociar bons preços e sabem mais do que ninguém operar com margens positivas mesmo nos cortes promocionais.

    O prazo de 21 dias acontece,mais é praticamente impossível uma empresa frigorífica,nos dias de hoje bancar 30 dias de prazo,visto que o pecuarista cada vez busca negociar seu gado a vista,assim sendo,se o frigorífico resolver conceder 30 dias de prazo,ele terá um hiato,entre a compra e o pagamento de 27 dias,isso considerando que este frigorífico pagou a vista com 7 dias para o pecuarista,não é fácil comprar assim hoje,hoje o a vista é:o dinheiro precisa estar na conta do pecuarista no maximo 2 dias após o abate.

    A tendência e o prazo suportado,nas vendas,pelos frigoríficos caia ainda mais,o peso do giro é muito grande e dinheiro custa muito caro.

    Outra coisa que me chamou a atenção em sua carta foi a afirmação de que:

    “Esse custo do capital de giro inviabiliza que os médios e pequenos invistam em produtos de maior valor agregado, pois os equipamentos são caríssimos e o metro quadrado para se construir qualquer área frigorificada custa muito caro. Então se eles já tem que investir milhôes somente para girar a planta, dividindo o lucro com bancos, como eles poderão retirar ainda mais capital para investir em novos produtos?”

    Bom,para iniciarmos este tema,precisamos saber que para se começar a agregar valor em nosso seguimento não exatamente,no primeiro momento,lógico,são necessários grandes investimentos,para começar a se agregar valor aos produtos,podemos iniciar dando forma de indústria de alimentos à coisa chamada frigorífico,a partir daí podemos começar a mudar a cara daquilo que ofertamos aos nossos clientes:

    Ao simples fato de classificarmos as carcaças,agregado a isso, se classificarmos os cortes de forma diferenciada,com padrão: peso,cobertura,espessura,toalete,embalagem,formas de vendas técnicas,marketing (layoutização,abordagens,degustação,etc…),exposição diferenciada na área de vendas,e outras cositas mais…tudo muito barato,podemos desta forma dar inicio a agregação de valores ao produto,além de iniciarmos (este é primeiro passo) o trabalho de descommoditização da carne.

    Ainda é possível agregar valores as carnes indústrias,bife do vazio,cupim,diafragma,lombinho,miúdos,e ai vai….o que pode mais possível é trabalhar achando que da mesma maneira que se operava um frigorífico no tempo do vovô,ainda seja viável operar hoje.

    Quem deseja entrar neste seguimento,ou quem já esta,precisa saber,abater boi (vaca),e pensar que ganhará dinheiro com cortes primários (traseiro,dianteiro e PA),couro,vísceras e subprodutos,melhor procurar outra coisa para fazer,porque desta forma já nascerá morto.

    Bem,relativo ao valor da @ do boi,se cortes primários são commodities,o boi sendo mais primário é muito mais commoditie ainda.

    Definição de commoditie = oferta e procura.

    Procura aumenta preço sobe,oferta aumenta preço cai.

    Sendo o pecuarista esta longe de ser culpado,até porque o bezerro esta pela hora da morte,a relação de troca hoje é muito ruim para quem engorda,talvez esteja bom para quem cria,tenho duvidas.

    Ainda relativo aos investimentos,tem um ditado antigo que diz: “quem não pode não se estabelece.”

    Não conheço nenhum desavisado neste ramo,todos os donos de frigoríficos que conheço conhecem muito bem o que é frigorífico,e quanto custa te-lo e mante-lo.

    O que esta atrapalhando os donos de frigoríficos neste momento é a mudança que esta de certa forma vindo de forma continua e rápida.

    Rápida agora,porque de fato a mudança já começou a algum (bastante) tempo,mais infelizmente muitos não se atentaram para isso,muitos dos donos de frigoríficos são grandiosamente incrédulos,além do que cercaran-se de pessoas pouco qualificadas,daí outro ditado: “Cego guiando cego,terminam os dois na cova.”

    Mas concordo com o senhor que quem entra neste ramo para ser dono de frigorífico,não pode e não deve fazer do seu negocio uma instituição de caridade.

    Mas é isso,o importante é discutirmos o setor,quanto mais pessoas participam,mais chance temos de encontrar o melhor caminho.

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

  20. naves jose bispo disse:

    O jeito eh vender so a vista,porem em uma ultima negociaçao com o jbs a boa, embarquei na terça,o gado moreu na quinta e so recebi na terça e esta operaçao e tratada pelos bacanas como operaçao a vista,de a vista mesmo so desconto no preço.a vista tem que ser no ato,nao me venham com a alegaçao de logistica,hoje se paga alguem em horario bancario via internet em 5 minutos ,ora bolas.

  21. Marcelo Alexandre de Oliveira disse:

    Dois itens explicam facilmente a quebradeira em Mato Grosso:
    Incompetencia administrativa e falta de honestidade, haja vista o Margen e o Arantes.
    Enquanto eles ficam chorandoque o BNDES nao da dinheiro, eles continuam comprando carros impotados, fazendo festas de 15 anos pra parar a cidade.
    Sempre quem paga o preço da ma administracao deles sao os funcionarios que apos 2 anos ainda nao receberam sequer suas rescisoes.
    Enquanto o setor estiver nas maos de bandidos a quebradeira vai continuar, porem os principais culpados nunca vao ser devidamente responsabilizados e punidos.

  22. Danilo Machado Fontenla disse:

    Prezado Sr. Evándro,

    Só gostaria de esclarecer que quando me refiro a produtos de maior valor agregado, não estou me referindo à cortes primários e nem tão pouco a cortes desossados classificados, pois isto já virou o básico para sobrevivência a muito tempo.
    Para se agregar valor, estamos falando de industrialização, como ocorre hoje de forma sustentável com outras proteínas (aves e suínos).
    Para citar exempos:
    – Supergelados (hamburguer, kibe, almondega, etc.) – o giro freezer tem um custo altíssimo, além dos moedores e formatadores.
    – Mortadela – Demanda altos investimentos em estufas.
    – Porcionados – Para serem feitos em escalas industriais e com o rendimento necessário demanda porcionadoras importadas com sistema de scanner ou prensas.
    – Cortes temperados semi-porcionados – O investimento na injetora e tambler é acessível, porém a termoformadora encarece demais o investimento inicial.
    – Carne moída – Demanda moedor, misturador/homogenizador e uma embutideira automática de paletas.
    Esses são somente alguns exemplos reais de agregação de valor, existem vários outros, mas que também demandam altos investimentos, como o beef jerk.

    Concordo plenamente que esse seja um dos caminhos para a reestruturação do nosso mercado, mas não é tão simples como parece, ainda mais sem linhas de crédito viáveis para os pequenos e médios.

    Lembrando também que as ações de marketing não têm nada de baratas, pois mesmo uma simples degustação e panfletagem em supermercados demanda altos custos de bônus as redes varegistas.

    Com relação às margens e prazos, me desculpe, mas supermercados vendendo contra-filá a R$8,90 (grandes redes) eles não estão com NENHUMA margem em cima do produto (entendam como margem LÍQUIDA, pois margem bruta não significa nada sem considerarmos os custos operacionais e impostos). Infelizmente não existem mais as margens de 30% (salvo produtos especiais), pois se existissem os varegistas teriam muito mais respeito pelas indústrias frigoríficas. E as vendas no atacado ainda ocorrem sim com 21 dias de prazo. Somente os pecuaristas conseguem receber à vista.
    Como você mesmo mencionou se torna muito caro sustentar esse capital de giro.

    Agradeço muito pelos comentários e creio sim que com comunicação teremos maiores possibilidades de direcionarmos nosso ramo de forma mais saudável.

    Atenciosamente,
    Danilo M. Fontenla

  23. Paulo Henrique Gazola disse:

    O congresso deveria abrir uma CPI para investigar porque somente JBS e Marfrig se beneficiam de dinheiro público. Qual a ligação do governo federal (PT) com as empresas escolhidas.

  24. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Prezado Danilo Machado Fontenla,

    Este debate é profícuo para o setor,porém,me parece que o primeiro passo precisa ser dado.

    Nem todos os frigoríficos fazem classificação das carcaças,muito menos ainda à classificação de cortes.

    Marketing é muito barato,e trás retorno.Vendas técnicas,treinamentos aos manipuladores dos açougues dos supermercados,carne bem trabalhada,ética,buscando dar inicio a descommoditização dos cortes é relativamente simples.

    Em momento nenhum falei em grandes redes,as margens doas mesmas superam os 100%,as promoções feitas por eles são embasadas em grandes negociações de volumes em corte específico,e o que embasa os baixos preços por eles ofertados momentaneamente neste ou naquele corte são os ditos “descontos financeiros”,que variam entre 15% Carrefour e 20 ou 22% no Wal Mart.Ou seja as vendas dos demais cortes,que não estão em promoção bancam aquele corte,que naquele momento,encontra-se em promoção.

    Visto isso,os descontos financeiros,não é incomum as redes operarem com margens inferiores ao custo.

    Outros tipos de industrialização mais primárias ao que o senhor se refere,alias este é o caminho,são possíveis e bastante baratos.

    Filetação,pré-preparados,moídas e jarked são baratos,investimentos de baixo custo e de longo prazo,com retorno relativamente rápido

    O caminho é sem duvidas a industrialização máxima,mas volto a afirmar,não existe segundo passo sem que dê o primeiro.

    A meu ver o foco não são as grandes redes,mais sim as medias e pequenas redes,o food service e até mesmo o house service (vendas diretas as donas de casa com entregas em suas residências),modalidade nova ainda não utilizada pelas empresas do ramo.

    Antes de pensarmos em industrialização no formato delineado pelo senhor,é muito mais importante,a meu ver,discutirmos a transformação da coisa chamada frigorífico em indústria de alimentos.

    Transformar frigorífico em indústria de alimentos é antes de buscar industrialização ao nível proposto pelo senhor,é buscar transformar a cabeças das pessoas,desde o dono do hoje chamado frigorífico,passando pelos diversos cargos intermediários dos diversos departamentos.É preciso imprimir a mudança desta cultura ultrapassada de frigorífico para indústria de alimentos.

    Venho de uma grande empresa frigorífica que tem isto que o senhor esta falando,mas ainda não conseguiu mudar a cultura de frigorífico,têm que é necessário a uma indústria,tudo que o senhor se referiu,fisicamente,mais ainda pensam da forma mais ortodoxa possível,são vendedores de commodities.

    Se começarmos a pensar muito adiante,inviabilizamos qualquer idéia de transformação do nosso setor.

    Maravilha,vamos continuar a fomentar o debate das idéias.

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.