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Posição da carne bovina americana sem hormônios na Europa enfrenta obstáculos

As exportações de carne bovina de alta qualidade dos Estados Unidos à União Europeia (UE) vêm crescendo bastante, mas poderia em breve enfrentar um novo obstáculo significativo.

As exportações de carne bovina de alta qualidade dos Estados Unidos à União Europeia (UE) vêm crescendo bastante, mas poderia em breve enfrentar um novo obstáculo significativo.

Pelo acordo, negociado com os Estados Unidos em 2009, a UE abriu uma cota de importação livre de tarifas para a carne bovina produzida de animais não tratados com hormônios, que são criados sob condições específicas de alimentação e classificação. As importações da UE de carne bovina dos Estados Unidos eram anteriormente sujeitas à tarifa de 20% sob a cota Hilton, de forma que a remoção da tarifa levou ao rápido aumento dos envios americanos: de 9.330 toneladas no primeiro ano, para 17.664 toneladas durante o ano mais recente concluído da cota (1 de julho de 2013 a 30 de junho de 2014).

Tendo fornecido 17.664 toneladas no ano passado, a indústria dos Estados Unidos parecia ter um espaço grande para mais crescimento, mas esse não é o caso. Apesar de se tratar de um acordo bilateral entre UE e Estados Unidos e UE e Canadá, a cota não é reservada exclusivamente a esses dois países.

Quando o acordo entre UE e Estados Unidos foi negociado, os conselheiros legais de ambos os governos assumiram a posição de que se a cota fosse aberta somente à carne bovina americana, outros fornecedores poderiam tomar ações ante a Organização mundial de Comércio (OMC).

Com essa expansão de fornecedores aprovados, alcançar toda a capacidade da cota é uma preocupação séria. As importações totalizaram 41.335 toneladas no último ano completo da cota, equivalente a 86% de capacidade. Nos primeiros anos de existência da cota, os Estados Unidos foram responsáveis por mais de 75% do volume importado pela cota. Porém, no último ano, como resultado de sua expansão agressiva da produção de carne bovina produzida com grãos e escassas ofertas dos Estados Unidos, Austrália e Uruguai tiveram um uso combinado da cota de 57%.

A cota atual termina em 30 de junho de 2014, mas a capacidade poderia se tornar um problema bem antes dessa data. A cota é administrada em uma base trimestral, com uma distribuição de 12.050 toneladas reservada para cada trimestre. Com os volumes expandindo firmemente dos Estados Unidos, Austrália e Uruguai, o volume distribuíd poderia ser alcançado antes desse trimestre terminar, em 30 de setembro. A entrada da Argentina no mercado no final desse ano colocará mais pressão sobre esses volumes trimestrais.

A oferta relativamente escassa de bovinos dos Estados Unidos e especificamente de animais não tratados com hormônios resultou em preços recordes premiums para esses animais. Após se manterem firmes em US$ 180 a US$ 200 de 2010  2013, os premiums recentemente ficaram por volta de US$ 200 – com alguns relatos de terem alcançado US$ 300.

Com alguns itens de carne médios dos Estados Unidos sendo vendidos com premiums de 50-80% acima do próximo produto com preço mais alto oferecido na Europa, a indústria dos Estados Unidos está perdendo uma oportunidade lucrativa em não enviar um volume maior à UE. Com a cota sem tarifas agora se aproximando de sua capacidade total, novas oportunidades de crescimento serão limitadas.

“Com esses premiums grandes sendo pagos, é destacável que a demanda por carne bovina sem hormônios tenha se mantido tão robusta na Europa”, disse o diretor regional da Federação de Exportações de Carnes dos Estados Unidos (USMEF) para Europa, Rússia e Oriente Médio, John Brook, “A carne bovina dos Estados Unidos tem o maior preço no mercado da UE, mas a demanda continua crescendo, porque não há simplesmente outro produto disponível que tenha a mesma qualidade e consistência”.

Fonte: Beef Magazine, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

 

1 Comment

  1. Jose Ricardo S Rezende disse:

    O uso de hormônios é proibido no Brasil e temos uma agricultura e pecuária fortes, com escala e plenas condições técnicas e econômicas de produzir carne premium para este mercado. Ainda mais com estes preços. E temos uma industria frigorífica moderna e extremamente competitiva. Mas a verdade é que o Uruguai estruturou melhor que nós a rastreabilidade do rebanho, abrangendo 100% dos animais, e agora vem explorando as oportunidades. Também é verdade que eles dependem muito mais das exportações de carne do que nós, o que pode explicar porque avançaram mais no atendimento das exigências dos importadores. Mas se queremos continuar crescendo o mercado externo será cada vez mais importante. Esta na hora dos elos da cadeia produtiva sentarem para conversar como podemos atender as exigências dos compradores que pagam melhor. Chega de um elo contra o outro. O que podemos fazer para ampliar a rastreabilidade do rebanho? Com ajustes minimos nas regras do atual SISBOV, que podem ser feitos em poucos dia, sem nenhum investimento adicional e sem nenhuma mudança das garantias oferecidas aos importadores, podemos dobrar o volume de animais rastreados a curto prazo (12 meses). Isto sem invalidar alterações mais profundas a medio e longo prazo. Logico que sempre teremos disputas de preços entre fornecedores e clientes, que devem ser resolvidas dentro da livre concorrência. Mas temos que tratar de muitos outros interesses comuns. Não podemos continuar focando apenas nos atritos entre os elos da cadeia produtiva.