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19 de novembro de 2001
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21 de novembro de 2001

Possível contrabando de gado põe em risco o controle da aftosa em MT

A denúncia sobre a entrada de gado da Bolívia – área de alto risco de febre aftosa – na fazenda Itaporã, em Vila Bela da Santíssima Trindade, a 562 km a oeste de Cuiabá (MT), levou o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea/MT) a interditar a propriedade e a autuar o fazendeiro, cujo nome não foi divulgado. Embora não tenha sido confirmado sintoma da doença entre os 260 animais da propriedade, a situação alerta para a fragilidade da estrutura do sistema de combate à aftosa.

A denúncia foi feita por outros fazendeiros da região da Ponta do Aterro, que fica na fronteira seca de Mato Grosso com a Bolívia. Dois médicos veterinários do Indea/MT e um da Delegacia Federal de Agricultura (DFA) estiveram na propriedade para averiguar a denúncia e inspecionar as 260 cabeças da fazenda Itaporã.

A suspeita sobre a entrada de gado sem documentação sanitária na fazenda mobilizou os técnicos do Indea/MT que estão trabalhando na campanha de vacinação contra aftosa, iniciada em 1º de novembro. Veterinários foram deslocados para a propriedade para checar a informação. Segundo os técnicos, o ideal seria fazer flagrantes, mas a extensão da fronteira e a falta de equipamentos para comunicação dificultam uma vigilância sanitária mais eficiente.

Até ontem, a assessoria jurídica do Indea/MT não havia recebido a defesa do proprietário da Itaporã. Enquanto a propriedade estiver interditada, nenhum animal pode entrar ou sair de sua área. A fazenda continuará sob vigilância permanente das autoridades.

“Apesar de todos os esforços que o Mato Grosso tem feito para controlar a febre aftosa, casos como esse expõem nossa fragilidade e a nossa total dependência da consciência do pecuarista para continuarmos livre da doença”, afirma um profissional que há muitos anos trabalha com sanidade animal no Estado mas que prefere não se identificar.

A área de fronteira seca soma 720 km – separando Mato Grosso da Bolívia – e tudo o que atravessa de um lado para outro é fruto de contrabando, pois não há controle aduaneiro. A competência para investigar contrabando é da Polícia Federal. Apesar de todas as dificuldades para controlar a entrada de gado boliviano em território mato-grossense, o Indea/MT mantém duas equipes volantes atuando na fronteira durante 22 dias do mês. Em casos de emergências, as equipes utilizam avião para chegar às áreas de difícil acesso. Cada equipe é formada por dois médicos veterinários e dois policiais florestais.

A campanha de vacinação contra a febre aftosa como a que está em curso em Mato Grosso custa em torno de R$ 16 milhões, estima o diretor técnico do Indea/MT, Rui Schneider. Mais de 90% dos gastos com a campanha saem dos bolsos dos criadores, que estão pagando, este ano, R$ 0,75 por dose da vacina. Como a estimativa é de que sejam vacinados no Estado aproximadamente 19 milhões de cabeças (o total do rebanho cadastrado no Indea/MT em 2001 é de 19,642 milhões de bovinos), só com a aquisição de vacinas serão gastos R$ 14,250 milhões.

Mato Grosso tem alcançado índices de vacinação acima de 97%, considerados “muito bons” pelas autoridades do setor de sanidade animal. O último caso de febre aftosa em Mato Grosso foi detectado no dia 26 de janeiro de 1996 no município de Colíder, a 648 km de Cuiabá.

Fonte: Diário de Cuiabá/MT, adaptado por Equipe BeefPoint

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  1. JOSÉ SALGUEIRO disse:

    O preço da dose de vacina, em Rondonópolis, é de R$0,80.