Mercado Físico da Vaca – 24/02/10
24 de fevereiro de 2010
Mercados Futuros – 25/02/10
26 de fevereiro de 2010

Poucos negócios, escalas curtas e arroba em alta

Mesmo passado o carnaval, o mercado do boi gordo ainda caminha a passos lentos, com pouca oferta e escalas curtas. Os produtores se mostram retraídos reduzindo o número de negócios nos preços atuais, por outro lado os compradores também evitaram elevar considerávelmente os preços pagos pela arroba e só aceitaram pagar mais aqueles que precisaram adquirir animais com urgência.

Mesmo passado o carnaval, o mercado do boi gordo ainda caminha a passos lentos, com pouca oferta e escalas curtas. Os produtores se mostram retraídos reduzindo o número de negócios nos preços atuais, por outro lado os compradores também evitaram elevar considerávelmente os preços pagos pela arroba e só aceitaram pagar mais aqueles que precisaram adquirir animais com urgência.

O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 77,44/@, na última quarta-feira, com valorização de 0,82% na semana (17/02 a 24/02). O indicador a prazo teve alta de 0,60%, fechando a R$ 78,54/@, no mês de fevereiro, até o momento, a variação acumulada é de 1,42%.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

O discurso do presidente do Banco Central dos EUA (Fed) deixou os mercados mais otimistas, segundo notícias do InfoMoney. Em seu pronunciamento semestral no Congresso norte-americano, o presidente do Fed, Ben Bernanke, salientou que o nível elevado da taxa de desemprego continua sendo um fator de forte preocupação e que, apesar dos sinais de melhoria da situação econômica do país, o juro básico deverá se manter em níveis baixos por um longo período.

Por aqui, o Banco Central divulgou o fluxo cambial, mostrando que a saída de dólares superou a entrada em US$ 269 milhões nos 13 primeiros dias úteis de fevereiro. O resultado ocorreu graças ao saldo comercial, que ficou negativo em US$ 2,095 bilhões no período, ofuscando o saldo positivo de US$ 1,827 bilhão do saldo financeiro. No acumulado em 2010, o desempenho continua superavitário em US$ 806 milhões.

O Dólar (PTAX) compra terminou a quarta-feira valendo R$ 1,8195, uma retração de 0,60% ao valor registrado na semana passada. Com essa variação somada a alta do preço do boi gordo, levantado pelo Cepea, a arroba em dólares subiu para US$ 42,56 (+1,43% no período analisado). Em relação ao mesmo período do ano passado, quando a arroba valia US$ 33,67, a alta acumulada é de 26,39%.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista em R$ e US$

O mercado futuro terminou a semana em alta. O primeiro vencimento, que será liquidado esta semana, fechou a R$ 77,66/@ na quarta-feira, com valorização de R$ 0,57. Os contratos que vencem em março/10 apresentaram vairação positiva de R$ 1,65, fechando a R$ 78,15/@. Os vencimentos de outubro/10 e novembro/10 foram os que registraram maior variação +R$ 1,96, fechando a R$ 83,76/@ e R$ 83,79/@, respectivamente.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 17/02/10 e 24/02/10

Segundo as avaliações do Cepea, poucos agentes operaram no mercado pecuário nos dias posteriores ao carnaval. Apesar disso, os preços seguiram firmes no período, com oferta de animais para abate fortemente restrita devido ao recuo vendedor, a maioria dos frigoríficos consultados pelo Cepea trabalhou com escalas e volumes de abate reduzidos nos últimos dias. Mesmo aquelas unidades que geralmente se abastecem com animais de outras regiões encontraram dificuldade nas compras. A oferta de animais esteve restrita em qualquer patamar de preços ofertado por frigoríficos.

O leitor do BeefPoint, Humberto de Freitas Tavares, comentou que na região de Jussara/GO, a vaca gorda está sendo negociada a R$ 68,00/@, e novilha com peso acima de 12@ são cotadas a R$ 69,00, ambos os valores são livres de imposto e com 30 dias de prazo.

João Jacintho, informou que vendeu animais em Caçu/GO para um frigorífico paulista, a R$ 70,00/@ para pagamento à vista.

Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição – uma iniciativa do BeefPoint em parceria com a Bayer – para informar preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.

Segundo o Boletim Intercarnes, o mercado da carne se encontra estável, mas a demanda segue lenta e irregular desde o início da semana. A tendência esperada e de manutenção dessa estabilidade até que a procura melhore.

No atacado, o traseiro foi cotado a R$ 6,40, o dianteiro a R$ 3,90 e a ponta de agulha a R$ 3,30. O equivalente físico foi calculado em R$ 75,33/@ na quarta-feira, com valorização de 4,23% na semana. Diante da forte valorização do preço da carne no atacado, o spread (diferença) entre indicador e equivalente recuou para R$ 2,11/@, ficando abaixo da média dos últimos 12 meses que é de R$ 3,55/@.

Tabela 2. Atacado da carne bovina

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico

O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 601,21/cabeça, com queda de 0,97%. A relação de troca subiu para 1:2,13.

O leitor do BeefPoint, Antonio Pereira Lima, de Campo Grande/MS, nos enviou o seguinte comentário sobre o mercado sul matogrossense: “As águas no Pantanal estão subindo, muitos produtores já estão tirando o gado e este manejo forçado quebra o ciclo de produção. O produtor pantaneiro é um grande fornecedor de bezerros, os mais experientes já calculam uma quebra em torno de 300.000 bezerros, que pode ser ainda maior. A oferta já é menor que a demanda e a coisa pode piorar, quem precisa comprar não pode fazer corpo mole, se bobear fica na poeira. Desta vez o magro empurra o gordo, ou vai ou racha ou então arrebenta a boca da caixa”.

Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição – uma iniciativa do BeefPoint em parceria com a Bayer – para informar preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.

Exportação e abertura de novos mercados

“Temos que continuar aumentando nosso mercado externo”, afirmou o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, ao apresentar as prioridades de exportação do Brasil para 2010. “Hoje, somos grandes exportadores de produtos agropecuários, vendemos para quase 180 países, mas ainda temos mercados a serem abertos”, alertou o ministro.

Segundo Stephanes, as carnes são prioridades para este ano. As negociações para a venda de carne suína ao Japão, China, União Europeia e Croácia vêm sendo intensificadas perante esses potenciais compradores que, somados, podem importar US$ 49,7 bilhões ao ano. Para a carne bovina, o governo brasileiro pretende chegar a mercados como Taiwan, Malásia e Indonésia, que têm a Austrália como principal fornecedora e compram, anualmente, US$ 763 milhões. “A maioria das questões de abertura de mercado já vem sendo tratada há mais de cinco anos e acreditamos que há condições de avançar no sentido comercial”, comentou o ministro.

A estratégia de ampliação das exportações, em 2010, segundo o ministro, é a persistência. Ele ressaltou, no entanto, que este não é apenas um assunto do Ministério da Agricultura. “O governo tem que remover as barreiras sanitárias e fitossanitárias. Este ano, temos previstas 19 missões de negociações a 23 países. Além disso, vamos promover outras 12 missões comerciais, das quais a iniciativa privada vai participar, porque, cabe a ela efetivar os acordos comerciais com esses novos mercados”, disse.

Governo é contra taxação da pecuária

O Brasil não aceitará propostas para restringir a criação de gado como uma das medidas para controlar o nível de emissões de gases no setor agrícola global, avisou ontem o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Edílson Guimarães.

Ele representará o Brasil na reunião de amanhã e sexta-feira de ministros de Agricultura de 40 países na Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que terá no centro da agenda o vínculo entre agricultura e mudanças climáticas, com desdobramentos em futuras políticas nacionais e internacionais do setor.

O documento de base para os ministros coloca ênfase na questão climática, aponta a agricultura como responsável por uma parte significativa das emissões de gases de efeito estufa e diz que será “inevitável” sua contribuição para a mitigação do problema. No entanto, o texto de nove páginas não fala explicitamente em restrição da criação de gado. Basicamente, sugere nova nutrição para animais afim de reduzir as emissões de metano.

A delegação brasileira, porém, está alerta sobre os desdobramento da reunião ministerial de Paris. Países europeus já tentaram introduzir a proposta de restringir o uso de carnes durante reunião do G-8 na Itália, no ano passado. Houve um racha no grupo dos ricos porque os EUA, como grande produtor, freou a ofensiva europeia.

Na semana passada, a Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) propôs uma taxa ambiental para a pecuária pagar por estragos causados ao ambiente na produção de carnes.

Edílson Guimarães considera problemáticas as sugestões que teriam sido feitas por países ricos para restringir a criação de gado por razões ambientais. “O Brasil é credor em termos de emissão de gases, portanto nossa agricultura não pode ser acusada”, disse.

Bancos cobram garantias no momento em que Independência tenta se reerguer

O frigorífico Independência pretende concluir no início de março emissão de títulos no valor US$ 150 milhões no mercado internacional. Segundo noticiou a Agência Estado, a operação foi aprovada pelos credores financeiros em reunião realizada a portas fechadas na última sexta-feira. O procedimento de recolhimento de ofertas deve ter início nos próximos dias. Em road show realizado nos Estados Unidos e na Inglaterra, o interesse apresentado pelos papeis teria sido grande, segundo fonte próxima à empresa.

Com os US$ 150 milhões que serão captados, o frigorífico terá condições de efetuar o pagamento de R$ 100 milhões previsto para 31 de março a pecuaristas e dar continuidade ao seu plano de recuperação judicial e colocar em atividade as plantas que estão paralisadas.

Ainda de acordo com a fonte, a vitória do banco JP Morgan na Justiça de Nova York, determinando a execução de garantias pessoais dadas pelos acionistas da empresa, não interfere no processo de recuperação da companhia. Ao final do ano passado, o banco, representado pelo escritório de advocacia Felsberg e Associados, ganhou ação pedindo a execução da família proprietária do Independência. Segundo fonte próxima ao JP Morgan, outras instituições bancárias também estudam pedir a execução de garantias dos acionistas.

Marfrig aumenta mix de produtos (boi, frango, suíno, ovino, perú, pato) e investe no Peixe

Nesta semana, a Marfrig Alimentos S.A. comunicou que está em negociação com o Grupo Globoaves para aquisição ou arrendamento de duas plantas frigoríficas de pequeno porte aptas ao abate de frango caipira e pato, o que inclui os negócios de frango caipira, com a Marca Nhô Bento e de pato, com a Marca Germânia.

Segundo a empresa, a negociação ainda depende de processo de “Due Diligence” e não possui qualquer caráter vinculativo. “A Marfrig considera ser estratégica a ampliação de sua atuação em aves no Brasil através de negócios em frango caipira e pato, diversificando a gama de produtos da divisão Nova Seara, que concentra sua atividade em aves, suínos e industrializados no Brasil”, finalizou o comunicado assinado pelo diretor de planejamento e de relações com investidores por Ricardo Florence.

A Seara, empresa do Grupo Marfrig, irá patrocinador o Santos Futebol Clube em 2010. Com o patrocínio, a Seara objetiva ser reconhecida ainda mais pelos consumidores com uma marca de produtos de alta qualidade, práticos e saborosos, unindo sua imagem ao clube santista em um momento importante e de ascensão da equipe, que conta com diversas estrelas em seu elenco, como Robinho, Neymar e Paulo Henrique Ganso. A marca Seara estampará pela primeira vez o uniforme do Santos no jogo com o Corinthians, no dia 28/02, na Vila Belmiro.

BNDES x JBS: investimento, polêmica e preocupação não param de crescer

Há duas semanas, a JBS S.A, maior empresa de carnes do mundo, colocou à venda um pacote de dois milhões de debêntures no valor de R$ 3,48 bilhões. Sem o aparente interesse do mercado financeiro, a BNDESPar, empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, comprou 99,9% dos papéis. Os outros acionistas, entre eles a família Batista, dona de 59% do grupo JBS, adquiriram 0,05% da emissão e ainda restou uma sobrinha de 523 papéis que ninguém se interessou em comprar.

A operação foi feita para viabilizar o pagamento da última aquisição da companhia nos Estados Unidos: a Pilgrim”s Pride Corporation, destaque no mercado americano de frangos, que enfrentava dificuldades financeiras. A entrada no mercado americano foi o passo mais ousado de uma trajetória internacional iniciada em 2005, com a compra da Swift argentina, e que contou o tempo todo com o apoio do BNDES.

Ávido por viabilizar multinacionais brasileiras, tarefa que ganhou da política industrial traçada no governo Lula, o BNDES já colocou pelo menos R$ 7,5 bilhões no JBS. O apoio ao frigorífico supera outras operações emblemáticas, como os R$ 2,6 bilhões para o casamento Oi/Brasil Telecom.

A aparente predileção do BNDES pelo JBS levou o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, a endereçar uma carta ao presidente do banco, Luciano Coutinho. Ele diz reconhecer os méritos do Friboi – que também incorporou o segundo maior frigorífico nacional, o Bertin, em 2009, com a bênção do BNDES -, mas critica a intervenção do banco.

“O grande pecado do BNDES é o excesso. O País tem outras prioridades, por que jogar tanto dinheiro numa só empresa? Não há somente ela no mercado”, reclama Salazar. Segundo ele, a concentração está impondo a rendição dos pequenos e médios frigoríficos à incorporação do JBS e limitando as opções de venda dos criadores.

Entre especialistas, a trajetória acelerada também é vista com reservas. Analistas ouvidos pelo Estado afirmam que o compromisso do BNDES com a subscrição total das debêntures da última operação pode ter viabilizado um prêmio menor do que atrairia o mercado, amenizando o impacto no endividamento da empresa. Os títulos comprados pelo BNDES deverão se converter em 20% a 25% de ações da JBS USA, subsidiária americana do grupo em preparação para a abertura de capital.

Nenhum dirigente da empresa aceitou conversar sobre o assunto, mas, em nota enviada por sua assessoria, Jerry O” Callaghan, diretor de Relações com Investidores, reconheceu que o BNDES é fundamental para a experiência internacional do grupo. “Sozinho, não teria sido possível (para o JBS). O apoio consistente do BNDES era fundamental para fazer a empresa chegar a ser hoje a maior companhia produtora de proteína do mundo e um orgulho para o País.”

Confira as opiniões dos leitores do BeefPoint sobre este assunto.

0 Comments

  1. Murilo Borges disse:

    Uma pergunta que fica no ar e porque o mercado financeiro nao quis adiquirir as debentures ? sera que essa mega empresa tem ou nao tem credibilidade no mercado financeiro para nao achar investidores ou qual e o interesse do bndes especifico nessa empresa ,acho que o mercado precisa dessa explicacao?oque seria do jbs sem o bndes ?

  2. regynaldo zavaglia junior disse:

    na decada de 70, só vimos qualquer ato parecido do governo, injetando no frigorifico Bordon todas as fichas do setor pecuario, deu no que deu !!!! todos nós pecuaristas perdemos.
    apesar de reconhecer que o Bordon foi o grande precursor das exportações !!!