O Sisbov completa uma década neste ano sem resultados expressivos no Paraná. De acordo com dados do Mapa, apenas 245 mil das 9,4 milhões de cabeças de gado do rebanho paranaense estão cadastradas no programa, 2,7% do total.
O Sistema de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos (Sisbov) completa uma década neste ano sem resultados expressivos no Paraná. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), apenas 245 mil das 9,4 milhões de cabeças de gado do rebanho paranaense estão cadastradas no programa, 2,7% do total.
No Paraná, segundo especialistas do setor pecuário, a política de fortalecimento do Sisbov nunca foi desenvolvida por conta de uma série de fatores. O principal motivo seria a falta de frigoríficos habilitados a exportar para países da União Europeia, que exigem o rastreamento para compra da carne.
No final de setembro, o frigorífico JBS Friboi de Maringá, única planta do estado estruturada para exportar a mercados como o europeu, fechou as portas, zerando os embarques estaduais em outubro, conforme o sindicato dos frigoríficos, o Sindicarne.
Os poucos animais que carregam o brinco do Sisbov são enviados para os frigoríficos de estados vizinhos. “O produtor se sentiu desestimulado. O Paraná virou um mero produtor de matéria prima, gerando emprego em outros estados”, explica Antonio Minoro Tachibana, responsável pela área de rastreabilidade dos bovídeos do Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária (Defis) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab).
Outra razão para o insucesso do Sisbov no estado é a passividade do consumidor interno. Não há pressão sobre os pecuaristas para adesão nem preço diferenciado para quem faz rastreamento isoladamente. “Acaba que a carne daqui é para consumo interno ou para exportação a países africanos, que não exigem o histórico do animal”, conta Minoro.
Para incluir todo o rebanho paranaense no Sisbov, os produtores paranaenses teriam que desembolsar inicialmente cerca de R$ 31,8 milhões para rastrear as 9,1 milhões de cabeças de gado restantes, já que cada unidade do brinco de identificação custa R$ 3,5.
Apesar da baixa adesão, pecuaristas paranaenses que aderiram ao Sisbov relatam que é possível obter vantagens com o gado rastreado. Em Guarapuava, no Centro-Sul do estado, a Cooperativa Agroindustrial Aliança de Carnes Nobres Vale do Jordão (Cooperaliança), criada em 2009, exige dos atuais e futuros associados que todo o rebanho esteja cadastrado no Sisbov. Os pecuarista recebem bonificação de até 7% por atenderem ao sistema de rastreabilidade, que inclui o uso dos brincos.
“A rastreabilidade traz confiabilidade do consumidor”, aponta João Arthur Lima, diretor comercial da Cooperaliança. Somando os rebanhos dos 64 associados, a Cooperativa conta com 9 mil cabeças de gado – 180 abates por semana. Os associados só não estão ganhando mais dinheiro porque a produção é limitada. “Se a cooperativa tivesse o dobro de produção de carne rastreada, tudo seria vendido”, relata Lima.
Para tentar diminuir a burocracia e evitar que o Sisbov continue “derrapando” no país, o Ministério da Agricultura (Mapa) planeja apresentar, ainda neste ano, um novo sistema de rastreabildade do rebanho bovino.
A expectativa é que a nova Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA), da qual o sistema fará parte, aumente a agilidade e reduza os custos do processo. O plano piloto no novo sistema do Sisbov será desenvolvido no Rio Grande do Sul.
Com a alteração do Sisbov, apenas duas regras serão obrigatórias: os 40 dias de permanência dos animais na fazenda e os 90 dias para propriedades que atendem exigências da União Europeia. De forma geral, a participação do Ministério da Agricultura nas relações comerciais do setor produtivo será a reduzida.
As exigências básicas, como vacinação, regras sanitárias e tributação, vão continuar sob fiscalização do Mapa. As decisões comerciais serão de responsabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), parceira do Mapa no desenvolvimento da plataforma.
No aspecto da rastreabilidade do animal, a comprovação será feita com base na nota fiscal, na Guia de Trânsito Animal (GTA) ou no brinco. O próprio produtor será o responsável por inserir as informações no PGA, tornando os dados públicos e aumentando a transparência do processo.
Outra mudança é a “facilidade” com que o produtor poderá incluir a sua área na lista de Estabelecimentos Rurais Aprovados no Sisbov (Eras). Não será mais necessário o laudo de uma certificadora. Apenas os dados do PGA irão atestar que o proprietário cumpre as exigências estabelecidas no processo.
O setor ainda desconhece qual será a avaliação de mercados como o europeu. Uma comitiva deve apresentar o PGA a autoridades europeias antes da implantação, ainda sem uma data definida. Nos últimos anos, até o Sisbov foi considerado ineficiente pelo bloco, considerado o mercado mais exigente do mundo em questões sanitárias.
Brasil tem entre as 2021 fazendas brasileiras certificadas pelo Ministério da Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e aptas a exportar carne para os países da União Europeia (UE), apenas 36 (1,7%) estão no Paraná. O estado está à frente apenas do Espírito Santos, onde 12 (0,6%) propriedades estão cadastradas. As fazendas com gado rastreado acabam remetendo seu rebanho a frigoríficos de São Paulo para que a carne seja exportada à Europa, conforme o setor.
O estado de Goiás, com 468 fazendas, lidera a lista do Mapa. Minas Gerais, com 447 propriedades, Mato Grosso, com 443, ocupam as posições seguintes. Apenas mais três federações possuem áreas aptas a exportar carne a UE: Mato Grosso do Sul (298), Rio Grande do Sul, (165) e São Paulo (152).
Fonte: jornal Gazeta do Povo, adaptada pela Equipe BeefPoint.
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Minha gente!
O mercado nacional está muito mais competitivo que o mercado externo. Paga-se muito bem aqui carne de qualidade. Esta carne que não damos conta é a mesma que é procurada no exterior.
Certificação só é considerado SEGURANÇA ALIMENTAR pelas próprias certificadoras que vendem este "peixe" para o consumidor repetir…
Acho extremamente oportuna a modificação e a diminuição da burocracia e dos custos no processo. Há um problema de autoridade sanitária no processo porque o MAPA ficava atrelado ao que as certificadoras fornecesse de informação e todo mundo sabe que a AUTORIDADE SANITÁRIA É O MAPA. Então, exigir mais que a própria inspetoria veterinária é um absurdo.
Não sou avesso a que se tome providências para que se busque um status sanitário consistente, pelo contrário, se o tema for este estou 100% de acordo e além de cumprir as normas sanitárias ajudo a divulgá-las aos meus colegas. O que não consigo engolir é que aqui no meu municipio, Santiago, RS, existem mais de 2500 propriedades e em TODO o Brasil apenas 2021. Trocando em miudos, se fossemos considerar apenas número de propriedades, faltariam ainda 479 propriedades no meu município para poderem exportar.
E porque tem tanta gente que percorreu todos os caminhos para rastrear a sua propriedade, com investimento, trenamento de mão de obra, dedicação e até hoje está esperando a visita de um fiscal do Mapa ou tem alguma inconformidade (como um brinco que não conferiu no lote)??
Uma coisa eu sei. Se eu quero comprar uma mercadoria, vou buscar onde tem. Selecionar a mercadoria será no momento da compra, em função do que temos para escolher e na maioria das vezes não temos o que escolher. Porque nós temos que nos preocupar tanto em vender um produto "x" com certicação "padrão" por um preço "m"?
Essa coisa que foi montada, chegou apenas para manipular o mercado e dar dinheiro para meia dúzia, as custas do nosso trabalho.
Buscar qualidade de produto é muito mais importante do que essa gororoba que inventaram para vender para a Europa.
abraço
Rasteabilidade exige competência e comprometimento. Procuremos profissionais competentes, que entendam de educação sanitária, manejo, insumos, fornecedores, sanidade animal , defesa sanitária animal ,contrôle de qualidade e fundamentalmente, da inspeção higiênico sanitária e tecnológica.
Assustei?. É verdade temos que afastar PHD,s de asfalto Ongs, Oscips e tal.
Essencial dizer ao produtor o porquê da necessidade, para onde vai ser expoirtada a carne
Qual o benefício social e monetário que vai gerar para êle.
Exige, endoutrinamento, parceria e educação. Exige comércio justo e solidário.
Exige que se afastem maus profissionais que vendem o faz de conta que eu rastreio
Para que o País não se envergonhe quando uma Missão de compradores nos visita.
Quase esquecia dos profissionais sérios de TI.
Uma grande dificuldade é que, êles não encontram profisionais de nossa área que possam
lhes informar o que queremos e como funciona a cadêia produtiva, fins criar um programa.
Programa que não pode ser acadêmico, caro e de difícil gestão.
Ronaldo Carvalho Santos é Medico Veterinário
Assesor Independente