Os integrantes da cadeia produtiva da carne no Paraná estão tensos com a chegada de uma missão veterinária da União Européia, que veio conferir o sistema de rastreabilidade no Brasil. A preocupação é com a possibilidade dessa missão recomendar o cancelamento das importações brasileiras de carne por não estar satisfeita com as mudanças ocorridas no sistema brasileiro, há cerca de seis meses.
No primeiro semestre deste ano, o País exportou 674 mil toneladas de carne bovina e faturou US$ 1,44 bilhões, dos quais 60% do faturamento vieram do bloco europeu.
A missão da UE chegou ontem ao país e vai visitar fazendas, frigoríficos, certificadoras, unidades de inspeção sanitária e postos de fronteira em sete estados brasileiros habilitados a exportar carne bovina. São três grupos técnicos, que incluem representantes da defesa e inspeção animal, que vão percorrer os estados do Paraná, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Espírito Santo.
No Paraná, a missão chega no dia 6 e fica por uma semana na região norte do estado, onde vai visitar dois frigoríficos exportadores de carne bovina em Maringá: Margen e Garantia. O frigorífico de abate de cavalos King Meet, em Apucarana, também será vistoriado. A missão visita ainda as fazendas que fornecem animais para os frigoríficos e uma certificadora em Londrina.
Para o presidente do Sindicato da Indústria da Carne do Paraná (Sindicarne), Péricles Salazar, há o receio de que a missão não aprove as alterações feitas no sistema de rastreabilidade brasileiro. Segundo admitiu o próprio Mapa, os representantes da UE rejeitaram essa alteração na última reunião ocorrida em junho, em Bruxelas. O diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Mapa, Nelmon Oliveira, adiantou que governo federal e produtores vão esperar o resultado da missão para implementar os ajustes no sistema.
A missão vai checar informações e procedimentos nas áreas de inspeção, saúde animal e o Sisbov. Segundo Salazar, antes o Ministério da Agricultura exigia a rastreabilidade de todos os animais, os que seriam vendidos para exportação e para o mercado interno. Com as dificuldades de implantação do programa e custos altos, o ministério decidiu que a rastreabilidade seria exigida somente dos animais que seriam abatidos com vistas à exportação.
Os europeus não gostaram dessa alteração e aproveitaram para reforçar a falta de credibilidade nas regras brasileiras, disse Salazar. Segundo ele, mudou o conceito que o país tinha no mercado internacional.
Fonte: Folha de Londrina/PR (por Vânia Casado), adaptado por Equipe BeefPoint